Arte no Mundo

Uma breve história do roxo na arte

Por Equipe Editorial - fevereiro 6, 2024
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Introdução

O roxo é uma cor que tem desempenhado um papel significativo na história da arte, evocando uma gama de significados e emoções ao longo dos séculos. Na antiguidade, a obtenção do corante roxo era um processo complexo e caro, o que o tornava um símbolo de riqueza, poder e prestígio. Na arte egípcia, o roxo era associado à realeza e à divindade, frequentemente utilizado em pinturas de faraós e deidades.

Durante o período Renascentista na Europa, o roxo continuou a ser valorizado como um símbolo de status, sendo utilizado em obras de arte para representar figuras aristocráticas e religiosas. Artistas como Leonardo da Vinci e Rafael empregaram o roxo em suas pinturas para transmitir nobreza e espiritualidade.

No entanto, foi no movimento artístico do século XIX, o Romantismo, que o roxo começou a ser explorado de forma mais expressiva e simbólica. Artistas como Eugène Delacroix e William Turner utilizaram o roxo para evocar emoções intensas e atmosferas misteriosas em suas obras.

No final do século XIX e início do século XX, o roxo foi amplamente explorado por artistas impressionistas e pós-impressionistas, como Claude Monet e Vincent van Gogh. Eles empregaram o roxo de maneiras inovadoras, capturando nuances de luz e sombra em paisagens e retratos.

No século XX, o roxo continuou a desempenhar um papel importante na arte moderna e contemporânea, sendo utilizado por artistas como Pablo Picasso e Henri Matisse para explorar questões de forma, cor e expressão emocional.

Hoje, o roxo continua a ser uma cor vibrante e versátil na arte, sendo utilizada por artistas de todo o mundo para transmitir uma ampla gama de significados e sensações, desde a espiritualidade e a introspecção até a ousadia e a originalidade. Sua presença na paleta artística continua a inspirar e cativar espectadores em todo o mundo.

Pintura rupestre mostrando cavalos malhados na caverna de Pech Merle, na França. Uma das primeiras evidências do pigmento roxo.
Pintura rupestre mostrando cavalos malhados na caverna de Pech Merle, na França. Uma das primeiras evidências do pigmento roxo.

O roxo surge pela primeira vez nas cavernas Neolíticas. O pigmento, produzido a partir de minerais como o hematita e o magnésio, era utilizado para retratar figuras de animais, como os cavalos malhados encontrados na caverna de Pech Merle, na França [foto acima].

É na Antiguidade, entre os povos fenícios, que o roxo adquire valor nobre: o pigmento, chamado púrpura de tíria, era extraído dos caramujos marinhos. A cor distinguia os cidadãos de altas classes e era amplamente valorizada por não desbotar e tornar-se mais intensa e brilhante quando exposta ao sol. As leis suntuárias proibiam o uso da cor pelos cidadãos comuns e a produção de animais que forneciam a tinta era rigorosamente controlada pelo Império Bizantino.

Tigela egípcia de cerca de 1550-1450 A.C., pintura com pigmentos azul e púrpura
Tigela egípcia de cerca de 1550-1450 A.C., pintura com pigmentos azul e púrpura

Em 1464, foi decretado pelo Papa Paulo II que a cor púrpura de tíria não deveria mais ser utilizada pelos sacerdotes. Assim, bispos e arcebispos adotaram o vermelho, simbolizando o sangue de Cristo, e o púrpura de tíria tornou-se comum entre intelectuais e professores universitários.

Virgem Maria e o Menino Jesus (1266-1320) - Giotto de Bondone
Virgem Maria e o Menino Jesus (1266-1320) – Giotto de Bondone

Entre os séculos 18 e 19, o roxo – especialmente a tonalidade violeta -, devido ao alto custo de sua produção, era ainda uma cor da aristocracia. Membros da alta-sociedade, como a Imperatriz Catarina da Rússia, eram frequentemente retratados em trajes púrpuras ou violetas. A cor era uma dentre as favoritas dos pintores pré-Rafaelitas, que utilizavam-na para criar cenas românticas.

Imperatriz Catarina, A Grande (1780) - Fyodor Rokotov
Imperatriz Catarina, A Grande (1780) – Fyodor Rokotov
purple
April Love (1856) – Arthur Hughes

Artistas impressionistas como Claude Monet nutriam grande afeição pela tonalidade violeta. Críticos e historiadores a apontarem este período da história da arte como “violettomania”. “Eu finalmente descobri a verdadeira cor da atmosfera”, disse Monet. “É violeta. O ar fresco é violeta.”

The Artist's Garden at Giverny (1900) - Claude Monet
The Artist’s Garden at Giverny (1900) – Claude Monet

Posteriormente, o violeta tornou-se a cor-símbolo do movimento sufragista, pertencente a Primeira Onda do Feminismo.

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