Artista da Semana

Arquitetura, tempo e espaço: Daniel Ashram

Por Equipe Editorial - fevereiro 26, 2014
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Daniel Arsham nasceu em Cleveland, Ohio em 1980 e atualmente vive e trabalha em Nova Iorque, Estados Unidos. Conhecido por transformar o rotineiro em algo espetacular e surreal e guiado por conceitos arquitetônicos, transita entre pintura, escultura, instalações, set design e performances de dança. ”De todos os produtos que os seres humanos fazem, a arquitetura é a maior e mais duradoura e importante forma de expressão cultural – é a única coisa que vai durar”, ele declara. Em 2007, desenvolveu o cenário para o espetáculo eyeSpace, o primeiro dos quatro que faria para a Merce Cunningham Dance Company, companhia lendária que outrora contou com colaborações de nomes importantes da arte como Robert Rauschenberg, Frank Stella e Bruce Nauman. Em 2011, criou uma vitrine-instalação para a flagship da marca Dior em NY e, em 2013, foi convidado para ilustrar para a série de Travel Books da marca francesa Louis Vuitton.

Atualmente ele está com uma exposição na Baró Galeria, Volcanic Ash, Rusted Steel que fica em cartaz até o dia 28 de março. Escute a entrevista que Arte|Ref fez com o artista em inglês, ou leia ela na íntegra em português:

Como você vê a arquitetura?

Para mim arquitetura é uma das expressões culturais mais relevantes que existe. De alguma maneira a arquitetura é a forma mais duradoura de expressão cultural, pois ainda podemos testemunhar grandes obras arquitetônicas feitas há milhares de anos atrás pelos Romanos, Gregos, Egipcios, Mayas, etc.

Muitos dos seus trabalhos dialogam com pintura, escultura, site-specif, instalação e também performance. Todos tem algo relativo ao tempo e espaço, e parece que você explora também materialidade e desmaterialidade. Conte-nos um pouco sobre  a escolha destes materiais duraveis – cristais, vidro, resina, fibra de vidro – com a arquitetura.

Muitos dos materiais que eu venho trabalhando ultimamente são materiais geológicos, como cinzas vulcanicas, cristais, rochas glaciais (ou rochas moutonnée) materias que recordam a um tempo geoleológico, e quando sou capaz de transformar este material em objetos tecnológicos  – como uma camera, um telefone, etc – o espectador é lançado e projetado, de uma certa maneira, para um tempo futuro e passado.

Que coisas (pessoas, artistas, movimentos, temas, musicas, viagens, lugares, poéticas) que mais influenciam seu trabalho ou seu último trabalho?

Eu diria que meu trabalho é formado por coisas diárias, coisas que vivencio durante minha rotina, coisas que vejo. Objetos são muito importantes no meu trabalho, e especificamente estes objetos que escolhi para as minhas obras nesta exposição são coisas que me fazem recordar de uma época de minha vida, por isso acabo escolhendo muitas vezes objetos do passado. Acredito que estes objetos são coisas que as pessoas trazem recordações, sentimentos, mas que não usam mais, como máquinas fotográficas antigas, telefones, computadores ultrapassados. A materialização destes objetos do passado por uma material que de uma certa maneira projetam um tempo futuro (como é o caso destes materiais geológicos), acredito que façam as pessoas aprofundarem seu olhar sobre o tempo.

Qual é, na sua opinição, o dever do artista na sociedade? 

Observar, prestar atenção, olhar cuidadosamente para algo, desconstruir e transformar. Alteração é a palavra chave para entender muito do meu trabalho, alteração da arquitetura, alteração do tempo. Eu sinto que os artistas são aqueles que de alguma maneira conseguem realmente olhar e digerir o que está acontecendo no nosso tempo e sociedade.

Quando você começou a se interessar pela arte?

Eu sempre fui meio interessado por artes, desde criança.

Como você vê a arte contemporânea brasileira?

Não posso dizer que sou um expert em arte contemporânea brasileira, mas conheço alguns artistas como Sebastião Salgado, os grafiteiros Os Gêmeos e artistas como Vicky Muniz. Penso que o Brasil tem uma cultura que entende bem os materiais, como bricolagem, que trabalha com símbulos que remetem a outras coisas. Isso acontece por exemplo no trabalho de Vicky Muniz e dos Gêmeos, onde eles usam  coisas, ressignificando-as.

Como você sente a receptividade de suas obras no Brasil? 

Eu acho que Brasil, diferente de muitos outros lugares, é bem acessível quanto à arquitetura. Em diferentes aspectos a arquitetura é parte integrande da cultura, o que não existe necessáriamente nos EUA, de onde venho. Acho que por isso  as pessoas tem um entendimento maior sobre como a arquitetura intervém na sua vida cotidiana, portanto meu trabalho (que brinca com uma outra arquitetura) é frequentemente, ou pode ser, mais impactante para vocês.

Por Clarissa Ximenes

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