O Metropolitan Museum of Art realizou a exposição Cristóbal Villalpando: Mexican Painter of the Baroque. A mostra foi organizada pela curadora do museu, Ronda Kasl, por Jonathan Brown do Institute of Fine Arts, NYU, e por Clara Bargellini, do Instituto de Investigaciones Estéticas, Universidad Nacional Autónoma de México.
A exposição faz parte de um projeto maior, iniciado em 2014, que consiste em apresentar arte da América Latina colonial no MET. Essa é a primeira exposição de arte mexicana no museu desde 1990. A mostra se conecta à duas outras exposições: a Collecting the Arts of Mexico, coleção permanente aberta em 2015, e a exposição que abrirá em 2018, Pinxit Mexici, dedicada a arte do século XVIII, da Nova Espanha (México).
Villalpando é considerado o mais importante pintor mexicano do século XVII. A exposição no museu propôs oferecer uma nova reflexão sobre a grandeza e caráter do artista, além de sua importância social e intelectual dentro do contexto das tendências artísticas do México da segunda metade do século XVII.
Onze obras foram selecionadas para essa exposição, dentre as quais o estonteante painel, recentemente restaurado, de 9 metros de altura que veio da Catedral de Puebla, cidade localizada ao sudeste da Cidade do México. Principal obra da exposição, Moisés e a serpente de bronze e a transfiguração de Jesus (1683) impressiona não só pela sua escala monumental mas, segundo especialistas, pela audácia da sua concepção e execução. Para a obra ser exposta no MET a pintura precisou ser toda desmontada.
O MET expôs o painel na ala conhecida como Lehman Wing, um espaço onde as galerias foram projetadas especificamente para refletir o ambiente da casa da família Lehman.[1] A sala das galerias fica em torno de um pátio e uma claraboia central. Possivelmente era o único lugar do museu que a pintura poderia ser exposta, e que permitia aos visitantes olhar a pintura de diversos ângulos – principalmente a parte de cima–, como nunca visto antes.
O mais incrível para mim foi poder acompanhar a desmontagem do painel. Quatro caixas gigantes foram feitas para a obra poder viajar para os Estados Unidos. A obra só pode voar de avião cargo, porque a altura das caixas excedia o tamanho permitido em um avião convencional. Cinco andaimes e uma equipe gigantesca de montadores, embaladores, curadores, conservadores, e até mesmo o padre da Catedral acompanharam o processo. Primeiro, a moldura foi retirada; laudos de conservação foram realizados, e depois os pedaços da moldura foram embalados, dispostos e organizados de maneira segura dentro das caixas. Depois que toda a moldura foi retirada, a tela foi removida da parede com a ajuda de um guindaste. O chão foi forrado com os materiais específicos de conservação que enrolaram a tela. Assim que todos os grampos que prendem a tela foram removidos, o fundo da tela foi aspirado. Depois de tudo isso, os conservadores então enrolaram a tela. Repetindo-se o processo com a outra parte da obra. As caixas que acomodariam as pinturas eram tão grandes que não passavam pelas galerias do museu. Foi preciso passar os dois rolos pela cafeteria pública para chegar aos túneis do museu, e assim as duas partes da pintura puderam ser acomodadas dentro das caixas. A obra seguirá para a Catedral de Puebla, e o pessoal de lá enfrentará os mesmos desafios para instalar o quadro de volta ao seu local de origem.
Não bastasse uma manhã já bem agitada, à tarde foi a vez de observar a montagem da nova exposição que abrirá no museu no dia 15 de novembro: Michelangelo: Divine Draftman and Designer. Uma reprodução fotográfica da Capela Sistina num painel já está pendurada no teto, e tendo em vista que essa exposição conta com o seguro mais caro da história do museu, acho que tem tudo para deixar os visitantes impressionados, assim como eu fiquei ao ver os primeiros manuscritos do artista que chegaram ontem da Morgan Library.
Aqui vai o Time Lapse da Montagem da exposição
Vídeo da restauração da obra “Moses and the Brazen Serpent and the Transfiguration of Jesus”
Agradecimentos especiais pela revisão ao amigo Luis Henrique Ferreira Mello.
[1] A Lehman Wing foi inaugurada em 1975 para exibir a coleção de arte de Robert Lehman, doada ao museu após sua morte, em 1969. A coleção inclui mais de 2.600 peças. A ala foi projetada para recriar a residência da família Lehman. Além do pátio central, revestimentos de parede de veludo, móveis e tapetes servem de pano de fundo para esta coleção.
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