“Un chien andalou” é um filme surrealista lançado em 1928 na França e dirigido/escrito em uma parceria de Luis Buñuel e Salvador Dalí. É considerado o maior representante do cinema experimental surrealista, embora existam outros filmes do gênero.”
O cão andaluz, é mais uma obra dirigida por Luis Buñuel, sendo que este parece ser por completo, um experimento ao qual ele e Dali, se permitiram a emergência de mensagens do inconsciente.
Eu não me atreveria a analisar os sonhos destes dois homens, mas a história pode ter surgido tanto de um sonho como de induções de pensamentos, sonhos lúcidos, acordado.
Algumas coisas não permitem tantas interpretações, isso facilita:Bruñuel mesmo começa o filme atuando, assistindo a lua ser cortada por uma nuvem, e repete o mesmo movimento cortando os olhos de uma mulher: Não é difícil concluir, que ele estava anunciando que sua ânima, o ajudaria e compreender as coisas não mais através das imagens concretas, mas sim por todos os outros sentidos.
Na sequência seguinte,um personagem passeia de bicicleta tranquilamente travestido, contemplando as ruas e seguindo seu caminho, porém ele cai, e uma mulher pega sua caixa, sua parte masculina que eram suas roupas de homem, ela pega e arruma em sua cama, como se quisesse que ele novamente se reconstruísse. Ficando claro um sistema de contruções-descontruções através de trocas entre o homem e a mulher.
Apesar dos olhos cortados, que eram para intensificar as sensações, as mãos de um homemilustram uma sensação de formigamento, e nessa cena, a sensação é mais forte do que a própria imagem das formigas. Entenda-se como uma mão ainda necessitando de estímulos, que após ser ilustrada na cena na rua novamente, ela é encontrada separada do corpo, e uma mulher guarda essas mãos na mesma caixa, onde antes estavam apenas as roupas masculinas. Essa mão ressuscita então ávida por sensibilidade, tocando e apalpando partes femininas.
Talvez para conquistar “essa mulher”, ele recolhe suas “quinquilharias”, dentre animais mortos disfarçados de sensíveis pianos com dois lacaios grudados, ilustrando provavelmente a tentativa consciente de se livrar de estigmas do inconsciente coletivo ou imagens que de alguma forma o aprisionavam, por isso da necessidade de se livrar deles pela janela.
A história em determinado ponto volta, para um ponto que antecede inclusive o aparecimento do Buñuel, num momento em que um jovem se sente atraído por livros, ou pela própria criação, a cena representa um dilema em sua escolha, onde ele teve que usar os livros, como armas para matar mais uma de suas personas (uma evidente força masculina que você entenderá o por que no final da matéria) , que provavelmente o impedia da criação, algumas foças auxiliam esse “enterro”, outras ignoram.
Para quem não sabe, o processo da vida, e os processos terapêuticos, induzem o indivíduo à chamada individuação, nos caminhos para a individuação, estão os diálogos conscientes e inconscientes com a ânima, (entre outras figuras), e outro processo importante, é o processo chamado morte-vida (mariposa com caveira), dentro do qual, através desses diálogos, nos permitimos transformações, mutações em prol desta individuação.
Provavelmente em função desta história, e as influências que ela causou na psique do cineasta, o encaminhou para que ele chegasse a fazer filmes como “O anjo exterminador”, onde neste, os seus diálogos com suas forças, apesar de ainda encharcados de símbolos do inconsciente, percebe-se organização, reconhecimento de espaços, personagens definidos…um caminho para a própria “Bruñuel Individuação”, resultado do seu cultivo de sua intuição feminina (mulher de olhos cortados), e sensibilidade tátil (mãos com formiga e guardadas por uma mulher)…que foram ferramentas que ele criou para se transformar, veremos mais adiantes em outros filmes seus, quais as imagens que ele pode ter criado, para realizar sua auto-cirurgia.
O cão andaluz que nomeia a película, provavelmente é o Cão d’Água Espanhol, que é nativo das regiões do sul de Andaluzia. Um cão caçador, foi utilizado como cão de caça e auxiliar de pesca desde das suas origens, nesse aspecto, Bruñuel o compara sua própria natureza. O
Outro fator de grande relevância para este documentário, é o fato de que Buñuel era declaradamente homofóbico, demostrou esse sentimento, cortando amizade com García Lorca (o que explica o livro matando um homem), isso acentua na leitura da própria película, o seu conflito com um provável lado feminino, e essas debilidades da masculinidade, costumam ocorrer com homens de cabeça fechada para sua parcela feminina (caindo de cabeça no meio fio).
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