2 Exposições na Adelina Galeria/SP

Por Paulo Varella - janeiro 10, 2018
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Érica Kaminishi e Tatiana Stropp apresentam seus trabalhos em exposições individuais, com trabalhos inéditos
Até fevereiro, a ADELINA GALERIA recebe as  exposições: Entre(meios, com obras de Érica Kaminishi e curadoria de João J. Spinelli, e 16.02I27.09l19.10lCuritiba: A Coisa em Si, de Tatiana Stropp e curadoria de Paulo Gallina. Érica Kaminishi, que também expõe atualmente no Japanese American National Museum em Los Angeles e participou recentemente da PARTE – Feira de Arte Contemporânea com um solo Project em São Paulo, apresenta a influência da cultura oriental e a sua constante busca pela identidade em sua primeira individual na Adelina Galeria. Já Tatiana Stropp pesquisa espacialidade e novas dimensões para suas obras, dando continuidade à sua investigação sobre luz e transição de cores.
Em Entre(meios, Érica Kaminishi se baseia na sua constante busca de identidade trazendo dois elementos que representam a dualidade e ambiguidade entre aparência e essência da cultura nipo-brasileira ou nikkei: o poema como referência à língua materna e simbologias da cultura japonesa tradicional. Utilizando-se de elementos estéticos próprios da cultura oriental, em que o dourado e o azul predominam, a artista transforma a nossa percepção sobre as matérias que utiliza, fazendo com que a tela pareça papel e o papel pareça cerâmica, por exemplo.
“Ao retrabalhar elementos culturais que remetem à minha origem, trago para a superfície confrontos relacionados às questões sobre identidade, território e simbologias voláteis, que sempre defino como ausentes ou vazias, pois se modificam de acordo com o tempo e espaço. São desconstruções de simbologias cultivadas ao longo do tempo; iconizadas como realidade pulsante e denominadoras de uma identidade.  Mas que atualmente, sofrem mudanças de valores”, explica.
Na visão de João J. Spinelli, curador da mostra, o trabalho de Érica Kaminishi traz novos significados para elementos culturais nipônicos tradicionais. “Associações e ou contradições destas culturas presentificam-se em suas obras. A criadora sutilmente incorpora, desvenda e ressignifica idéias-máximas nipônicas fundamentais: WABI-SABI-MA-MONO NO AWARE e a elegância refinada do MIAYBI, reconfigurados pela artista à contemporaneidade. Memórias e resíduos culturais seculares são visíveis em suas criações tridimensionais. Distantes de padrões convencionais relacionam-se, integram-se no espaço expositivo em instalações diferenciadas: releituras coetâneas, sintéticas dos tradicionais jardins japoneses zen-budistas (que eram pensados para conduzir o espectador a um estado de meditação calma, contemplativa, considerados até hoje, por especialistas como uma das modalidades artísticas mais sublimes da cultura oriental) agora são reformulados pela percepção estética de Érica Kaminishi à atualidade.
A exposição Entre(meios é composta por obras criadas com técnica mista, telas, um vídeo e uma instalação com esculturas sintéticas que remetem a um jardim japonês. Em todas as obras, Érica transcreve, repetidamente, poemas de Fernando Pessoa.
Tatiana Stropp traz sete trabalhos que nunca estiveram em exposição e, parte deles, produzidos especialmente para a individual 16.02I27.09l19.10lCuritiba: A Coisa em Si. A artista, que sempre usou chapas de alumínio lisas, com algumas dobras, começa a testar novos tamanhos e também a introduzir texturas ou ruídos nas obras.
Nessa exposição, Tatiana dá continuidade à sua pesquisa baseada na relação da construção da imagem por meio das cores e da luz. Com uma ativação a mais no suporte, as obras ganham um reforço na sua materialidade. “Ao fim, a leitura da obra de Tatiana Stropp é reveladora de um estudo sobre a natureza das cores, atravessadas pela percepção cultural de nosso presente. Afinal, ao invés de falsear uma suposta objetividade, a artista aceita a subjetividade de seu tempo para obter as conclusões que ela é capaz de apreender de seu estudo”, afirma o curador da mostra Paulo Gallina.
“Cheguei ao uso do alumínio meio que por acaso, quando conheci uma serralharia próxima de casa. Porém, fui me interessando sobre o efeito da tinta nesse material, como ele reage a cor e a luz e seu reflexo. Agora, resolvi também testar outros tamanhos e também incluir um relevo ou textura, o que me leva a novos desafios”, explica Tatiana.
O suporte em alumínio, segundo Paulo Gallina, reforça que a pesquisa de Tatiana vai muito além da pintura. “Tratando-se de uma técnica histórica, a pintura que estamos comentando inova na base que recebe o pigmento e a emulsão. A artista cria sobre telas de alumínio, recortadas e dobradas antes do processo em pintura iniciar-se. Esta subversão retorna ao espaço tridimensional uma técnica que anula a notação da perspectiva falseada dos italianos do século XV. A dobra no suporte é também uma linha, atravessando a superfície pictórica”, explica
Programação paralela
Além das exposições, a Adelina Galeria convida o público a um contato mais próximo com as técnicas e obras das artistas Érica Kaminishi e Tatiana Stropp, por meio de bate-papos e oficinas ministradas durante o período que as mostras estarão em cartaz. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público mediante inscrição. Mais informações no serviço abaixo.
SOBRE AS ARTISTAS
Érica Kamishi (Rondonópolis, Mato Grosso, 1979) se formou em Artes Plásticas pela Faculdade de Artes do Paraná e se pós-graduou em Artes Visuais e Cinema na Nihon University (Tóquio/Japão), onde também fez seu mestrado na mesma área. Já participou de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil, Japão e Canadá. Atualmente, tem uma instalação no Japanese American National Museum, em Los Angeles (EUA). A artista usa o desenho como parte do seu repertório, buscando elementos na poesia da palavra escrita (sejam textos dela ou de outra pessoa). Além de usar as palavras como uma ideia contextual, Érica também as transforma em formas que acabam compondo seus desenhos. Em seus trabalhos atuais, os desenhos continuam lá, mas estão inseridos em um contexto mais amplo, que inclui esculturas e vídeos, além de obras interativas. A pesquisa de Érica trabalha muito sua relação com a cultura japonesa e brasileira, sempre em busca de uma identidade pessoal da artista.
Tatiana Stropp (Campinas, São Paulo, 1974) é bacharelada no curso de Pintura da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Possui obras em acervos de importantes instituições como o Museu Oscar Niemeyer, Museu de Arte da Universidade Federal do Paraná e Fundação Romulo Maiorana, além de ter participado de exposições pelo Brasil, Madrid e Palma de Mallorca na Espanha. Foi indicada ao Prêmio PIPA nos anos de 2012 e 2013 e também faz parte da plataforma de pesquisa em Arte Contemporânea Latino Americana Abstraction in Action. A artista trabalha com chapas de alumínio e sua pesquisa envolve, além de questões como limites e proximidades, o uso da cor e suas relações cromáticas. Suas obras trazem diferentes tons que aparecem por meio da técnica de velatura, com camadas tênues de tinta sob o alumínio, criando efeitos de opacidade e transparência, incorporando a luz ambiente na própria superfície da pintura.
SOBRE OS CURADORES
João J. Spinelli (Ibitinga, SP, 1949) desde pequeno manifestou interesse pelo desenho e pela pintura. Ainda jovem, mudou-se  para São Paulo para se preparar para o vestibular. Atraído pelas artes plásticas, gostava de freqüentar galerias de arte. Um dia, visitando uma exposição de quadros, conheceu o pintor Aldo Bonadei, que o convidou para ter aulas de pintura em seu ateliê. Por recomendação do professor, o jovem artista passou a estudar na Sala de Artes da Biblioteca Mário de Andrade.Seguiu os estudos no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e a Biblioteca continuou a ser o seu ponto de referência para os estudos de artes. Segundo ele, a Sala de Artes contava com um dos melhores acervos da América Latina. Trabalhou como professor de desenho em escolas da periferia, deu aulas de artes no extinto Colégio Sacré-Coeur, na Faculdade Municipal de Santo André e na FAAP. Concluiu o mestrado e o doutorado na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade São Paulo (USP). Depois foi professor na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e dedicou-se a inúmeras curadorias dentro e fora do país, organizando montagens em vários espaços, inclusive na Biblioteca Mário de Andrade.
Paulo Gallina (Piracicaba, SP, 1985) crítico de arte e curador independente, formado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Durante sua formação, participou do Grupo de Estudos de Crítica e Curadoria da ECA-USP orientado pelo professor doutor Domingos Tadeu Chiarelli (2009-2012). Colaborou com os espaços independentes: Ateliê OÇO (2010) e o Ateliê 397 (2013); como crítico residente, além de atuar como crítico e curador do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake (2010-2013). Ministrou cursos sobre história da arte em instituições culturais como o Insituto Tomie Ohtake (2013) e o Instituto Itaú Cultural (2014). Nos últimos anos curou as exposições: Nino Cais: Das Bandeiras e dos Viajantes (SESC, São Carlos, Ribeirão Preto e São Paulo, 2013); Primeira Leitura (Zipper Galeria, São Paulo, 2014); O saber da linha (LAB570, São Paulo, 2014/PINTA LONDON, Londres, 2015); Alguma coisa descartável (Museu de arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2014); Estruturas precárias (Galeria Paralelo, São Paulo, 2015); Apagamentos (Caixa Cultural, São Paulo, 2016); Soluções duradouras (Tal Galeria, Rio de Janeiro, 2017); A vida das pessoas extraordinárias (MNAV, Montevidéu, 2017); Máquina sem palavras (MFCC, Curitiba, 2017); Tudo que está coberto (Galeria Aura, São Paulo, 2017); entre outras. Tem textos publicados em livros e catálogos, destacando as leituras críticas do e-book O MAC essencial II e o ensaio elaborado para o catálogo da exposição. Os primeiros 10 anos, realizada no Instituto Tomie Ohtake, na qual também foi um dos curadores.
SOBRE A ADELINA GALERIA
A Adelina Galeria, inaugurada em abril de 2017, nasceu como um espaço para comercializar, produzir, conviver, pesquisar e falar sobre arte contemporânea, buscando ampliar seus diálogos, suas possibilidades e seus públicos. Para isso, muitas são as relações com as quais a galeria se compromete a ativar, cultivar e transformar.
Como recorte, a Adelina Galeria representa e trabalha com artistas vinculados à América Latina. Além de propor uma relação mais próxima com os artistas, a galeria busca firmar parcerias de diversos perfis no bairro, reforçando o conceito de território que baseou a sua criação. O espaço, idealizado empresário Fabio Luchetti e dirigido por ele e sua equipe, está localizado em Perdizes, bairro sem tradição de galerias de arte e, por isso mesmo, um bom lugar para se estar e abrir novos circuitos para a arte na cidade.
SERVIÇO:
EXPOSIÇÕES 
ENTRE(MEIOS
Artista: Érica Kaminishi | Curadoria: João J. Spinelli
16.02I27.09l19.10lCURITIBA: A COISA EM SI
Artista: Tatiana Stropp | Curadoria: Paulo Gallina
Período: Até 17 de fevereiro.
Horário de visitação: de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; e, aos sábados, das 10h às 17h.
Entrada: gratuita
 
VISITAS EDUCATIVAS 
Além de mediações ao público espontâneo, a Adelina Galeria oferece visitas guiadas às suas exposições para grupos mediante agendamento. As visitas são gratuitas e podem ser realizadas para grupos de até 15 pessoas, com duração média de 1h.
 
Agendamento de grupos
Para agendar uma visita em grupo, basta enviar um e-mail para [email protected] com data e horário da visita, número de pessoas e nome do responsável pelo grupo.
 
A visitação em grupos é gratuita, mediante agendamento, no horário de funcionamento da galeria. 

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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