“A arte é um manifesto – 30 anos de Devotos” no Mamam/PE

Por Paulo Varella - março 2, 2018
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Neilton apresenta exposição individual no Mamam

Artista visual e guitarrista de uma das bandas mais importantes de Pernambuco apresenta três décadas de arte e design na mostra “A arte é um manifesto – 30 anos de Devotos”, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, de 28 de março a 13 de junho

O multiartista Neilton apresenta a exposição individual “A arte é um manifesto – 30 anos de Devotos”, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), de 28 de março a 13 de junho de 2018. O artista, que também é curador da mostra, apresentará um passeio pela história da Devotos, uma das bandas mais importantes e influentes de Pernambuco, através de 60 peças. O público vai conferir desde os quadros criados especificamente por Neilton como base para os projetos gráficos dos seis discos de estúdio, um ao vivo e dois vinis do grupo, além de raridades como backdrops, pôsteres, ingressos e capas de fitas demo. Tudo fruto de um trabalho desenvolvido de forma independente desde a década de 1980 até hoje. O texto de apresentação da mostra é assinado pela historiadora Heloísa Buarque de Hollanda. A exposição conta com incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura PE), Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Secretaria de Cultura de Pernambuco e Governo de Pernambuco.

Formada por Cannibal (baixo e vocal), Celo Brown (bateria) e pelo próprio Neilton (guitarra), a Devotos é uma banda que está na estrada desde 28 de fevereiro de 1988. Apesar de não ter integrado a primeira formação, Neilton assumiu um papel fundamental na imagem e sonoridade da banda. Em 1989, ao entrar para o grupo formado no Alto José do Pinho, no Recife, o então adolescente de 16 anos acumulou as funções de guitarrista, de artista visual e de designer, criando uma logo, desenvolvendo os cartazes dos shows e fazendo a capa da primeira fita K7 demo do grupo. Tudo bem de acordo com a filosofia do punk, o chamado “Do It Yourself”.

E foi no esquema “faça você mesmo” que Neilton aprendeu tudo o que sabe. Desde criança, ele já desenhava. Na adolescência, passou a pintar camisetas para vender, como forma de conseguir algum dinheiro para seguir desenhando, pintando e fazendo música. Cada camisa era exclusiva, peça única. Depois passou para as telas e não parou mais. De lá para cá, só da própria Devotos, o artista criou seis capas de discos. Para isso, ele primeiro desenha ou pinta vários quadros para depois escolher o que vai entrar no projeto gráfico, o que vai ser capa, o que vai para o encarte, o que vai ser pôster, etc.

Assim, a cada novo CD, EP ou vinil, Neilton foi se firmando cada vez mais como artista visual. “Em 1996, a Devotos conseguiu um contrato com a gravadora BMG. Então foi o momento de estrear a minha primeira capa de um CD. Fiz mais de 20 aquarelas para alguma ser escolhida para a capa. Foi aí que vi que meus desenhos e pinturas valiam alguma coisa. Alguém da direção artística da gravadora se interessou em comprar uma dessas aquarelas e terminei com boa parte delas vendidas! Depois dessa experiência, tive mais segurança para me aventurar no mundo das artes plásticas pra valer”, relembra.

Na exposição “A arte é um manifesto – 30 anos de Devotos”, Neilton ocupa dois andares do Mamam, um dos mais conceituados museus de Pernambuco, por dois meses e meio. A mostra funciona como um panorama de duas de suas carreiras, a de artista visual e de músico. Tudo ao mesmo tempo. “Atualmente eu toco com a Devotos e com o poeta e músico Lirinha. Pinto, desenho, faço projetos gráficos e ilustrações para algumas capas de CD e vinil para vários artistas. Tenho um trabalho com projetos de caixas acústicas e amplificadores valvulados para instrumentos musicais elétricos, a Altovolts. E ainda estou me inserindo no mundo das trilhas sonoras para curta de animação”, conta.

A exposição está distribuída por quatro salas em dois andares do Mamam. Na primeira sala, o público vai encontrar três aquarelas, que serviram de base para o projeto gráfico do primeiro disco da banda, o “Agora tá valendo” (1997); seis telas em tinta acrílica resultantes do trabalho desenvolvido para o CD também intitulado “Devotos” (2000); e mais quatro aquarelas, um quadro bico de pena e um carvão sobre papel, que integraram o projeto gráfico do disco “Hora da Batalha” (2003). Além disso, estarão expostos outros diversos itens, com destaque para uma réplica de backdrop, que era usado nos palcos por onde a banda fazia shows e diversas peças de memorabilia, o corpo da primeira guitarra comprada por Neilton, bem como o primeiro instrumento que ele mesmo montou, o primeiro baixo de Cannibal e até mesmo a capa do que poderia ter sido o primeiro compacto em vinil do grupo.

Na segunda sala do primeiro andar, o público é convidado a fazer uma imersão no mundo dos shows da Devotos através de uma intervenção idealizada e realizada nos palcos durante os shows da turnê de 25 anos. Em três backdrops pintados por Neilton, que foram desenvolvidos especialmente como fundo de palco das apresentações do grupo. No material, serão projetados três vídeo mapping do artista multimídia Gabriel Furtado, membro fundador do coletivo Media Sana, usando algumas obras de Neilton como conteúdo. Tudo isso ao som do grupo. Entre um andar e outro do Mamam, o artista aproveita para exibir mais dois backdrops resultantes de mais uma de suas telas.

Ao chegar ao segundo andar, o público vai encontrar quatro quadros com desenhos em bico de pena que foram incluídos no design do disco “Flores com Espinhos para o Rei” (2006); um díptico em tinta acrílica realizado especialmente para o CD “Póstumos” (2012); dois trabalhos em bico de pena integrantes do projeto gráfico do vinil “Victoria” (2010), que é o primeiro vinil da banda, lançado na França; um quadro em tinta acrílica em que o artista retrata a vizinhança do Alto José do Pinho; e mais duas acrílicas inéditas.

Ainda no segundo andar do Mamam, Neilton selecionou vários clipes da Devotos para exibição, além do documentário “Punk Rock Hardcore” (1995), de roteiro e direção de Adelina Pontual, Cláudio Assis e Marcelo Gomes. Para completar, a exposição também apresenta fitas demo, CDs, vinis, camisetas e vários cartazes de diversas fases da Devotos, desde os anos 1980, que foram criados pelo artista para divulgar os shows da banda, além de outros pôsteres de apresentações da banda por todo o mundo.

Sobre Neilton – Nascido no Recife, em 1971, Neilton é músico, artista plástico, designer gráfico, eletrônico de amplificadores para instrumentos musicais. Formado em artes gráficas na Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães (Etepam), é o responsável pelas capas dos vinis e CDs da banda de punk rock Devotos desde 1997, banda em que é guitarrista, onde, junto a seus companheiros, já realizou várias turnês pelo Brasil e Europa. Entre as publicações importantes que já participou, o artista destaca o convite para ser tema da matéria principal e ilustrador da capa da revista Continente (número 190).

Como artista visual e designer, Neilton também ilustrou diversas capas de discos, sites e DVDs de bandas como Cordel do Fogo Encantado, Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, Cascabulho, Academia da Berlinda, The Baggios, Fernandes, Mamylove (cantora africana radicada na França), entre outros. Neilton ainda é um dos fundadores do Grupo de Pesquisa de Tecnologias Mortas, o Altovolts. Desde 2006, o grupo estuda/pesquisa e desenvolve linhas de amplificadores para instrumentos musicais atendendo músicos de todo o Brasil.

Serviço:

Exposição: “A arte é um manifesto – 30 anos de Devotos”

Artista: Neilton

Abertura: 28/03/18, às 19h

Visitação: de 29/03/18 a 13/06/18

Dias e horários de funcionamento: de terça a sexta-feira, das 12h às 18h. Sábados e domingos, das 13h às 17h

Local: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam)

Endereço: Entrada Principal – Rua da Aurora, 265, Bairro da Boa Vista – Recife – PE. Entrada – Rua da União, 88, Boa Vista – Recife – PE

Entrada: gratuita

Incentivo: Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura PE), Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Secretaria de Cultura de Pernambuco e Governo de Pernambuco

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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