A Andrea Rehder Arte Contemporânea inaugura a exposição Transições SP/RJ, com obras de Chris Apovian. Essa é a primeira individual da artista em mais de 20 anos na capital paulista. A mostra traz 10 obras entre pinturas, vídeos e instalações.
São trabalhos que, de acordo com o título, cobrem a trajetória de Chris Apovian desde a década de 1990 até a fase atual. Juntos, os itens dão um panorama da linguagem artística diversificada da paulistana, hoje radicada no Rio de Janeiro, depois de viver durante vários anos na Europa.
Em 2006, Chris Apovian causou furor na abertura para convidados da 26 Bienal de São Paulo realizada naquele ano. Ela reuniu 30 moradores de rua para uma performance e promoveu uma invasão artística ao evento, como crítica à representação da pobreza na arte (o tema escolhido para a Bienal naquele ano foi “Como Viver Junto”). Assim, se tornou a primeira artista a invadir a mais tradicional mostra de São Paulo.
Presente na atual exposição, o vídeo-performance O que quase ninguém viu numa parceria artística com os moradores de rua e a polêmica gerada pela invasão, em um documento que ganha maior relevância, neste momento em que uma nova Bienal acaba de começar.
Outro vídeo da exposição, Cadê a Bisa?, foi feito em alusão ao centenário do genocídio armênio. A gravação aconteceu em 2015, na região de Southbank Center, em Londres, tendo acabado dentro do museu Tate Modern.
Também estão presentes em Transições SP/RJ pinturas da série expressionista Multitude (“Multidão”, em latim), da década de 90, incluindo uma tela de grande formato que será exposta pela primeira vez. O trabalho reflete a influência do pensamento sobre a multidão do filósofo luso-holandês Baruch Spinoza na obra da artista.
A transição na arte de Chris Apovian é também uma transição que se passa no Brasil e do mundo. A instalação O Bebê no Ventre, baseado no desenho de Leonardo Da Vinci, com a bandeira do Brasil formando o cordão umbilical comemora o quinto centenário da morte de Leonardo Da Vinci e certamente augura um novo renascer.
Chris Apovian estudou pintura e arte contemporânea com Arcangelo Ianelli, Carlos Fajardo e Nelson Leirner.
Participou de coletivas na galeria Nara Roesler e realizou exposições individuais na Funarte e na antiga Galeria São Paulo de Regina Boni (atual São Paulo Flutuante), esta última em 1999.
Integrou o coletivo Casa Blindada, um dos pioneiros em intervenções artísticas urbanas, ao lado de Eva Castiel, Fanny Feigenson, Graciela Rodrigues, Sheila Dryzun, Sheila Mann Hara e André Balbi. O grupo produziu eventos no Paço das Artes, com curadoria de Daniela Bousso, e também em várias edições do projeto Arte Cidade, com Nelson Brissac (1998-2002).
Na Itália, frequentou aulas do artista conceitual Luciano Fabro, e começou a idealizar performances, instalações e videopinturas. Também cursou teatro.
Em Transições SP/RJ, ela reúne obras que vão do obscuro ao cômico, com certa crueza que traz, paradoxalmente, a alegria de expressão, marcada pelo vigor gestual das pinturas, a escolha de cores vibrantes e a poética da artista.