Conhecido mundialmente pela sua arte geométrica, dizer que Carlos Muniz possui precisão cirúrgica em seus traços não é exagero. Afinal, antes de concluir sua formação em Belas Artes, o mineiro de Montes Claros cursou Medicina, especializando-se em Cirurgia Plástica. Após um hiato de 7 anos, o artista volta a expor no Rio de Janeiro, no dia 29 de novembro, na Galeria Patricia Costa. São cerca de 10 obras, entre dípticos e trípticos, em tinta acrílica sobre telas de 1,20m por 1,80m a 1,00m por 3,20m, além de quatro esculturas tridimensionais em aço com pintura automotiva (0,60m por 0,60m).
“Sempre pesquisei com muita firmeza todos os movimentos da geometria, mantendo a coerência e vendo o que podia acrescentar. Depois de iniciar com elementos mais complexos, fui tirando cores e elementos até chegar ao formato mais simplificado do que estou querendo”, afirma Carlos Muniz, que mantém um ateliê em Botafogo, no Rio e define sua pintura como geométrica abstrata.
Uma característica marcante é a maneira como o artista explora a contraposição dos planos, com linhas paralelas simétricas e cores primárias e monocromáticas, sempre com harmonia e coesão.
“A delicadeza, a suavidade das cores fortes e contrastantes das pinceladas ou outro material para preenchimento do espaço, mostram o cuidado que Carlos Muniz tem ao executar suas obras. Claro, são mãos adestradas, acostumadas com bisturis”, avalia Jarbas Juarez, que assina o texto do catálogo da exposição e é pintor, muralista, escultor, desenhista, gravador, designer gráfico, ilustrador, professor e jornalista.
Em outro catálogo para a mostra londrina “Galeria 32/Embaixada do Brasil em Londres”, Geraldo Edson de Andrade, membro da Associação brasileira dos críticos de arte, fala sobre a linguagem geométrica dos trabalhos do montes-clarense, onde a compara à de seu falecido conterrâneo, também famoso mundialmente, Raimundo Collares. Lembra que os dois artistas se conheceram no início da carreira, transferindo para a tela a visão que tinham do mundo agitado do século XX, sobretudo no vaivém do trânsito agitado.
Suas formas abstratas e concretas já haviam ocupado o espaço urbano durante a Copa do Mundo de 2014, com esculturas de grandes proporções na Praça Paris. Carlos Muniz, que expôs suas obras em países como Japão (“Quatro Pintores Geométricos Brasileiros”, com Carlos Muniz, Manfredo de Souzanetto, Ronaldo Macedo, Luiz Dolino), Estados Unidos (“Gallery 54”), Portugal (“Fundação Medeiros e Almeida”) e Londres (“Galeria 32/Embaixada do Brasil em Londres”), começou pintando há 40 anos e fez parte da Geração 80.
Dos bisturis aos pincéis
Carlos Muniz é natural de Montes Claros (MG), artista visual e cirurgião plástico. No início, Carlos Muniz retratava o bucólico interior mineiro, o que acabou achando comum e, devido à sua tendência espontânea com o geométrico, passou a pintar quadrados e retângulos. Há 10 anos começou a trabalhar om esculturas tridimensionais em aço com pintura automotiva.
O artista já participou de 30 salões de arte, quase 30 exposições individuais e cerca de 40 exposições coletivas no Brasil e em países como Japão, Portugal, Estados Unidos e África do Sul. Ao longo da carreira como artista, recebeu diversos prêmios: V Bienal Nacional (Santos/SP), XII Salão Nacional de Arte Plásticas FUNARTE/IBAC (Rio de Janeiro e Brasília), Salão de Arte Biosintética (São Paulo), entre outros. Sob influência da pintura de Raymundo Colares – artista renomado e seu conterrâneo –, suas obras alcançam o minimalismo abstrato, com um geométrico claro e intenso.
CARLOS MUNIZ – um dos expoentes da arte geométrica brasileira, artista mineiro expõe telas e esculturas no Rio de Janeiro após 7 anos.