Passados 10 anos desde a última exposição do artista realizada em São Paulo, o Itaú Cultural encerra as grandes mostras de sua programação em 2019, com a exposição Franz Weissmann: o vazio como forma. Mais de 800 peças apresentam a magnitude de sua obra – desde desenhos desconhecidos do público a seus trabalhos mais icônicos, os Amassados, esculturas em pequena e grande escala e uma obra em realidade virtual.
De 27 de novembro de 2019 a 9 de fevereiro de 2020, a obra magistral de Franz Weissmann (Knittelfeld, Áustria, 1911 – Rio de Janeiro, 2005) permanece assentada nos três andares do espaço expositivo do Itaú Cultural, 1º, – 1 e – 2. Com curadoria de Felipe Scovino e parceria do Instituto Franz Weissmann (IFW), a exposição Franz Weissmann: o vazio como forma se sustenta em cerca de 800 peças dispostas em cada andar, sem ordem cronológica, mas de forma antológica. Em um dos pisos, estão as obras em maior escala. Desenhos, a passagem do figurativo para o abstrato, Amassados e cubos, em outro. Por fim, maquetes e estudos, linha do tempo e uma obra pública em realidade virtual ocupam o -2. Em toda a mostra, tem ferramentas de acessibilidade.
Traduzido em números, são mais de 50 esculturas, entre pequeno, médio e grande porte; 10 Amassados, cujo suporte são placas de alumínio, aço e outros metais; cerca de 50 desenhos; 730 maquetes; 14 obras originais acessíveis (táteis, para os visitantes cegos ou de baixa visão) e, em realidade virtual, Monumento à Paz – uma obra destinada ao espaço público, porém nunca exposta. Há, também, dois audiovisuais sobre ele e um terceiro vídeo com depoimentos de familiares, do curador e do historiador, jornalista e crítico de arte Frederico Moraes. Tudo é acompanhado de uma linha do tempo, com fotos da vida e obra do artista e de quatro obras de coleções privadas.
Como em uma extensão da mostra, um mapa criado pela equipe do Itaú Cultural indica a localização das obras públicas realizadas pelo artista e instaladas a céu aberto em São Paulo – no hotsite o mapeamento se estende às obras existentes nas ruas do Rio de Janeiro. Ele sempre foi instigado pela colocação de suas obras nas ruas, de modo a ampliar os meios de contato do público com a arte, modificando a sua relação com o espaço urbano. Ainda, em uma ação que também transborda as paredes do instituto, realizada em parceria do Itaú Cultural, o IFW e a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, está em exibição no Parque Prefeito Mario Covas a obra Cubo Azul (1978-2011) para visitação do público até 9 de fevereiro.
“Passaram-se cerca de 10 anos desde a última mostra de obras de Weissmann em São Paulo, significando que muitos não tiveram acesso a uma exposição deste artista de grande magnitude”, observa Scovino. Com esta ideia, ele partiu para o desenho de uma linha curatorial antológica. “Nela celebramos tanto as obras icônicas do artista, como os vazados, os Amassados e outras pouco conhecidas do público, como suas maquetes, protótipos, estudos e desenhos que ele realizou vivendo no Rio de Janeiro e na Espanha em meados dos anos de 1960 e nunca exibidos ao público”, conta.
De acordo com o curador, Franz Weissmann: o vazio como forma parte de um caráter reflexivo e acompanha, de ponta a ponta, o trabalho do artista desde a sua gênese: dos anos de 1940 e 1950, quando foi professor na Escola Guignard, até as suas últimas produções realizadas no começo do século 21, quando realizou a série de obras conhecidas como pinças e mondrianas, esculturas que invadiram o espaço público.
Ferramentas de acessibilidade estão totalmente inseridas nas atividades do Itaú Cultural e não seria diferente em suas exposições. Em Franz Weissmann: o vazio como forma, há mapas, piso e obras táteis. Acompanhando obras e vídeos, também tem áudio e videodescrição.
Os mapas táteis encontram-se nos três andares da exposição. Em cada um deles, há, também, audiodescrição dos trabalhos e um percurso acessível para 11 obras originais, que podem ser tocadas. Além delas, três maquetes táteis permitem a quem tem baixa visão ou é cego que perceba desenhos do artista. Os três vídeos que estão na mostra, ainda, são complementados por videodescrição, assim como a obra apresentada em realidade virtual, Monumento à Paz.
O instituto foi criado em 2008, tendo como fins associativos essenciais criar, ampliar, preservar, estudar e difundir o legado criativo e a memória histórica do artista no Brasil e no exterior. Este repositório compreende milhares de suas esculturas, provas, protótipos, maquetes, estudos e relevos tridimensionais, além de desenhos e projetos. O IFW guarda, preserva, cataloga e divulga os registros bibliográficos, arquivísticos, iconográficos e documentos pessoais de Franz Weissmann.