Fernanda Feher apresenta “Udada – Sisterhood”
Fernanda Feher convida para talk sobre a exposição “Udada – Sisterhood”. A gineologista Dra. Ana Luiza Fagundes Faria também participa do bate-papo. Na mesma ocasião, a artista lançará o catálogo do projeto que envolve arte e ativismo.
Exposição reúne obras que retratam mulheres africanas; artista direcionará lucro das vendas para ONG envolvida com causas relacionadas à mutilação genital e violência sexual feminina
A mostra reúne 16 obras que retratam mulheres africanas, entre elas aquarelas, pinturas a óleo e tecido. Os trabalhos são resultado de uma viagem ao Quênia (África), onde participou de um projeto da ONG COVAW, braço da instituição Orchid, numa missão sobre casamento infantil, violência e mutilação genital feminina.
Com o objetivo de conscientizar a comunidade local em relação aos temas por meio de conversas e informação, Fernanda conheceu pessoas e ouviu histórias que a inspiraram. Portanto, as obras de “Udada – Sisterhood” representam muito mais que figuras femininas locais: refletem um conteúdo social.
O nome da exposição remete à sororidade, ou seja, à união e empatia de mulheres em busca de um objetivo comum. Em kiswahili, língua local com influências de expressões em inglês, udada significa sisterhood, irmandade.
Obras em Destaque
“Os meus retratos contam histórias, mostram a força e alegria de mulheres que são mutiladas ou de garotas das escolas que visitei. O objetivo não é só colocá-las, necessariamente, no lugar de vítimas. Acho que se eu pintasse vaginas mutiladas não estaria colaborando em nada com esse processo e talvez ninguém viesse me perguntar quem são elas”, declara Feher.
Sobre a mutilação genital feminina
De acordo com a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), a mutilação genital feminina é realidade para cerca de 200 milhões de mulheres no mundo. A prática ocorre, principalmente, em países da África e do Oriente Médio, também em regiões da Ásia, América Latina, e entre imigrantes que residem na Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia.
Dentre os motivos das transformações do órgão genital feminino – que inclui técnicas que podem resultar em remoção do clitóris e dos pequenos lábios, corte ou reposicionamento dos grandes lábios e costura – estão questões sociais e religiosas que envolvem a preservação da virgindade, castidade e passagem para a vida adulta. Em muitas culturas, inclusive, é um pré-requisito para o casamento. Porém, os métodos podem causar problemas de saúde física e mental.
Além da falta de preparo sanitário durante o processo, que é doloroso, a anatomia original é alterada para anular o prazer sexual da mulher e intensificar a do homem. Como resultado, as condições de higiene também são afetadas, principalmente quando o há fechamento da vagina e da uretra, deixando uma pequena abertura para a passagem de menstruação e urina (no caso da infibulação).
Sobre Fernanda Feher
Fernanda Feher nasceu em São Paulo, é formada em teatro pela Escola Celia Helena, tem curso de desenho pela NY students league of Art e Bacharelado em Fine Arts pela Pratt Institute, também de Nova York. Pintura a óleo, aquarela e colagem são as principais técnicas que utiliza. Também está envolvida com poesia, esculturas e até letras de rap. De descendência húngara e belga, reside atualmente em Lisboa e já expôs em galerias como BG27 e Arte 57, em São Paulo; Collectionair (online); Lazy Susan Gallery, em Nova York; e na Casa Pau-Brasil, em Portugal.