Ação do artista Jorge Menna Barreto sobre alimentação e escultura ambiental será apresentada em Londres no dia 30 de setembro
Como parte de suas iniciativas de pesquisa e promoção da arte contemporânea dentro e fora do Brasil, a Fundação Bienal de São Paulo, em parceria e consonância de propósitos com a Serpentine Galleries em Londres convidou o artista e pesquisador Jorge Menna Barreto a desenvolver, no Reino Unido, uma nova vertente de seu projeto Restauro.
Comissionado e apresentado na 32ª Bienal de São Paulo (2016), Restauro nasceu como um restaurante-obra-de-arte envolvendo uma rede de agrofloresteiros e produtores orgânicos. Na ocasião, a articulação do artista, da curadoria e das equipes da Fundação Bienal garantiram a operação de um restaurante capaz de atender ao público da mostra, que recebeu 900 mil pessoas em seus 3 meses de duração.
Agora, a partir da colaboração estabelecida entre as duas instituições, Menna Barreto passou o mês de agosto em Londres, em contato com métodos sustentáveis de uso da terra para agricultura, chefs e produtores na região de Londres, mapeando também plantas comestíveis em parques e jardins locais. Como o alimento chega ao consumidor? Como o modo de pensar a alimentação impacta na paisagem e vice-versa? O resultado inspira uma ação dentro do Programa Público da Serpentine Galleries, no dia 30 de setembro (veja programa abaixo) que tem no Dente de Leão (Taraxacum officinale), planta que cresce espontaneamente no Hyde Park, seu ingrediente principal.
“Os ingleses têm uma relação particular com jardins, além de uma perspectiva própria de Land Art”, explica o artista. “A alimentação nos desperta para os usos da terra e do ambiente em que vivemos.”
Em paralelo à apresentação pública, acontece em Londres, no início de outubro, a reunião anual de trabalho do Conselho Consultivo Internacional da Fundação Bienal. Na mesma semana, uma ativação especial do projeto Restauro será apresentada para profissionais do meio artístico local.
“A Fundação Bienal se estabelece cada vez mais como um pólo de pesquisa e conteúdo. A partir de seus ativos e de sua capacidade de reunir em torno de si diferentes atores sociais, a instituição trabalha no sentido de fortalecer e promover a arte contemporânea, irradiando experiências para além da mostra e de seu pavilhão”, explica Justo Werlang, membro da diretoria da Fundação Bienal.
PROGRAMA
“A comida que comemos hoje é altamente domesticada. A submissão e o bom comportamento estão dentro das suas moléculas, que, por sua vez, alimentam nossas células com obediência e informações processadas. Plantas silvestres comestíveis, apesar de passarem praticamente despercebidas, crescem de forma abundante e espontânea em nossa volta, o tempo inteiro! A sua persistência e insistência são notáveis. Não importa o quanto controlado e bem podado um jardim ou monocultura seja, elas estão fazendo uma diferença. Essa presença vegetal, a maior parte do tempo subestimada, está ali trabalhando sem parar para nos lembrar sobre a diversidade vital, enriquecendo o solo e alimentando todas as espécies que dependem dele. A civilização humana tem trocado o forragear por fazer compras em hipermercados, e junto com isso ela perdeu todo seu senso de lugar e de pertencimento.”
Jorge Menna Barreto
30 de setembro, das 14h às 17h, the Pavilion. Serpentine Galleries
14h às 15h: “Go Wild, Eat Wild”: os participantes e o público são convidados a provar o sorvete de dente de leão, uma receita criada especialmente a partir das comestíveis selvagens que crescem no Hyde Park.
15h às 15h30: “Food In The Expanded Field”: uma conversa entre os proponentes do evento (professor de desenho, botanista e artista) sobre forrageamento, desenho, site-specificity e locavorismo.
15h30 às 16h: “Take a Walk on the Wild Side”: caminhada sobre plantas comestíveis selvagens do Wild Food Forage.
16h às 17h “If You Haven’t Drawn, You Haven’t Seen”: mini workshop de desenho de comestíveis selvagens, em parceria com a School of Botanical Drawing – Kew Gardens.