Gerty Saruê e Antonio Lizárraga na Marcelo Guarnieri

Por Paulo Varella - outubro 2, 2017
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Pertencentes à mesma geração, as produções de Gerty Saruê e Antonio Lizárraga expostas na galeria, se desdobram entre desenhos, esculturas em metal, pinturas, monotipias, fotografias e colagens. Em cartaz até 14 de novembro, a mostra sintetiza signos da vida moderna, numa relação entre a plástica e o visual das contradições de uma metrópole.

O processo de industrialização da segunda metade do século XX no Brasil, a promessa do futuro redentor, aliado aos lemas da ordem e do progresso, as contradições entre o indivíduo e a sociedade, verbalizadas por códigos e linguagens visuais e gráficas, que desestabilizam o estado atual das coisas; assim, podemos definir brevemente as aproximações entre os trabalhos dos artistas Gerty Saruê e Antonio Lizárraga, que podem ser conferidos a partir do dia 07 de outubro, sábado, 14h, na Galeria Marcelo Guarnieri, unidade Jardins. Aberta ao público até 14 de novembro, a mostra destaca obras dos anos 60 aos anos 2000, com técnicas como desenho, escultura em metal, pintura, monotipia, fotografia e colagem.

GERTY SARUÊ 

Nascida na Áustria, criada na Bolívia, e com residência a partir de 1954 na cidade de São Paulo, Gerty Saruê, desde cedo percebeu a necessidade em aprender outras línguas. Deste deslocamento geográfico e da linguagem, o encontro com uma cidade em vias de expansão e industrialização – a SP da década de 50 – nasce o olhar para os aspectos materiais e visuais dessa nova dinâmica que se desenhava, entre o frenesi do ritmo da cidade, e o estranhamento por parte de seus habitantes. As engrenagens das máquinas, as ferramentas dos trabalhadores, as planilhas e os diagramas, as plantas urbanísticas, os materiais de escritório, os números e os letreiros infinitos, aparecem em sua produção transfigurados pelo desejo incessante de uma linguagem própria, que encontra sua formalidade em técnicas como colagens, desenhos, gravuras ou fotografias.

Superposições e sobreposições, a utilização de materiais descartados e a utilização de signos inexpressivos e impessoais da vida cotidiana, criam uma “gramática” visual própria no trabalho da artista, num diálogo com o seu tempo histórico, e sua figuração em formas, texturas, materiais, e novos arranjos.

Algumas obras destacam a multiplicidade de interesses formais desta “nova língua”, como Sem Título, de 1967, uma assemblage em madeira, com peças enferrujadas, que sofreram processo de oxidação, e que, agora, questionam o movimento inerente das coisas e da vida, mas, também, a lógica do consumo produtivista. Burocráticas, de 1980, traz a desordem gráfica, para contestar a aparente ordem desejada, após 30 anos do início da industrialização no país. Síntese, sem fechar a discussão, dos signos e emblemas do momento vigente à época, com crise econômica na América Latina, queda do PIB e inflação, Burocráticas, como em outras obras, é o decalque invertido de uma sociedade. Como se tudo estivesse fora da ordem, e os objetos produzidos

pela artista fossem “registros fósseis invertidos de uma sociedade tão preocupada em ordenar e progredir”, sua linguagem se distende como como arqueologia do nosso passado, e cartografia como leitura do presente no instante do acontecimento da obra.

ANTONIO LIZÁRRAGA

Argentino de origem, naturalizado brasileiro desde fins da década de 50, Antonio Lizárraga foi um dos artistas mais proeminentes e múltiplos da sua geração. Designer, programador visual, ilustrador, pintor, escultor e um dos primeiros a realizar intervenções no espaço público, na cidade de SP, colaborou até 1967, como ilustrador para o Suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo.

Para a mostra da Galeria Marcelo Guarnieri, o fascínio pelo maquinário moderno de escalas monumentais, como escavadeiras e guindastes, projetos urbanísticos de grandes avenidas, aparece acompanhado do interesse pelo acidental, pelo erro, pela ruína, articulando, em suas obras, o orgânico e o mecânico. Em Cubos/Sem Título, de 1990, ao cortar as superfícies, novos planos e estruturas surgem, num objeto tridimensional.

Apontado pela crítica de arte como uma das referências da pintura brasileira contemporânea, seja pelo seu particular método de trabalho e processo criativo desenvolvido após um acidente vascular cerebral (AVC), ou a resistência à arte concreta da década de 60, e a necessidade em se manter fora de grupos e escolas, caracterizando assim uma produção crítica e autônoma.

Após o AVC, o artista perdeu parcialmente os movimentos das pernas e dos braços, produzindo, a partir daí, os desenhos ditados, série de trabalhos que se materializavam por meio da ação de outras pessoas que operavam a partir das orientações e comandos que Lizárraga emitia por meio da voz. Antes dos desenhos ditados, porém, vieram os poemas ditados, e talvez, a melhor ilustração sobre como se relacionava Lizárraga com a definição – ou expansão – da ideia de limite, seja mesmo dada por um deles: “existe um homem que constrói mirantes para os peixes começarem a gostar do mar”

SERVIÇO:

Gerty Saruê e Antonio Lizárraga Abertura: 07 de outubro, sábado, das 14 às 18 horas.

Data da exposição: 07 de outubro até 14 de novembro de 2017

Alameda Lorena, 1966 – Jardins São Paulo – SP – Brasil / 01424 006

tel +55 (11) 3063 5410 / 3083 4873 |

[email protected] seg – sex: 10h às 19h / sáb: 10h às 17h

Mais informações, acessar a página www.galeriamarceloguarnieri.com.br Assessoria de Comunicação: Agência Blush Hussein Rimi – fone (11) 3081 5844 – [email protected]

SOBRE A GALERIA MARCELO GUARNIERI

Reconhecido nome da arte moderna e contemporânea em Ribeirão Preto (SP), o galerista Marcelo Guarnieri pertence à geração dos anos 1980 que levou para a cidade no interior de São Paulo exposições e mostras de nomes como Iberê Camargo, Siron Franco, Carmela Gross, João Rossi, Lívio Abramo, Amílcar de Castro, Tomie Ohtake, Volpi, entre outros. Dominada até então pelos artistas locais, em um trabalho de vendas informal, Guarnieri, ao lado de João Ferraz (hoje IFF) e colecionadores de artes, cultivou um espaço que hoje pode ser considerado o resultado de um trabalho de consolidação profissional de imagem e de um olhar estético técnico e apurado.

Por um período de dois anos, Marcelo foi diretor do Museu de Arte de Ribeirão Preto – o MARP – em sua fase inicial. No ano de 2006 nascia a Galeria de Arte Marcelo Guarnieri com o desejo de criar um espaço fora do eixo Rio-SP, que dialogasse com nomes das artes moderna e contemporânea. Em oito anos, além das exposições mencionadas acima, a participação em feiras e eventos nacionais e internacionais, atraíram apreciadores da arte para o endereço. Resultado da experiência e da percepção de Guarnieri e de sua equipe: notaram que, além da apresentação de nomes significativos do último período de produção artística, era necessário fortalecer, cultivar e estimular no público o entendimento da obra, do artista e do seu tempo de produção por meio de visitas e atividades educacionais.

“Penso que criar essa nova mentalidade ainda é um processo em construção, porém, bem melhor que nos primeiros tempos. Hoje temos facilidades conquistadas com a Internet. Acabamos trabalhando, também, com clientes de SP e do Rio”, diz Marcelo Guarnieri. Além da sede em São Paulo e das duas galeria em Ribeirão Preto, Guarnieri desembarca com um novo espaço expositivo no Rio, onde trabalhará arte moderna e contemporânea num diálogo constante, com o mesmo cuidado, qualidade e atenção de suas unidades paulistas.

A galeria carioca representará novos e já consagrados artistas, entre eles destaca-se o nome da prestigiada Gabriela Machado, catarinense radicada no Rio de Janeiro há muitos anos. www.galeriamarceloguarnieri.com.br

 

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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