INSTALAÇÃO/ESPETÁCULO – GRANDE SERTÃO: VEREDAS
“Contar é muito, muito dificultoso“
“Carece de ter coragem…“
Como transpor ao palco uma leitura da maior obra literária brasileira do século XX? Mais que uma pergunta, esta foi a missão da diretora teatral Bia Lessa ao decidir coisificar os universos contidos em Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, e as inúmeras possibilidades de análise do romance. A resposta é fruto de um processo que durou quatro meses de trabalho diário com o elenco e será revelada ao público, no próximo dia 09 de setembro (sábado), em uma realização do Sesc São Paulo, na área de convivência da unidade Consolação. Com o apoio do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, o projeto conta com o patrocínio do Banco do Brasil, da Globosat e o apoio do Instituto E.
No elenco, Caio Blat, Luíza Lemmertz, Luísa Arraes, Leonardo Miggiorin, Leon Góes, Balbino de Paula, Daniel Passi, Elias de Castro, Lucas Oranmian e Clara Lessa. Para dar vida ao mítico sertão, Bia reuniu nomes como Egberto Gismonti (música), Camila Toledo (concepção espacial, com a colaboração de Paulo Mendes da Rocha), Sylvie Leblanc (figurino) e Fernando Mello da Costa (adereços). A temporada paulista vai de 09 de setembro a 22 de Outubro. Após São Paulo, o espetáculo segue para o Rio de Janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil, para temporada de janeiro a março de 2018.
“Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância.“
Bia conhece profundamente o Sertão de Guimarães Rosa. Ela levou o público para dentro da obra na inauguração do Museu da Língua Portuguesa (SP), em 2006. A exposição foi aclamada por onde passou. Agora, ela convida a plateia a um mergulho fundo na epopeia narrada pelo jagunço Riobaldo (Caio Blat), que atravessa o sertão para combater seu maior inimigo, Hermógenes (Leon Goes), fazer um pacto com o diabo e descobrir seu amor por Diadorim (Luíza Lemmertz). Trata-se de uma instalação, visitada e experimentada pelo público diariamente na área de convivência do Sesc Consolação, e o espetáculo, encenado na mesma estrutura, em 2 horas e 40 minutos de encenação ininterruptas, com o elenco em cena permanentemente, em que o público experimenta a dissolução das fronteiras entre início e fim do espetáculo; entre teatro, cinema e artes plásticas; entre literatura e encenação.
“O teatro para mim é sagrado. Me dedico a ele de tempos em tempos, não me sinto com capacidade de realizar espetáculos um após o outro. Me deparei com o Grande Sertão e ele se apoderou de mim mais uma vez. Quando montei a exposição, algumas questões se apresentavam: a principal delas era como utilizar imagens sem que o significado do Sertão de Guimarães ficasse reduzido a um único lugar. A opção na época foi trabalhar apenas com palavras. No teatro, essa questão volta a se impor: ‘o sertão está dentro da gente’. Nosso caminho foi realizar um trabalho onde homens, animais e vegetais estabelecessem uma relação de diálogo sem supremacia entre eles. Não estamos exatamente no sertão, mas num espaço “ecológico” e metafísico onde tudo cabe. Um espaço, uma imagem, que nos possibilita a experiência proposta pelo romance, sem obviamente realizar o romance tal como é – fidelidade absoluta (todas as palavras ditas são de Guimarães Rosa), mas liberdade infinita, visto que é apenas uma das leituras possíveis da riquíssima obra de Guimarães. Escolhemos não utilizar grandes efeitos ou recursos, a não ser a valorização do universo sonoro dos espaços propostos pelo romance, apenas os próprios atores”, pontua a diretora.
“O sertão está em toda parte“
A grande estrutura tubular concebida lembra um claustro, uma gaiola. Instalada na área de convivência do Sesc Consolação, também é, ao mesmo tempo, cenário de violentas batalhas e de reflexões profundas. Como instalação, poderá ser visitada diariamente. 250 bonecos de feltro com tamanho humano, criados pelo aderecista Fernando Mello da Costa, confeccionados com apoio do Instituto-E / Osklen, compõem uma imagem permanente: a cena da morte de Diadorim como um presépio, passível da participação do público, não só como espectador, mas também como agente da ação, ocupando o lugar da personagem. A trilha sonora completa a atmosfera do Grande Sertão: Veredas, composta por três camadas: os ruídos e sons ambientes, a música composta por Egberto Gismonti e a trilha sonora que representa nossa memória emotiva, com músicas que fazem parte de nosso imaginário. Os figurinos são uma leitura do sertão, sem regionalizá-lo – são personagens do mundo.
Em um trabalho tão artesanal, marca da diretora (que passou mais de 600 horas com o elenco, em ensaios diários desde 01 de maio), e de grande esforço físico (a preparação corporal foi um dos aspectos indissociáveis do trabalho de direção, com aulas de corpo por Amalia Lima diariamente durante os 4 meses de ensaio), a tecnologia foi fundamental para guiar o público em tantas veredas. Cada espectador usará fones de ouvido que permitirão escutar separadamente a trilha sonora, as vozes dos atores, os efeitos sonoros e sons ambientes, levando-o a um nível inédito de interação com a dimensão sonora do espetáculo. Apesar de todos compartilharem o espaço na plateia, cada um terá uma experiência única durante a apresentação.
“Essas são as horas da gente. As outras, de todo tempo, são as horas de todos“
“No Grande Sertão há uma noção particular de tempo. A gente estreia dia 9 de setembro e ele segue acontecendo até o último dia da temporada, pois a instalação continua se transformando, o cenário vai estar em modificação continuamente, a obra de Guimarães que acaba com o infinito“, conclui Bia Lessa que dedica o trabalho a Violeta Arraes.
SINOPSE
Em montagem inédita na área de convivência do Sesc Consolação, Bia Lessa propõe a um só tempo uma peça de teatro e uma instalação em sua adaptação do livro Grande Sertão: Veredas –matriz do moderno romance brasileiro e obra-prima de João Guimarães Rosa. A peça traz para o palco a saga do jagunço Riobaldo que atravessa o sertão para combater seu maior inimigo, Hermógenes, fazer o pacto com o diabo e viver seu amor por Diadorim. O cenário-instalação estará aberto à visitação do público.
FICHA TÉCNICA
Concepção, Direção Geral, Adaptação e Desenho de Luz – Bia Lessa
Elenco – Balbino de Paula, Caio Blat, Clara Lessa, Daniel Passi, Elias de Castro, Luíza Lemmertz, Leonardo Miggiorin, Leon Góes e Luísa Arraes.
Concepção Espacial – Camila Toledo, com colaboração de Paulo Mendes da Rocha
Música – Egbert Gismonti
Colaboração – Dany Roland
Desenho de Som – Fernando Henna e Daniel Turini
Adereços – Fernando Mello Da Costa
Figurino – Sylvie Leblanc
Desenho de Luz – Binho Schaefer
Projeto de Audio – Marcio Pilot
Diretor Assistente: Bruno Siniscalchi
Assistente de Direção: Amália Lima
Direção Executiva: Maria Duarte
Produtor Executivo: Arlindo Hartz
Colaboração – Flora Sussekind, Marília Rothier, Silviano Santiago, Ana Luiza Martins Costa, Roberto Machado
Idealização: 2+3 Produções Artísticas Ltda
Realização: Sesc, Ministério da Cultura, Lei de Incentivo à Cultura.
Patrocínio Master: Banco do Brasil
Patrocínio: Globosat.
Apoio: Instituto-E
Agradecimento especial à viúva do Autor, a quem a obra foi dedicada, Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa, à Nonada Cultural e a Tess Advogados.
© Nonada Cultural Ltda.
SERVIÇO – GRANDE SERTÃO: VEREDAS
De 9 de setembro a 22 de outubro
Local: Sesc Consolação – Rua Doutor Vila Nova, 245 – Vila Buarque, São Paulo
Espetáculo
Estreia: 9 de setembro (sábado), às 20h30
Horários: Quintas a sábados e feriado, às 20h30. Domingos, às 18h30
Duração: 160 minutos
Ingressos: R$40,00. R$20,00 (meia-entrada: estudante, servidor de escola pública, +60 anos, aposentado e pessoa com deficiência). R$12,00 (credencial plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). Ingressos à venda pelo Portal sescsp.org.br a partir das 18h de 29/8 e nas bilheterias do Sesc São Paulo a partir das 17h30 do dia 30/8.
Capacidade: 160 espectadores
Classificação: 18 anos
Instalação
Visitação livre: a partir de 11 de setembro.
Horários: Segunda a quarta, 11h às 21h30. Quintas e sextas, 11h às 19h30. Sábados, 10h30 às 19h.
Capacidade: 100 pessoas
Classificação: livre
BIA LESSA – Bia Lessa é uma artista multifacetada, cineasta, diretora de teatro e ópera, exposições, ganhadora de vários prêmios. Suas obras são exibidas em vários países, como Alemanha, França e EUA. Criadora do Pavilhão Brasileiro na Expo 2000 em Hannover, Mostra Redescobrimento na Bienal SP, Reabertura do Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a ópera Il Trovattore, Pavilhão Humanidades 2012 (Rio + 20), reinauguração dos painéis Guerra e Paz de Candido Portinari na ONU em NY. No cinema, dirigiu os filmes CREDE-MI mostrado em festivais internacionais (Berlim, Biarritz, Nova Iorque, Jerusalem, Brisbane, Minsk, entre outros).