Guanabara Canibal no CCBB/BH

Por Paulo Varella - dezembro 3, 2017
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ESPETÁCULO “GUANABARA CANIBAL”, DA “AQUELA CIA.” SE APRESENTA ATÉ

18 DE DEZEMBRO, NO CCBB

COM DIREÇÃO DE MARCO ANDRÉ NUNES E TEXTO DE PEDRO KOSOVSKI,

PEÇA ABORDA FUNDAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

 

Guanabara, Maracanã, Ipanema, carioca. Além de palavras de origem tupi, o que mais restou de registro da presença dos índios no Rio de Janeiro? Após 450 anos, o diretor Marco André Nunes e o dramaturgo Pedro Kosovski, da Aquela Cia., pesquisaram as raízes da fundação da cidade para a concepção da peça Guanabara Canibal, que se apresenta no Centro Cultural Banco do Brasil – Belo Horizonte (CCBB-BH), até o dia 18 de dezembro.

“Em diversas cidades do Brasil, nossa história, basicamente, é a mesma. Milhões de indígenas viviam aqui há alguns mil anos e, em determinado momento, tiveram que enfrentar verdadeiras forças de ocupação. Nesse enfrentamento foram dizimadas. A narrativa oficial fez com que nos identificássemos com ‘descobridores’, mas isso está mudando em todo o país. Falar da fundação do Rio de Janeiro é inevitavelmente falar sobre o Brasil”, explica o diretor Marco André Nunes.

A dupla de atores Carolina Virguez e Matheus Macena – que atuou em “Caranguejo Overdrive” (2012) e recebeu indicações a diversas premiações de teatro, sendo Carolina vencedora como Melhor Atriz dos prêmios Shell, APTR e Questão de Crítica –, está em cena ao lado João Lucas Romero, Reinaldo Junior e Zaion Salomão.

Nesta nova peça, Aquela Cia. retorna às origens ao olhar para a fundação da cidade, tendo como referência para a construção da dramaturgia a literatura quinhentista, que inclui os relatos dos cronistas franceses Jean de Lery e André Thevet, que acompanharam a formação da colônia França-Antártica, no Rio de Janeiro, e o poema “De Gestis Mendi de Saa” (Feitos de Mem de Sá), do padre José de Anchieta, que narra a ofensiva portuguesa contra os tupinambás e ocupação francesa na cidade.

“A pesquisa feita para a criação das duas primeiras peças, nos estimulou a continuar a investigação. Ao reler ‘O Povo Brasileiro’, de Darcy Ribeiro, me deparei com um poema de José de Anchieta sobre os feitos de Mem de Sá durante as batalhas que dizimaram várias aldeias tupinambás e consagraram o domínio de Portugal sobre o nosso território”, lembra o diretor.

A dramaturgia de Pedro Kosovski, assim como nos trabalhos anteriores, apoia-se nessa paisagem histórica para narrar questões urgentes para atualidade e rever criticamente nosso passado. “Havia cerca de oitenta aldeias indígenas no entorno da baía da Guanabara, uma população com milhares de habitantes: onde estão os monumentos e as narrativas sobre a intensa vida nesse território antes da sua colonização?”, questiona-se Kosovski.

Antes da fundação do Rio de Janeiro, a terra era de domínio de tribos indígenas que, apesar de rivais, falavam a mesma língua e tinham costumes semelhantes, como o ritual de canibalismo: por vingança, a tribo capturava um rival e este passava a conviver com eles até o dia de sua execução, que era visto por todos como uma morte digna. Diferente do que aconteceu com a chegada dos portugueses – na Batalha de Uruçumirim, travada nas águas da Guanabara, na altura do Outeiro da Glória – que expulsaram os franceses do território e exterminaram os índios que ali viviam.

Assim como nos espetáculos anteriores, a música está sempre presente na cena, na direção musical de Felipe Storino. Em versões acústica, eletrônica, com coro, percussão, piano, microfones e tecnologia. Também compõem a encenação elementos primários como terra, água, farinha e pó de urucum.

“Nossa expectativa para a temporada em Belo Horizonte é a melhor possível, a temporada no Rio foi linda e voltar a encontrar o público mineiro, depois das apresentações de ‘Caranguejo Overdrive’, com esse espetáculo que fala tanto sobre o Brasil hoje, é muito estimulante”, finaliza Marco André Nunes.

 

 

SOBRE AQUELA CIA.

Em 2005, Marco André Nunes e Pedro Kosovski fundaram a Aquela Cia. e vêm desenvolvendo, ao lado de outros artistas, uma linguagem cênica própria e uma dramaturgia inédita. Entre as encenações mais recentes, destacam-se “Outside: um musical noir” (2011), indicado aos prêmios Shell, APTR e Questão de Crítica; “Cara de Cavalo” (2012), indicado aos prêmios Shell Questão de Crítica; “Edypop” (2014), indicado aos prêmios Questão de Crítica e Cesgranrio e “Laio e Crísipo” e “Caranguejo Overdrive” premiado em diversas categorias do Shell, APTR, Cesgranrio e Questão de Crítica.

 

SERVIÇO CCBB BELO HORIZONTE

“Guanabara Canibal”

Dias e horários: até 18/12, de sexta a segunda, sempre às 20h.

Local: CCBB Belo Horizonte (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários).

Informações: (31) 3431-9400

Capacidade: 258 lugares

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)*

*clientes Banco tem pré-venda venda exclusiva e também 50% de desconto em toda a temporada.

Duração: 80 minutos.

Classificação indicativa: 14 anos.

Gênero: Drama

Ingressos na bilheteria ou no site: eventim.com.br

Informações: bb.com.br/cultura

 

FICHA TÉCNICA

Direção: Marco André Nunes

Texto: Pedro Kosovski

Atores: Carolina Virguez, Matheus Macena, Reinaldo Junior, João Lucas Romero e Zaion Salomão

Direção Musical: Felipe Storino

Iluminação: Renato Machado

Instalação Cênica: Marco André Nunes e Marcelo Marques

Figurino: Marcelo Marques

Visagismo: Joseff Cheslow

Produção Executiva: Aline Mohamad | MS Arte & Cultura

Produção Geral: Núcleo Corpo Rastreado

Realização: Aquela Cia.

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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