Inscrições abertas para oficina com bailarino Tuca Pinheiro
“A urgência da Ineficiência” é tema de oficina realizada nos dias 08 e 09 de junho, das 13h às 17h, no Cenarium Escola de Dança. A atividade faz parte do projeto “Ensaio para algo que não sabemos”, de autoria de Dani Alves e Karina Collaço. Inscrições gratuitas
O que: Oficina com Tuca Pinheiro
“A Urgência da Ineficiência”
Quando: 08 e 09 de junho, das 13h às 17h
Local: Cenarium Escola de Dança
Rua Eduardo Gonçalves D’avila 150 – Itacorubi
Inscrições gratuitas até o dia 05/06 pelo e-mail:
SOBRE a oficina
Essa oficina é um trabalho de pesquisa que vem sendo desenvolvido pelo diretor coreógrafico Tuca Pinheiro, no intuito de fomentar, discutir e propor, através de um diálogo prático/teórico, ferramentas, estratégias, e outras lógicas que auxiliem os interessados na criação em dança contemporânea a desenvolverem e (re)organizarem os respectivos materiais , a partir da ineficiência, dos esburacamentos dos repertórios de movimentos, e da instabilidade. Para tanto é imprescindível a escuta das questões individuais (pessoais e artísticas) e como essas questões dialogam com o mundo. O esburacamento dos arquivos e códigos já existentes como dispositivos na construção de células e composição coreográfica, sempre a partir de exercícios e propostas somáticas. Esburacar enquanto possibilidade de abrir frestas e circulação de outras ideias, outras possibilidades. A instabilidade como suporte para a investigação e o entendimento da criação enquanto uma prática não assertiva.
Sobre Tuca Pinheiro
Bailarino, formado em dança clássica e contemporânea, diretor coreográfico, criador, professor e pesquisador em dança contemporânea. Vem desenvolvendo seus estudos, parcerias, e criações coreográficas, junto a profissionais brasileiros e estrangeiros com o foco voltado à pesquisa teórico/prática em dramaturgia de dança; bem como a pesquisa de novos dispositivos que atuem e auxiliem o bailarino interprete/criador nos processos de criação/composição coreográfica em dança contemporânea.
Entrevista com Dani Alves e Karina Collaço sobre o projeto “Ensaio sobre algo que não sabemos”
1) Como está sendo o desenrolar do projeto ? Em que fase está o processo?
Permanecemos em processo de construção e essa característica parece ser a potência deste projeto: a persistência em exercitar a escuta, em permitir-se habitar um espaço de incertezas. Nossos treinamentos são alimentados por muitas reflexões referentes à questões que permeiam nossas vidas. Estamos tendo o acompanhamento da artista Paloma Bianchi que, através de seus questionamentos, procura estimular nosso processo criativo e problematizar as questões que estamos investigando: o corpo como fenômeno de expressões vinculadas à sua visão de mundo, carregando para a cena suas cicatrizes. Recebemos um convite para participar do Seminário de Pesquisa em Artes Cênicas da UDESC. Estruturamos uma demonstração chamada “ação colaborativa para processo criativo”, estabelecendo um espaço de troca e compartilhamento através de um diálogo teórico-prático. Fomos presenteadas nesse encontro por uma série de críticas que de alguma forma fortaleceram nossos estudos e nos proporcionaram novos olhares para o projeto.
2) Sobre quais temas o ensaio está sendo estruturado? Como eles (temas) se relacionam com a construção dos gestos? Sobre o que falam por meio do corpo?
Estamos pensando no trabalho como um diálogo com a vida, construindo um mecanismo de criação gerado por nossas próprias experiências. Apontar nossas incertezas, refletir sobre nossos medos… Diante do contexto em que nos encontramos, algo está muito latente: discussões relacionadas ao feminismo. Onde podemos chegar com tais reflexões? O que o feminismo como teoria, como filosofia e como prática tem a nos dizer e a nos ensinar? Vivemos em uma sociedade patriarcal, que estabeleceu privilégios ao homem, ao mesmo tempo que o abandonou a uma miséria espiritual. Compreendemos o feminismo como uma potência transformadora e falar sobre esse tema nos coloca em um universo de incertezas. A única certeza que temos é que precisamos falar.
O corpo é parte constituinte da sociedade, articula e dialoga com o mundo em que vive. Então a violência, a sujeição, a objetificação são alguns dos princípios que norteiam nossos gestos. Procuramos levar à cena gestos que possibilitem ao espectador outro olhar para aquilo que lhe é habitual, de modo a redefinir as inúmeras formas de que os enxergamos – gestos comuns a todos, mas que são carregados de subjetividades, gerando incômodo ao público justamente por saírem da zona de intimidade e serem compartilhados na cena.
3) Ensaio para algo que não sabemos pode ser uma forma de evidenciar a riqueza do processo criativo e construtivo? Pensando neste território “nome da obra” o resultado é indefinido “não sabemos o que é, questiona essas certezas do nosso tempo, os resultado premeditados? Há alguma reflexão neste sentido?
Vivemos em uma sociedade que prega a certeza, a convicção, a perfeição, a verdade absoluta, mas, no entanto, nada disso parece fazer sentido. Essas imposições também são frutos de nossa construção social. Nosso interesse preza pela importância de se permitir experienciar. A experiência é fruto de nossas relações com o outro e/ou através do outro, isso possibilita a transformação do sujeito. A verdade pode ser vista como o desejo de transpor sua essência, mas talvez nunca a tenhamos de fato, pois se compreende a existência como um espaço de dúvida e consequente incompletude. Incertezas. Não saber.
4) E como está definida a agenda do projeto?
Temos neste primeiro momento a oficina com Tuca Pinheiro, nos dias 08 e 09 de junho. Em breve também com a artista Paloma Bianchi até a nossa agenda de espetáculos e oficinas de 14 a 15 de setembro no Teatro SESC em Jaraguá do Sul, de 28 a 30 de setembro no CEART/UDESC em Florianópolis e de 05 a 07 de outubro no Teatro Municipal Bruno Nitz em Balneário Camboriú.
jornalista e videógrafa
+55 (48) 9982-5750