Mamihlapinatapai na Galeria Vermelho

Por Paulo Varella - outubro 16, 2017
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Mamihlapinatapai

 

O título usado por Cadu para sua quarta exposição individual na Vermelho, Mamihlapinatapai, pode ser interpretado como a primeira obra ou gesto da exposição. A palavra tem origem no povo Yagan, indígena do arquipélago chileno da região da Terra do Fogo, e é registrada pelo livro Guinness de recordes como a palavra mais sucinta do mundo. Com tradução complexa, a palavra descreve um sentimento: “um olhar trocado entre duas pessoas no qual cada uma espera que a outra tome a iniciativa de algo que os dois desejam, mas nenhuma quer começar ou sugerir”, segundo Cristina Calderón, a última falante viva registrada da língua Yagan.

 

Com o tempo, a palavra ganhou novos significados e hoje pode ser entendida como um olhar compartilhado entre duas pessoas que se entendem e concordam com algo não falado. É um silêncio expressivo e significativo. Para Cadu, seus 10 anos de trabalho com a Vermelho, celebrados nessa exposição, construíram esse tipo de cumplicidade.

 

É a partir dessa cumplicidade que o artista propõe a instalação Negative Tap Dance [Sapateado Negativo, em tradução livre] que ocupa a sala principal da galeria. Para realiza-la, o artista utilizou a própria equipe da Vermelho como objeto de pesquisa e construiu um território aonde todos os componentes da equipe se igualam, através de um processo de escavação do chão que parelha as alturas de todos os funcionários – o funcionário de altura mais baixa ocupa um quadrante no nível mais próximo do chão do espaço e o mais alto ocupa o quadrante mais profundo, compensando as diferenças de alturas entre eles. Para Cadu, essa equiparação é fundamental, tanto para o funcionamento da galeria em si como para sua relação pessoal de trabalho.

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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