Maria Leontina ganha exposição panorâmica na Bergamin & Gomide
A partir de junho, pinturas e desenhos de diferentes períodos celebram 40 anos de produção da artista que teve o trabalho conhecido como “geometria sensível”
Com a proposta de reintroduzir ao público uma produção que visualmente e conceitualmente foi pioneira ao mesclar geometria, figuração e abstração, a galeria Bergamin & Gomide reúne, a partir de 1º de junho, parte importante da obra de Maria Leontina em exposição individual. “Leontina é muitas vezes lembrada na história como esposa de Milton Dacosta. Essa mostra busca fazer uma revisão dessa perspectiva”, afirmam os sócios Antonia Bergamin e Thiago Gomide.
Maria Leontina iniciou sua produção na década de 1940 com trabalhos feitos em tela e papel. Seus desenhos e pinturas partiram de uma linguagem figurativa para uma abordagem expressionista e, ao longo dos anos 1950, os temas tradicionais como naturezas-mortas e retratos deram lugar para paisagens urbanas e construções geométricas. Nesse período, a artista flertou com o construtivismo, no momento proeminente nas artes plásticas do país, porém sua obra não aderiu aos dogmas do movimento e dessa forma sua relação com as formas e cores se deu de forma leve e translúcida, a chamada “geometria sensível”.
A fase “construtiva” de Maria Leontina, que durou até 1961, é considerada por diversos críticos como o momento de maior singularidade em seu percurso artístico. Como afirma o crítico Frederico Morais, nesses trabalhos ocorre “o justo equilíbrio entre expressão e construção, cálculo e emoção”. E o crítico Ferreira Gullar faz referência aos trabalhos de Paul Klee (1879-1940) e Joán Miró (1893-1980), pela produção abstrata de Leontina.
“Queremos mostrar ao público um apanhado geral da obra dessa artista essencial à arte nacional. O trabalho de Maria Leontina possivelmente está em um dos pontos de intersecção da arte moderna com a arte contemporânea brasileira”, completam os sócios da galeria.
Maria Leontina
Abertura:
Abertura: 01 de junho, das 19 às 22h
Visitação até 15 de julho
Visitação:
Seg. a sex., 10h/19h; sáb., 10h/15h
Entrada gratuita
Galeria Bergamin & Gomide
Rua Oscar Freire, 379, loja 1, tel. 11 3853-5800 (www.bergamingomide.com.br)
Sobre a Bergamin & Gomide:
Criada em 2000, em São Paulo, por Jones Bergamin, a galeria recebeu importantes exposições desde então, tais como a retrospectiva do artista Iberê Camargo e a exposição coletiva “Através”, com curadoria de Lisette Lagnado, que mostrou pela primeira vez a “Tteia”, talvez a obra mais importante de Lygia Pape. Ao longo dos anos foram realizadas exposições individuais de artistas como José Resende, Aluísio Carvão, Alair Gomes e Milton Dacosta. Em 2012, Antonia Bergamin, filha de Jones Bergamin, assumiu a direção da galeria junto com Thiago Gomide. Atuando no mercado secundário e sem uma lista fixa de artistas representados, a galeria é aberta para trabalhar com um amplo número de artistas, sejam eles consagrados ou emergentes, nacionais ou estrangeiros. Essa liberdade também permite a organização de exposições que abrangem diferentes temas, períodos e movimentos, possibilitando assim um programa flexível e inovador com quatro exposições ao ano, dentre individuais, coletivas, temáticas e interdisciplinares.
Exposições recentes incluem a individual do artista Amadeo Luciano Lorenzato, intitulada “E você nem imagina que Epaminondas sou eu”, com curadoria de Rivane Neuenschwander e Alexandre da Cunha, em 2014; a coletiva “Atributos do Silêncio”, com curadoria de Felipe Scovino e “SERPA + ZALSZUPIN” com obras de Ivan Serpa e móveis modernos de Jorge Zalszupin, ambas em 2015; a individual “BEUYS”, que apresentou esculturas, desenhos, papéis e vídeos, incluindo os clássicos “Felt Suit”, “I like America and America likes me” e “Capri-Batterie”, de Joseph Beuys e a coletiva “In Between”, com curadoria de Luisa Duarte, ambas em 2016; e a mais recente “Fabio Mauri (Senza Arte)”, primeira exposição individual no Brasil do aclamado artista italiano, em 2017.