Mostra de Mario Ishikawa traz à tona o caráter coletivo e politico íntrinseco à sua obra
Cerca de 70 trabalhos – alguns inéditos – entre xerox, colagens e arte postal, desenvolvidos entre 1968 e 1983, estarão reunidos pela primeira vez em exposição na galeria Jaqueline Martins a partir do dia 23 de setembro
Criadas para circular ideias e mensagens a partir de notícias dos jornais no final da década de 1960 até meados de 1980, período de ditadura militar no Brasil, a obra do artista Mario Ishikawa estarã reunida pela primeira vez a partir do dia 23 de setembro, na galeria Jaqueline Martins.
Para o texto da exposição, o pesquisador Yudi Rafael pensou num formato diferente: perguntas e respostas feitas ao artistas em conjunto por Christine Mello, Jeffrey Lesser, Lais Myrrha, Mirtes Marins de Oliveira e Pedro Barbosa.
A partir do xerox, colagens, arte postal, Ishikawa se apropriou de imagens e, interferindo sobre elas, criou códigos com o intuito de fazer circular e manifestar a insatisfação de uma geração que clamava pelo fim do sistema ditatorial. Abaixo, um breve resumo, com a pergunta de Christine Mello, dá o tom da produção e do seu tempo amargamente atual.
Christine Mello: Durante os anos de chumbo, você trabalhou com o efêmero, com o invisível e com os fluxos midiáticos. Como você observa hoje trabalhar com tais questões? Que caráter tradutório tem entre o peso e a leveza no seu trabalho?
Mario Ishikawa: Nas circunstâncias em que foram produzidos estes trabalhos, eu não estava preocupado com sua permanência e preservação. Me preocupava o presente, veicular a informação, comunicar um ponto de vista. Pra mim é importante a idéia do anartístico. Eram da ordem do descartável, por isso os trabalhos eram dados, distribuídos gratuitamente.
[…]
Trabalhei com atitudes da época do chumbo: queimar, rasgar, jogar fora, descartar. Como o panfleto, que carrega uma informação, seja sobre assembléia, greve, reivindicações. Na época, os panfletos eram comuns e circulavam de forma clandestina, por baixo dos panos. Como alguém que se comporta de modo a não levantar suspeitas e entrega algo a alguém, ou faz uso de códigos cifrados, como na guerra se faz uso de criptografia.
[…]
Não julgava importante a permanência destes trabalhos, já que faziam parte de um período que tinha que acabar. Na Espanha houve o mesmo problema, e os exilados espanhóis no México, na época do Franco, ficavam apostando: “este ano cai”. Esse era um gesto de convicção. A efemeridade e a impermanência tinham a ver com este momento, que eu queria que acabasse, que esperava que fosse cair. Era para o momento, no sentido de responde-lo, e não para ser preservado para o futuro.
Torneio Democrático: Mário Ishikawa
Abertura:
Dia 23 de setembro, sábado, às 15h
Visitação: terça a sexta, 10h/19h; sáb., 12h/17h
Até dia 28 de outubro de 2017
Entrada Gratuita
Galeria Jaqueline Martins
Rua Dr. Cesário Mota Júnior, 443 | Vila Buarque | tel: 2628-1943
www.galeriajaquelinemartins.com.br
Sobre o artista:
Mário Noboru Ishikawa (Presidente Prudente, SP, 1944). Pintor, desenhista, artista intermídia e professor. Ainda como estudante, participou da 1ª Bienal de Artes Plásticas em Salvador e do 15º Salão Paulista de Arte Moderna, em 1966. Em 1968, formou-se em desenho pela Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo. Entre 1968 e 1977, foi professor da Faculdade de Belas Artes, na mesma cidade. Na Pinacoteca do Estado, realizou a mostra Lugar Comum, em 1977, e integrou as exposiçõesXerografia, em 1980, e Arte Xerox Brasil, em 1984, em São Paulo, entre outras. Lecionou artes plásticas na Faap entre 1970 e 1989. Participou da Bienal Internacional de São Paulo em 1967 e 1989. Ministrou aulas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), de 1971 a 1978, e integra o corpo docente do Departamento de Artes Plásticas da Universidade São Judas Tadeu desde 1995. Apresentou trabalhos na individual Discurso Político & Memórias, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), em 1984. Durante a década de 1990, expôs em diversas mostras no Brasil e no Japão.
—
Informações para a Imprensa:
Juliana Gola | 11. 9 9595-2341 | [email protected]
Galeria Jaqueline Martins abre individual de Ana Mazzei dia 23 de setembro
A artista apresenta trabalhos inéditos em desenho, escultura e instalação e experimenta pela primeira vez um diálogo com a música feita ao vivo por performers convidados
A artista Ana Mazzei propõe novas experimentações em sua segunda individual marcada para abrir dia 23 de setembro na galeria Jaqueline Martins, no centro de São Paulo. “Serão três conjuntos de trabalhos com uma abordagem mais intuitiva e que sugerem a participação do espectador”, conta ela. Trabalhando com madeira e tecido, Ana escolheu também o corpo humano como parte implícita nos trabalhos, e músicos irão fazer uma performance nos dias da abertura e encerramento.
O título, DramaFobia, ela conta que surgiu durante uma conversa com o dramaturgo e diretor de teatro Roberto Alvim, que colaborou com um ensaio que compõe o folder da exposição. A intenção é traçar um percurso que envolva o espectador em ambientes distintos, “um conjunto não fluido, não hierárquico, não histórico e transcultural de ideias, objetos e imagens”, completa.
A mostra ocupará o segundo andar da galeria e, entre as obras, pequenos desenhos que apontam os desdobramentos de projetos anteriores. Assim, cria um percurso de leitura entre ideia, projeto e resultado final que se confundem de maneira complexa e muitas vezes incompleta.
Na fachada da galeria, do lado de fora, a artista pensou ainda numa intervenção, uma estrutura toda de ferro, que remeta a um portal. “Como se quem entrasse seguisse para um outro lugar, um novo ambiente”, diz. A apresentação musical, composta especialmente para a exposição, também tem intenções claras: “Proponho uma ativação sonora, um outro sentido se incorporando à criação, que vai além da simples observação”, completa.
DramaFobia
Ana Mazzei
Abertura:
Dia 23 de setembro, sábado, às 12h
Visitação: terça a sexta, 10h/19h; sáb., 12h/17h
Até dia 28 de outubro de 2017
Entrada Gratuita
Galeria Jaqueline Martins
Rua Dr. Cesário Mota Júnior, 443 | Vila Buarque | tel: 2628-1943
www.galeriajaquelinemartins.com.br