Metabiótica na Galeria Inox

Por Paulo Varella - julho 26, 2017
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METABIÓTICA

A Galeria Inox (Av. Atlântica 4240, subsolo 101, Copacabana. Tel: 2521-9940) inaugura nessa quinta-feira (19h às 22h) a exposição “Metabiótica” com seis obras do artista Alexandre Orion. Em Metabiótica, Alexandre Orion escolhe um local da cidade, realiza uma pintura na parede e, com a câmera em punho, aguarda pelo momento em que as pessoas interagem espontaneamente com suas pinturas. Orion atribui à intervenção urbana uma dimensão na vida real, e promove o encontro (ou o confronto) entre realidade e ficção dentro do campo fotográfico. É no momento decisivo de interação entre o pedestre e a imagem pintada que a fotografia de Metabiótica é gerada, contrapondo-se aos tradicionais quadros fotográficos que nos transmitem a falsa ideia de que tudo o que é fotográfico é real. Em Metabiótica a veracidade é posta em dúvida: as pinturas estão de fato nas paredes, as pessoas realmente passaram por ali e agiram espontaneamente, no entanto o que se vê nos sugere um tipo de montagem que não existiu. É tudo verdade, é tudo mentira. De 27 de julho a 19 de agosto. Gratuito.

 ALEXANDRE ORION

nasceu em 1978 em São Paulo e é artista multimídia. Artista visual, fotógrafo. Inicia sua pesquisa, em 1993, através do grafite e arte pública, e, em 2001, com a fotografia. Em 2004, gradua-se em artes visuais pela Faculdade Montessori – Famec, São Paulo. Em pouco tempo, Orion se destacou do movimento do qual fazia parte e passou a interagir com a cidade de uma maneira muito singular. Nas palavras do próprio artista, “a cidade é carregada de significados”.

Cria, em 2002, o projeto Metabiótica, em que suas pinturas realizadas nos muros da cidade, intencionalmente produzem relações visuais com os transeuntes e o espaço urbano. Essa interação entre as figuras pintadas e as situações reais é registrada em fotografias, que são o resultado final do trabalho. Em 2006, inicia a intervenção urbana Ossário, na qual utiliza apenas panos para remover a fuligem impregnada nas paredes do Túnel Max Feffer, na cidade de São Paulo, criando imagens de caveiras humanas.

É exatamente com esses significados, muitas vezes sutis, que o artista trabalha, pesquisando técnicas e explorando o que a cidade oculta, interagindo com os passantes, criando embates com o poder público, tornando-os parte de sua obra artística.

Orion realizou exposições individuais nas principais capitais do mundo. No Brasil suas obras foram exibidas em espaços como Centro Cultural Banco do Brasil, Itaú Cultural, Centro Cultural da Caixa e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Tem entrevistas e textos publicados em mais de 10 línguas, nos principais veículos de imprensa do mundo e obras publicadas pelas editoras Thames and Hudson, Taschen, Éditions de la Martinière, Phaidon, Die Gestalten, Daab, Laurence King Publishers, Edelbra, Rotovision, Moderna, Dokument Press, FTD, Universityof Toronto Press, Saraiva, Sigongart, Vivays Publishing, Tamesis, Nova Fronteira. Realizou exposições e possui obras nos acervos da Foundation Cartier pour l’art contemporain, em Paris, Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Centrum Beeldende Kunst de Rotterdam, Itaú Cultural, Deustche Bank e Mad Museum, ambos em Nova York, Milwaukee Museum, Fundação Padre Anchieta, Nelson-Atkins Museum of Art, Spencer Museum of Art, Schrin Kunsthalle entre muitos outros.

 

Texto do curador

 

BRUCE LEE NÃO MORREU

A fotografia e a pintura de Alexandre Orion são mesmo um projeto para a filosofia. Nasceu de perguntas íntimas, de provocações que juntam física quântica e teologia. Da ideia de tentar, através dessas linguagens, chegar a um terceiro ponto, um terceiro olhar, no caso dele, de um olhar público “na real”, já que vem da cidade e volta para ela mesma suas tramas pictóricas e fotográficas. Orion é um andante-vagalume que sai das histórias em quadrinhos para narrar outras, as suas, num grafite simbólico que se espalha pelo centro urbano para fazer com que o transeunte encontre seus semelhantes pelo caminho e se reconheça através deles.

Primeiro vem a espera. Depois a pintura. Depois a espera. Só ai é que surge o terceiro elemento (homens, mulheres, automóveis, crianças, animais) e então a cena se completa: a física quântica encontra a teologia: a pintura torna-se fotografia. Como não poderia deixar de ser, as imagens de Metabiótica passam como um travelling, como um filme que, ao mesmo tempo, parece tão simples e tão metafísico.

São imagens que nunca estiveram longe de nós. Esse é o “grande barato” da experiência de Orion: ele vai ao lugar certo, cria a cena certa, espera, fotografa e depois vai embora como apenas alguém que passou… É daí que vem essa intimidade com o olhar do “outro”, o que leva sua fotografia a uma investigação poética apenas possível ao artista que sabe lidar com o acaso das ruas com a mesma naturalidade com que abre a porta de casa para voltar para si mesmo.

Metabiótica é, também, um caminho para o desafio. Como as realidades que se encontram numa fotografia em que um homem almoça ao lado de outro que toma um cafezinho ao lado de um garçom que só existe através da máscara da pintura. Orion consegue fazer a cena “existir”. Aí então vem o corte: um segundo depois e nada mais seria como é. Sua fotografia é sempre por uma questão de segundos. Se o cara sobre a moto não fosse flagrado naquele tempo-espaço, o outro, a pintura na parede, deixaria de existir, a fotografia não existiria – a física quântica deixaria de lado a teologia -, e a metabiótica perderia o alvo, a duplicação, o fenômeno da luz e da visão. É desse mundo de contrastes que vem a fotografia de Orion.

 

Para fazer parte dele, basta estender a mão ao transeunte que está passando.

Diógenes Moura é escritor, jornalista, editor e curador

 

 

METABIÓTICA

Alexandre Orion

De 27 de julho a 19 de agosto

Gratuito

 

Galeria INOX

Arte Contemporânea | Av. Atlântica 4240, subsolo 101 – Rio de Janeiro

Segunda à sexta das 10 às 20h | sábado das 11 às 19h

Tel: 2521-9940

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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