Mostra Não-lugar de verdade discute as relações entre arte e educação

Por Paulo Varella - junho 6, 2017
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Mostra Não-lugar de verdade discute as relações entre arte e educação

 

Registros fotográficos, instalações, objetos e intervenções em técnicas diversas compõem a mostra Não-lugar de verdade, que terá sua abertura nesta quarta-feira, dia 7, no Espaço Reitoria, com apoio da Pró-reitoria de Cultura. A exposição reúne os trabalhos de alunas da Licenciatura em Artes Visuais, do Instituto de Artes e Design (IAD), que pretendem fazer uma reflexão sobre as questões que as mobilizaram ao longo do curso e no estágio, no período entre 2016 e 2017.

Sob a curadoria do professor Fabrício Carvalho e da aluna Elisiana Frizzoni, a exposição discute o lugar e o papel das instituições de ensino, suas ferramentas, metodologias e conceitos. A proposta surgiu do compartilhamento de “experiências e frustrações acerca dos espaços formativos”, como ressalta Frizzoni no texto de apresentação de Não-lugar de verdade. Segundo ela, muitas das indagações provocadas pelas aulas permanecem abertas ao final do curso.

Alunas e professor se unem nessa reflexão em obras cujo denominador comum é a condição de “ser professor” na atualidade, nos quais os desafios a serem enfrentados são de ordens diversas. Um exemplo é a série “Sobretudo o que já sei”, na qual Ligia Costa questiona o espaço e a forma convencional de ensino: no primeiro da série – uma instalação de móveis escolares -, ela convida o espectador a registrar um aprendizado que tenha obtido fora da escola; no segundo, a aluna apresenta um “livro para ser pisado” (o volume Tudo sobre Arte, de Richard Cook); e no terceiro – uma instalação com post-its –, Ligia sugere que o espectador anote o que gostaria de aprender e o que gostaria de ensinar.

Na série “Enxoval”, a aluna Malu Magalhães intervém em fotografias antigas do campus da UFJF, ainda em construção, costurando ou bordando as imagens, a fim de questionar as distâncias – não só geográficas, mas também conceituais – entre a Arte e a Educação na formação dos alunos. O trabalho é um exemplo de como a mostra busca refletir a preocupação de alunas e professor com a exploração de outras possibilidades entre a arte e a educação, de atuar nesse intervalo, não ser apenas professor ou artista.

“Apostamos nessa espécie de terceira margem, o não-lugar”, ressalta Fabrício Carvalho, que também participa da mostra. Fabrício cita o artista Robert Smithson e suas explorações das relações entre lugar/não-lugar. “Entre Arte e Educação procuramos alguma densidade para aquilo que está em constante transformação, que não tem um centro, que é formado por um conjunto de áreas sem fronteiras, abertas e entrecruzadas”, afirma Fabrício em texto sobre a mostra.  “Ser professor não é um lugar tão definido assim. A incerteza é um tema que temos trabalhado. Durante um tempo, a licenciatura foi um campo de muitas certezas, muitas verdades. Hoje investimos na incerteza desse lugar, na dimensão poética de ser professor”, explica ele em entrevista.

Sentidos

Nesta exposição, o grupo de alunas (professoras) e artistas conclui que o que de mais importante compartilhado por elas ao longo de sua formação é a constatação de que “teoria e prática são elementos indissociáveis” e que, diante dessa tessitura sujeita a processos de criação e recriação de sentidos e significados, “o ato de ‘ser professor’, ainda que permeado de incertezas, deve vir acompanhado pelo ‘ser pesquisador’, assim como pelo ‘ser artista’”.

Nesse sentido, Não-lugar de verdade viria, segundo elas, apresentar os trabalhos e processos que estiveram presentes em sua investigação, “não para responder às perguntas, mas para continuar a problematizá-las”.

 

Não-lugar de verdade – Exposição

Artistas: Fabrício Carvalho; Lígia Costa; Júlia Fregadolli; Karina Orquídea; Malu Magalhães;  Thalita de Castro.

De 7 a 30 de junho, no Espaço Reitoria (Campus), de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, e sábado, das 9h às 12h.

Entrada franca

Mais informações:

Pró-reitoria de Cultura – (32) 2102-3964

 

 

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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