A Galeria Millan tem o prazer de apresentar, de 24 de março a 28 de abril de 2018, a exposição O Primeiro Verde, de Thiago Rocha Pitta. A mostra marca um novo capítulo em sua meticulosa investigação acerca do meio ambiente, à medida que ele mergulha mais profundamente na origem e na evolução do planeta a partir de um conjunto de trabalhos – em sua maioria afrescos, além de uma instalação, uma escultura, uma aquarela e um vídeo – concebidos entre 2017 e 2018.
A prática diversificada de Rocha Pitta está conectada a uma fascinação profunda com as sutis transformações de seu entorno: a lenta erosão e a alteração da areia do deserto, a descida de uma neblina e as flutuações de formações subaquáticas. Suas obras têm capturado a vibração de um planeta vivo por meio do treinamento do olhar do observador acerca das lentas transformações materiais, as progressões físicas de minúsculas partículas de um território e as alterações repentinas do tempo.
Nesse novo corpo de trabalho, o artista examina os processos naturais envolvidos na fundação de todos os seres vivos: desde o surgimento das cianobactérias, primeiros seres a realizar fotossíntese, há 3,7 bilhões de anos, até o período da “grande oxidação”, quando o oxigênio produzido por esses microrganismos começou a ser liberado na atmosfera, criando condições para a vida tal qual a conhecemos hoje.
A partir disso, Rocha Pitta cria um rico campo visual que revigora e atualiza essa narrativa na vida contemporânea – atualização que se faz pertinente ao considerarmos nosso papel dentro da contínua transformação do planeta, que, para muitos cientistas, atravessa agora a era do antropoceno, em que seres humanos e suas atividades técnico-científicas têm substituído a natureza como força ambiental predominante. Ao retratar microrganismos ancestrais que operaram uma mudança radical na composição química da atmosfera, o artista propõe nos alertar também para nossa insignificância na história do mundo.
Essas ideias manifestam-se na exposição por meio do engajamento do artista, desde 2016, com a cor verde, que empresta seu nome ao título. A cor evoca não só as paisagens exuberantes do Brasil como pode ser considerada um sinônimo de diversos ecossistemas ao redor do mundo. Utilizando-se do vasto espectro, matizes e gradações contidos entre o verde e o azul, ele tece visões abstratas da terra e do mar que irrompem em nosso olhar com energia.
A vivacidade dessas vistas é acentuada por meio da implementação da técnica tradicional do afresco, através da qual são aplicados pigmentos diretamente sobre uma camada úmida composta de cal e areia, resultando em superfícies frescas. A escolha do artista dessa técnica – cujo processo envolve a evaporação, o endurecimento e a liberação de calor – estabelece uma clara conexão com os ciclos geológicos abordados na exposição.
Complementa o conjunto o vídeo Before the Dawn, filmado no Hamelin Pool, na região oeste da Austrália. O Hamelin Pool é um dos dois únicos lugares na Terra onde ainda vivem estromatólitos semelhantes aos encontrados em rochas de 3.5 milhões de anos. O vídeo, de 12 minutos, captura a ascensão da aurora sobre essas extraordinárias criaturas marinhas e oferece uma comovente imagem a respeito dos primórdios da vida: dos pequenos organismos que provocaram o desenvolvimento das diversas flora e fauna do mundo de hoje à primeira experiência da luz.
“O amanhecer marca um momento em que a luz e a escuridão ainda não estão separadas e o mundo se apresenta como uma atmosfera indistinta, com aspecto primitivo. Essa é a sensação que permeia toda a exposição. Trata-se de reconhecer os extraordinários processos que contribuíram para a formação do mundo que entendemos hoje. Também é uma lembrança de que nosso ambiente não é estático. Ele está respirando e mudando o tempo todo”, reflete o artista.
Thiago Rocha Pitta (1980, Tiradentes, MG)foi vencedor dos prêmios Open Your Mind Award, Suíça (2009), e Marcantonio Vilaça, Brasil (2005), e apresentou mostras individuais na Marianne Boesky Gallery, Nova York, EUA (2017); Igreja Santa Maria Incoronata e Gluck50 Gallery, ambas em Milão, Itália (2013); Andersen’s Contemporary, Copenhague, Dinamarca (2012); Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, RJ (2011); Parque Lage, Rio de Janeiro, RJ (2010); Meyer Riegger, Karlsruhe, Alemanha (2009); Arts Initiative Tokyo, Japão (2008); e Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, MG (2002); entre outras. Exposições coletivas importantes incluem: The Garden of Forking Paths Sculpture Project, Migros Museum Für Gegenwartskunst, Zurique, Suíça (2012); 30ª Bienal de São Paulo, SP (2012); The Travelling Show, Galería Fundación/Colección Jumex, Cidade do México, México (2009); Nova Arte Nova, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, RJ (2008); A Time Frame, PS1-MoMa, Nova York, EUA (2006); e J’en Rêve at Fondation Cartier pour l’Art Contemporain, Paris, França (2005). Também participou da 9ª e da 5ª edições da Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (2013 e 2005). Suas obras integram as seguintes coleções públicas: MoMA PS1, Nova York, EUA; Maison Européenne de la Photographie, Paris, França; Hara Museum, Tóquio, Japão; Patricia Pelphs de Cisneros, Nova York, EUA; Colección Jumex, Cidade do México, México; Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP; MoCP – Museum of Contemporary Photography, Chicago, EUA; entre outras.
SERVIÇO
Thiago Rocha Pitta – The First Green
Galeria Millan
Rua Fradique Coutinho, 1360 – Vila Madalena – São Paulo
Tel.: (11) 3031-6007
Abertura: 24 de março, sábado, das 12h às 16h
Visitação: de 24 de março a 28 de abril de 2018
De terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 18h
Classificação: livre
Gratuita
Possui ar-condicionado e três vagas de estacionamento