O risco do traço”, na Galeria da Candido Mendes de Ipanema

Por Paulo Varella - abril 24, 2018
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No dia 24 de abril, terça-feira às 19h, a artista visual Stella Da Poian vai abrir a exposição inédita O Risco do Traço, na Galeria Maria de Lourdes Mendes de Almeida (Candido Mendes de Ipanema). O título é propositalmente ambíguo: a palavra “Risco” tanto pode significar o ato de riscar quanto o risco de fazer. Para Stella o ato de pintar, ato que pratica há décadas, é um ato solitário, um exercício contínuo, onde o sujeito se perde nos traços.

A mostra reúne cerca de 20 obras, com técnicas variadas: aquarela, guache sobre papel e óleo sobre tela.  Os trabalhos, realizados entre 2015 a 2018, incluem duas séries: a primeira, com o título Inscrições na água, é formada de 12 aquarelas; a segunda, Outono perdido, é composta de 24 guaches sobre papel.

Nesta exposição, o público vai poder mergulhar nos traços únicos e delicados – porém firmes – da artista, e para isto seria preciso entender o que se chama de delicadeza na arte. Paulo Sérgio Duarte, que assina o texto de apresentação da exposição, escreve que “a delicadeza virou um mote da cultura contemporânea. Ela se opõe à brutalidade tão presente em todos os aspectos do mundo em que vivemos. A arte, em muitas ocasiões, é obrigada a incorporar o brutal, para competir com as extravagâncias que dominam o mundo do espetáculo, por isso o viés da delicadeza se tornou a saída de artistas sensíveis e contrários ao momento de negação do espetacular pela brutalidade. Mas não basta a delicadeza, é preciso transmutá-la de uma ética numa poética, e este é o caminho mais difícil. É o caminho de Stella Da Poian. Em seus trabalhos há um esforço de materialização da forma, sem imposição da brutalidade. São formas que deslizam, escorregam pelo nosso olhar. Não batem no olho, apenas se entregam e por isso, pouco a pouco nos pertencem”.

O público é convidado a decifrar as obras, se assim quiser. Não há um conceito fechado, mas um campo aberto para inúmeras interpretações. “O título da mostra resume bem meus trabalhos. Os traços não são iguais, há sempre uma diferença na repetição… Um pincel fino, aquarela preta, papel de boa qualidade, e, assim, o espaço vai sendo preenchido. Mais claros, mais escuros, retos ou não, os traços se sucedem” pontua a artista.

Pequenos traços, simples rabiscos se repetem. Não necessariamente tomam formas, por si só já bastam. “O risco do traço” são quase rabiscos, são abstratos. São marcações no suporte, presença da intenção de correr o risco de existir! “Algumas questões instigam o observador: serão inscrições? Simples presença de traços? Ao largo, de perto, sinal de presença. É isto! E assim é a arte, ela torna a vida mais arriscada”, explica Stella.

”Deixemos as pinturas falarem aos nossos olhos, e, silenciosamente, escutarmos essa fala que, ao não dizer, nos invade, pelo prazer de olhar”, finaliza Paulo Sérgio Duarte.

Mais sobre a artista:

Stella Da Poian é psicanalista, filiada ao Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro, e professora (aposentada) da Universidade Federal Fluminense. Frequentou, por 8 anos, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Estudou com ReinaldoRoels, Fernando Cocchiarale, Kate Van Scherpenderg, Daniel Senise e Paulo Sergio Duarte. Alem do Parque Lage seu contato maior foi com Guita Charifer e Lena Bergstein. Em vários espaços mostrou seu trabalho: Solar Grandjean de Montigny, Galerias da Candido Mendes (Ipanema e Centro), Espaço Cultural dos Correios e Galeria SESC Copacabana, entre outros.

Serviço:

“O risco do traço”, de Stella Da Poian

Abertura: 24 de abril de 2018, das 19h às 21h30

Local: Galeria Maria de Lourdes Mendes de Almeida – Centro Cultural Candido Mendes

Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema, Rio de Janeiro, RJ

Visitação: de segunda a sexta, das 14h às 20h, e sábado, das 16h às 20h.

Em cartaz até 30 de maio de 2018

Entrada gratuita

Informações: (21) 2525-1006

 

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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