Na primeira individual de sua trajetória, Alexandre Wagner traz à Galeria Bolsa de Arte uma atmosfera soturna e onírica em O Sol da Noite. A mostra exibe cerca de 15 pinturas a óleo realizadas desde o ano passado também em grandes formatos, uma novidade na produção do artista. Com abertura no dia 17 de maio (quinta-feira), a partir das 19h30, a exposição fica em cartaz até 30 de junho (sábado).
A diluição da tinta a óleo com as marcas do escorrimento pela tela imprimem um tom indefinido ao universo do pintor. À primeira vista, suas paisagens parecem aludir às cenas de Oswaldo Goeldi (1895-1961). Ao contrário deste, porém, a volatilidade das formas não definidas pelo contorno preto comum à xilogravura, caso de Goeldi, emprestam à ambientação de Wagner um caráter fugidio, fantasmal, ao contrário da crônica urbana obscura do gravurista.
Paradoxalmente, o vigor de pinceladas firmes, perceptíveis através da tinta mais rala, criam sobreposições de planos e fragmentação nas figuras mesmo onde o pigmento não escorreu. A espectralidade das transparências e junções entre camadas cromáticas sugere materialidade até onde a pintura é diluída.
Nesse sentido, a instabilidade formal das cenas retratadas, que parecem sair antes de um sonho que de algum logradouro existente de fato, expressa a impossibilidade da representação definitiva e absoluta, inserindo o trabalho de Alexandre Wagner numa linhagem extremamente atual da pintura.
Em alguns momentos, a concisão do plano pictórico leva a representação figurativa ao limite da abstração. Em outros, a economia compositiva é expressa na geometrização das peças com que se constroi a paisagem, reduzida ao mínimo de sua caracterização.
Em momento algum o aumento de espaço se traduz em excesso de formas no jogo entre plano e figura. Todos os quadros, mesmo os que trazem elementos figurativos mais detalhados, como O Pântano (2018), são cuidadosamente estruturados num equilíbrio entre plano e contraplano, entre a figura e sua cisão – ou simplesmente ausência.
No processo de conferir tanta importância ao vazio quanto ao representado, Alexandre Wagner encontra a força de sua pintura, dissolvendo a certeza do olhar na ambiência de um sonho difuso. Como um Sol obscuro que, surgido em meio à noite, fulgurasse em negativo.
Sobre o artista
Alexandre Wagner (1986, Belo Horizonte, Brasil) cursou a graduação em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais com habilitação em pintura. Ao se formar em 2011, mudou-se para São Paulo, onde passou a trabalhar como assistente de Nuno Ramos até meados de 2015, e de Paulo Pasta entre 2014 e 2016 – atividades que manteve em paralelo à sua produção autoral. Desde 2013, participa de exposições coletivas, entre elas: 11º Abre Alas, A Gentil Carioca; Oito Artistas, Mendes Wood DM (2016); Um Desassossego – 20 Pintores, curadoria de Germana Monte-Mór para a galeria Estação (2016); e Enlace, parceria da Central Galeria com a Cubik Gallery, de Portugal (2017). O Sol da Noite, na Galeria Bolsa de Arte, que o representa com exclusividade, é sua primeira individual.
Sobre a galeria
A Galeria Bolsa de Arte iniciou suas atividades no ano de 1980, na cidade de Porto Alegre. Trabalhando com arte contemporânea desde então, a galeria representa alguns dos nomes mais significativos no mercado nacional, mas sempre com a preocupação de lançar novos talentos. Nestes quase 40 anos de atividade, já realizou mais de 250 exposições, além de participar ativamente de feiras, tanto no Brasil quanto no exterior.
Em março de 2011, muda-se para uma nova sede em Porto Alegre, com aproximadamente 800 metros quadrados. Em abril de 2014, abre filial na cidade de São Paulo.
SERVIÇO
O Sol da Noite – Alexandre Wagner
Abertura: 17 de maio (quinta-feira), a partir das 19h30
Visitação: 18 de maio até 30 de junho (sábado) de 2018
Onde: Galeria Bolsa de Arte (R. Mourato Coelho, 790, Vila Madalena, SP, tels. 11.3097-9673/ 3812-7137)
Horário: segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 11h às 17h
Entrada franca
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