“Obra Sobre Ruínas”, da Cia Caxote, na SP Escola de Teatro/SP

Por Paulo Varella - agosto 7, 2018
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O “Obra Sobre Ruínas”, da Cia Caxote, que cumpre temporada na SP Escola de Teatro – Sede Roosevelt entre os dias 10 de agosto e 10 de setembro.
Com dramaturgia  e direção de Fernando Aveiro, a história mostra um Ser prestes a passar por um processo de lobotomização social que entra em um estado onírico e começa a revisitar as estruturas que influenciaram sua constituição. Ele tenta se enquadrar em um sistema social de padrões arbitrários, que ainda se perpetua mesmo diante de iminentes sinais de falência.  Aveiro trabalhou durante 6 anos no CPT de Antunes Filho.
No segundo semestre de 2017, sua peça “Hospedeira” ficou em cartaz no Sesc Consolação, com direção de Georgette Fadel. Com a Cia Caxote, dirigiu, em 2014, o espetáculo “Por Acaso, Navalha”, releitura do texto de Plínio Marcos. Seguem mais informações abaixo.  Beijo e obrigada Com texto e direção de Fernando Aveiro, ‘Obra Sobre Ruínas’ apresenta um Ser, prestes a passar por uma lobotomia social, que tenta se livrar dos padrões impostos e reconstruir sua identidadeMonólogo do Núcleo de Pesquisa Caxote, com atuação de Humberto Caligari, estreia no dia 10 de agosto na SP Escola de Teatro Crédito: Marcelo Villas Boas
A lobotomia social metafórica pela qual as pessoas passam para se enquadrar aos padrões arbitrários inventados pela sociedade é o tema de “Obra Sobre Ruínas – Um Experimento Cênico Sobre Amor e Liberdade”, com direção e texto de Fernando Aveiro, que estreia no dia 10 de agosto na SP Escola de Teatro, sede Roosevelt, Sala R1.Com atuação de Humberto Caligari, o monólogo revela a transformação de um indivíduo que se perdeu da sua verdadeira essência e resolveu aceitar a sina trágica de fazer uma cirurgia de lobotomia para se adequar aos padrões que a sociedade espera dele. Quando está prestes a passar por esse procedimento, entra em um estado onírico e revisita as estrutura que influenciaram a construção de sua identidade.
Ao final dessa tentativa de desfragmentar as dores do passado, ele renasce em um ser híbrido e autêntico. “Este Ser quando enxerga essas formas de aprisionamento, entrega-se para uma morte metafórica. Ele decide assumir sua identidade essencial, o entendimento de que é possível existir independentemente de qualquer imposição. E nesse renascimento ele é capaz de se despir de qualquer tipo de máscara”, revela o diretor Fernando Aveiro.EncenaçãoIniciado em 2016, o processo de criação de “Obra Sobre Ruínas” surgiu a partir de uma  pesquisa sobre identidade de gênero e mitologia da androginia. “A androginia é uma forma arcaica e universal de exprimir a totalidade. Mais do que uma situação de plenitude e de poder sexual, a androginia simboliza a perfeição de um estado primordial, não condicionado. Se trata de um ser absoluto, da realidade última, no maior estágio da evolução, onde mito e futuro se encontram. Nós, gostaríamos de propor uma manifestação dessa figura no presente”, esclarece Aveiro.
O núcleo começou, então, a investigar como dar voz ao corpo por meio de uma narrativa  gestual. Para isso, houve um período de pesquisa dedicado ao trabalho corporal conduzido pela atriz e bailarina Naiene Sanchez, que trouxe para a atuação de Caligari referências como Pina Bausch, Kazuo Ohno e o Ballet Triádico da Bauhaus. “Como se trata de um flerte com a dança contemporânea e com o Butoh, essa dança acontece sempre no âmbito teatral, a fim de contribuir com a narrativa peculiar deste solo, comenta o diretor.Várias outras referências imagéticas aparecem em cena, “recortes de muita coisa que está no nosso inconsciente coletivo.
Se você começa a olhar pelo viés do sensível, começa a ver referências e entende a liberdade com que elas aparecem no espetáculo”, diz.A encenação, que explora o teatro gestual e a poesia, convida o público a completar a história com a própria experiência, quase como coautor. “O espetáculo se dá em um grande vazio, cheio de imagens e extremamente poético. Nada acontece no plano da razão, mas sim no campo sensível. Não contamos essa história com a linearidade habitual, pois o processo nasceu do corpo e do gesto, e só depois entrou a palavra, que não veio para alinhavar a obra, mas para trazer à luz pontos de manifestação verbal.
A fala acontece em uma frequência distinta da imagem, elas estão em canais diferentes, e o espectador é o elo dessas duas frequências, cada um poderá assimilar uma história original”, explica o ator Humberto Caligari. Já o desenho de luz de Gabriel Galhardo, o cenário de Aveiro e Caligari, os figurinos de Rosângela Ribeiro e a trilha sonora de L.P. Daniel surgiram como extensões do trabalho do ator, para criar essa espécie de ritual onírico de transformação do personagem. “Vale ressaltar que assim como a fala, os outros elementos também têm sua independência: objetos de cena, vestes, trilha e luz, comportam informações narrativas que se assomam ao todo do espetáculo-experiência. E tudo surge do nada, do grande vazio, em bunca de um canal para se fazer presente”, diz Aveiro.Sobre Fernando Aveiro – direção e dramaturgia O ator, diretor e dramaturgo Fernando Aveiro formou-se em Artes Cênicas em Ribeirão Preto e atualmente cursa Filosofia na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Integrou o CPT – Centro de Pesquisa Teatral, dirigido por Antunes Filho, durante seis anos, com o qual atuou nos espetáculos “Policarpo Quaresma”, “A Falecida vapt-vupt”, “Toda Nudez Será Castigada” e “Prêt-à-porter Cult” e participou dos processos de montagem de “Irã” e “Nossa Cidade”.Formou-se dramaturgo no Núcleo de Dramaturgia SESI-British Council, coordenado por Marici Salomão, para o qual escreveu o texto “Em abrigo”, escolhido para montagem e temporada de três meses no SESI-SP  e no Circuito SESI pelo interior. Escreveu ainda o texto “Hospedeira”, com direção de Georgette Fadel, que esteve em cartaz no segundo semestre de 2017 no Sesc Consolação.
Com o Núcleo de Pesquisa Caxote, dirigiu o espetáculo “Por acaso, navalha – teatro instalação”, a partir da obra de Plínio Marcos, realizando temporadas em São Paulo e interior. Aveiro ainda integra o Coletivo Dramaturgia em Movimento, com o qual atuou em “Gólgota foi apenas um princípio”, texto e direção de Luiz Antonio Farina. Esse espetáculo de estreia do coletivo foi contemplado pelo ProAC. Atualmente, é orientador do Projeto Ademar Guerra, sob coordenação de Sérgio Ferrara, e mantém pesquisa com o Núcleo Caxote.Sobre Humberto Caligari – atuaçãoDesde que se formou em Artes Cênicas, em 2004, Humberto Caligari tem se dedicado a estudar linguagens artísticas que complementam seu trabalho de ator. Ele estudou, por exemplo, interpretação para vídeo com Marcio Mehiel e a arte do palhaço com Ézio Magalhães. Dedicou seu tempo também ao Núcleo de Cenografia e Figurinos do CPT (Centro de Pesquisa Teatral), sob coordenação de Rosângela Ribeiro, ao trabalhar com as montagens de “A Falecida Vapt-Vupt” (em que também atuou) e “Lamartine Babo”, ambas dirigidas por Antunes Filho.  Produziu e atuou nos espetáculos “Brincadeira de Quintal”, “Em Busca de um País das Maravilhas”, “As Três Irmãs de Platapel” e “Mim, a Menina Mundo”, todos da Cia. Caxote Coletivo, e no espetáculo infanto-juvenil “Doce de Melão”, da Cia. Cornucópia, de Ribeirão Preto/SP, sob direção de Dino Bernardi. Desde 2002, coordena, dirige e produz para Via Certa Teatral, premiada companhia de arte educação.Entre 2014 e 2015, administrou, em parceria com Camila Biondan e Gustavo Vaz, o centro cultural Espaço Mínimo, que abrigava as sedes do Núcleo de Pesquisa Caxote, da Ex Companhia de Teatro e da Via Certa Teatral. Estreou o espetáculo “Por acaso, navalha”, de Plínio Marcos, sob direção de Fernando Aveiro, pelo qual foi indicado ao prêmio Melhores do Teatro R7 2014, na categoria “Revelação”, pelo papel de Veludo.Sobre o Núcleo de Pesquisa CaxoteCriado em 2013, o Núcleo de Pesquisa Caxote surgiu com a proposta de promover a dramaturgia contemporânea e criar releituras de obras de dramaturgos já consagrados. A pesquisa consiste em fazer o teatro interagir com outras formas de expressões artísticas, a fim de dialogar com a cena teatral contemporânea, sem perder o foco na primazia do trabalho do ator.A estreia do grupo foi marcada pela peça “Por acaso, navalha – teatro instalação”, com direção de Fernando Aveiro, uma releitura da consagrada “Navalha na Carne”, obra-prima do dramaturgo santista Plínio Marcos. A encenação propunha um diálogo com artes plásticas e instalação, rompendo qualquer distinção entre plateia e cena. O trabalho obteve grande repercussão de mídia, crítica e público e ganhou três indicações ao Prêmio Melhores do Teatro R7, nas categorias de ator e atriz revelação para Humberto Caligari e Bárbara Salomé, e de melhor cenário para Rosângela Ribeiro.SINOPSEUm Ser, prestes a passar por um processo de lobotomização social, entra em estado onírico e começa a revisitar as estruturas que influenciaram sua constituição. Enquadrado em um sistema social de padrões arbitrários, que ainda se perpetua mesmo diante de iminentes sinais de falência, essa figura concede para si o direito de renascer em um Ser híbrido, uma tentativa genuína de desfragmentar as dores de outras gerações para se reconstruir a partir das próprias ruínas.FICHA TÉCNICATexto e Direção: Fernando AveiroAtuação: Humberto CaligariFigurinos e Adereços: Rosangela RibeiroAssistentes de Figurinos e Adereços: Aline Olegário e Natália HirataCostureira: Vera LuzPreparação Corporal: Naiene SanchezPreparação Vocal: Fernando AveiroExperiências Vocais: José Maria Cardoso e Eloisa LeãoDesenho de Som e Composição: L. P. DanielPesquisa Musical: L.P. Daniel e  Fernando AveiroDesenho de Luz: Gabriel GalhardoAdaptação do Desenho de Luz: Thiago ZanottaCenário: Fernando Aveiro e Humberto CaligariCenotécnico:  José CaligariArtesãos: Phabulo Mendes (Gaiola – Pássaro) e Denise Seignemartin (Cabeça Aramada)Operador de Som: Fernando AveiroOperador de Luz: Stella PolittiFotografia: Marcelo Villas BoasProgramação Visual: Humberto CaligariVozes: Alexandre Ciolletti, Bárbara Salomé, Camila Biondan, Fernando Aveiro, Humberto Caligari, Karina Giannecchini, Murilo Inforsato e Nara Chaib MendesVozes Crianças: Artur Pereira Hoshino e Joaquim Farled InforsatoProdução Executiva: Rebeca OliveiraProdução Geral: Núcleo de Pesquisa CaxoteAssessoria de Imprensa: Agência FáticaRealização: Caxote Coletivo Produções
SERVIÇO OBRA SOBRE RUÍNAS,
de Fernando Aveiro
SP Escola de Teatro – Sede Roosevelt – Sala R1 – Praça Roosevelt, 210, Consolação
Temporada: de 10 de agosto a 10 de setembro Às sextas, aos sábados e às Segundas, às 21h; aos domingos, às 19h
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia-entrada para estudantes, idosos, professores, classe artística mediante aprovação)  e R$ 10 (aprendizes da SP Escola de Teatro)
Vendas na bilheteria apenas em dinheiro, uma hora antes do espetáculo
Classificação: 14 anosDuração: 55 minutos
Capacidade: 50 lugaresInformações: 11 99972 3464
Bruno Motta – [email protected] – (11) 97649-3759
Verônica Domingues – [email protected] – (11) 95436-8057

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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