Oficina de Gravura do Ingá/ Niterói

Por Paulo Varella - março 6, 2018
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“Em um universo de cerca de 5000 objetos culturais do Museu do Ingá, composto pelas mais variadas épocas e tipologias de acervo, foi identificado que 137 obras foram feitas por 71 artistas mulheres, representantes de diversos movimentos artísticos, dentre elas:  Djanira da Motta e Silva, Edith Bhering e Renina Katz”, conta a pesquisadora Alina de Paula. “A partir deste acervo é possível ainda conhecer diferentes representações do  cotidiano feminino pelas mulheres: a palheta impressionista de Georgina de Albuquerque, a arte moderna de Anita Mafalti e Tarsila do Amaral, a arte popular de  Ana das Carrancas e pela experimentação artística de 30 artistas-gravadoras cujo acervo se encontra na Instituição”, completa.

 

Pensando neste tema, de 08 a 10 de março o Museu do Ingá realiza uma programação especial em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. As atividades são voltadas para o debate sobre a presença feminina na arte brasileira e a entrada é gratuita.

 

De quinta a domingo, 08 a 10/03, serão realizadas visitas guiadas à exposição “Experimentação e Método – Oficinas de gravura do Ingá”, com foco nas artistas presentes na exposição, como a própria Anna Letycia, grande homenageada da mostra pela sua contribuição a arte através das oficinas de gravura do Ingá.

 

Já no dia 09 de março, a partir das 14h, será realizado um painel sobre o lugar da mulher na arte e nos museus, apresentado por Erica Castilho, coordenadora de arte-educação da Exposição Experimentação e Método. “Considerando  o papel social do museu, o desafio da mediação é o de criar pontes de reflexão entre a arte e as questões sociais de maior relevância contemporânea. Nosso trabalho é  criar um espaço de trocas onde a diversidade de opiniões possibilite o enriquecimento dos diálogos para construir um mundo melhor. Através da potência relacional da arte,  abrimos nosso espaço para pensar a importância do papel das mulheres artistas, por meio dos trabalhos apresentados na exposição”, explica Érica.

 

Logo depois, às 14h30, uma roda formada pela curadora da exposição Viviane Matesco e as artistas Analu Cunha, Chang Chi Chai, entre outras presentes na mostra, vão discutir o tema. “É preciso pensar e falar sobre o que é viver, ainda hoje, em uma estrutura construída a partir do ponto de vista masculinista. Não é somente observar que na História os protagonistas são majoritariamente homens, mas que o modo como pensamos e agimos foi construído pela lógica do homem como dominador e da mulher como coadjuvante”, fala Analu Cunha.

 

O evento segue com uma intervenção poética com Nivea Santana, com textos escritos por mulheres.

 

 

 

 

Sobre a exposição – A exposição Experimentação e Método comemora os 40 anos da Oficina de Gravura do Ingá e resgata a memória de sua importância em um momento de redemocratização do Brasil e de grande efervescência cultural em Niterói. Significa, sobretudo, uma homenagem à sua idealizadora, a artista Anna Letycia, que implantou uma coordenação inovadora preocupando-se em não alijar a gravura dos debates contemporâneos e interseções com outras linguagens. Com esse intuito, atraiu inúmeros professores de diferentes suportes das artes visuais, como Alair Gomes, Aluísio Carvão, Newton Cavalcanti, Rubem Grilo, Carlos Martins, Ronaldo do Rego Macedo, José Lima, entre outros. A oficina para Anna Letycia é um “local de trabalho, um campo de pesquisa, troca de informações e experiências”. Esse pensamento de experimentação, mas também de rigor e método, priorizado pela artista tornou a Oficina do Ingá um polo central para a cena artística de Niterói e do Rio de Janeiro.   “As oficinas do Ingá foram um dos berços artísticos dos anos 80. Uma geração que nasceu em ateliês, que não frequentou ‘aulas formais’ ou universidades. Nesse sentido, o Parque Lage, o Museu do Ingá e o MAM representaram locais de formação artística prática”, afirma Marcus Lontra que assina a curadoria da exposição junto com Viviane Matesco.

 

Experimentação e Método será o fio condutor da mostra que conta com obras da própria Anna Letycia, de seus professores Oswaldo Goeldi, Iberê Camargo e Darel Valença Lins, além de seus colaboradores e alguns dos seus ex-alunos que se destacam na arte contemporânea, como Analu Cunha, Marcus Andre, Felipe Barbosa, Rosana Ricalde, Ana Miguel, Fernando Lopes, Chang Chi Chai, Beatriz Pimenta, Armando Mattos, entre vários outros que produziram obras exclusivas para a exposição.   Como uma comemoração do contexto artístico de Niterói, a exposição inclui também jovens artistas que nasceram ou atuam na cidade revelando seu vigor cultural.  “Essa exposição homenageia Anna Letycia e consolida a importância da gravura não só pelo papel da Oficina, mas também pela coleção do Museu, referencia em Goeldi e tantos outros gravadores consagrados”, complementa a curadora Viviane Matesco.

 

A exposição Experimentação e Método amplia a gravura em um campo híbrido contemporâneo. A discussão da reprodutibilidade de imagens com múltiplos processos e tecnologias inovadoras será um caminho para explicitar a gravura numa concepção ampliada e experimental. O deslocamento da gravura em direção a outras linguagens enfatiza os procedimentos de impressão na gravura. Essas questões perpassam os trabalhos de artistas contemporâneos presentes nesta mostra que certamente marcará o olhar de quem a visitar.

 

 

Experimentação e Método – Oficina de Gravura do Ingá

Curadoria: Marcus Lontra e Viviane Matesco

MUSEU DO INGÁ 

Visitação: até 27 de maio de 2018

Rua Presidente Pedreira, 78 Ingá, Niterói.

De quarta-feira a domingo, 12h às 17h, fechado nos feriados.

(21) 2717 2893 / 2717 2903 / [email protected] facebook.com/museudoingarj

 

Programação projeto educativo

Data: de 08 a 10/03 –  visitas guiadas com foco nas artistas da exposição

Data: 09/03: 14h debate com curadora e artistas sobre o lugar da mulher na arte

 

Entrada gratuita.

 

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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