“Os Corvos” e “Libélulas de Vidro no SESC Ipiranga/SP

Por Paulo Varella - outubro 30, 2017
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Seres alados e temática da morte inspiram programação de dança no Sesc Ipiranga

“Os Corvos” e “Libélulas de Vidro” abordam o efêmero espaço entre o nascimento, a velhice e fim da vida.

créditos Clarisse Lambert

Créditos: Clarissa Lambert

No mês de novembro o Sesc Ipiranga recebe dois espetáculos de dança dentro do Projeto Finitudes, ciclo que abarca bate-papos e atrações de diversas linguagens sobre o envelhecer e a morte. Entre 3 e 5/11, os coreógrafos Luis Ferron e Luis Arrieta apresentam “Os Corvos“, e de 30/11 a 3/12, Ferron se junta a Andreia Yonashiro, Daniela Dini e Daniel Fagundes para “Libélulas de Vidro“. O díptico “Diálogos Alados – Colóquios Sobre a Morte” que integra os dois movimentos, aborda, através da analogia com esses seres alados, a fugaz e densa relação humana com o ciclo da vida, revelando nossas fraquezas e obstinações perante o tempo que nos resta.

Os Corvos

Os corvos, por suas características necrófagas e plumagem negra, são comumente associados ao misticismo mortuário e ao mau agouro. Neste espetáculo Ferron e Arrieta repensam essa visualidade a partir da vida, e exploram isoladamente o presente, sem os ecos do passado e os vislumbres do futuro. Partindo da premissa de que a morte é certa, os artistas descrevem corporalmente, em cena, experiências pessoais dos encontros e perdas que tiveram, como explica Ferron:

“Nessa criação, eu e Arrieta pudemos exorcizar conceitos antigos sobre a morte. Novas perspectivas se abriram no sentido de potencializar o presente e celebrar a vida. Leandro Karnall diz que, quando morrermos, teremos dado sentido a tudo que nos propusemos fazer. São memórias, construções e demolições ininterruptas que, ao contrário de nos afastar, nos aproxima do que somos justamente por compreender o que fomos”.

O tema emerge na movimentação dos dois artistas em cima do palco e encontra em ambos uma reverberação que exala um equilíbrio preponderante, assim divaga Arrieta:

“Espelhados pelo mesmo nome, trouxemos para este encontro o peso da carga necessária ao outro, para nos equilibrar e encorajar nesta experiência de inexorável solidão. E assim, com a fé cega em nossa ignorância, que é o anjo provocador na nossa infância, decidimos rabiscar sobre esse instante fecundo na tela sempre madre do palco”.

Libélulas de Vidro

Se o mote em “Os Corvos” é a própria morte, em “Libélulas de Vidro” a discussão se acerca da vida, no viés juvenil pelo qual reconhecemos mais facilmente a voracidade das mudanças que nos atingem. A velhice possui seu próprio metabolismo mas na juventude é que as despreocupações se alojam. As libélulas com suas significações diversas nos remetem geralmente à renovação e a mudança. Seu bater de asas contundente, parecido ao dos colibris, lhe concede a estabilidade e autonomia que não cabe ao corvo, relegado à brevidade de seus voos. Esse enorme gasto de energia acomete num curto tempo de vida, o que gera a necessidade do aproveitamento dessa passagem. Luis Ferron convida para o palco Andreia Yonashiro, Daniel Kairoz e Daniela Dini, que com exceção do diretor, todos na faixa dos trinta anos. Partindo dessa jovialidade, o elenco se desloca pelo tema, encontrando o caminho entre a metáfora e o real, usando o corpo como meio de alusão.

Libélulas de vidro, com suas fragilidades e trincas, vivendo a fugacidade do seu tempo.

Serviço

Os Corvos

Luis Arrieta e Luis Ferron levam para a cena uma questão latente, a morte, refletindo sobre o presente sem passado ou futuro – o presente como sentido vital e a morte como certeza final.

Quando: de 3 a 5/11, sexta e sábado às 21h, domingo 18h.

Local: teatro (200 lugares)

Preço: R$20,00 / R$10,00 / R$6,00 (credencial plena)

Libélulas de Vidro

A vida é um espaço entre o nascimento e a morte, um percurso com inúmeras mudanças e que exige uma voracidade e um estado de presença ímpar. Em maior grau na juventude, mas presente na velhice, podemos ver esse estado de libélulas vorazes despreocupadas com um fim.

Quando: de 30/11 a 3/12, quinta e sexta às 20h, sábado às 19h30 e domingo 18h30.

Local: Praça Vermelha

Preço: Grátis, retirada de ingresso com uma hora de antecedência.

Sesc Ipiranga – Rua Bom Pastor, 822

Assessoria de Imprensa do Sesc Ipiranga

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Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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