POURQUOI PAS?
Alexandra Loras Leva para as artes plásticas seu discurso sobre o protagonismo do negro na sociedade.
Uma das novas vozes da diversidade e do empoderamento feminino no Brasil, Alexandra Loras, ex-consulesa da França em São Paulo, retoma sua paixão pela arte na mostra Pourquoi pas?
A exposição apresenta 20 retratos de personalidades brancas que tiveram seus tons de pele escurecidos por meio de manipulação digital e ganharam traços afrodescendentes, entre elas Donald Trump, Rainha Elizabeth, William Waack, Marilyn Monroe, Silvio Santos, João Doria, Dilma Rousseff, Michel Temer, Geraldo Alckmin, Xuxa e Gisele Bündchen. Nesse mundo “invertido”, Alexandra propõe uma reflexão mais profunda sobre o protagonismo do negro na história.
“Meu objetivo é provocar uma experiência de empatia profunda nas pessoas mostrando celebridades e políticos brancos no país com a segunda maior população negra do planeta e onde essa maioria é tratada como minoria”, explica ALexandra Loras. “Apresento essa realidade invertida para provar o quanto estamos longe de uma democracia racial, que só existirá de fato quando tivermos os 54% da população negra do Brasil no Congresso, na mídia, nos boards executivos, ocupando cargos de liderança”.
O ARTivismo de Alexandra começou com uma brincadeira há dez anos ao se autoretratar como a princesa de Albert de Broglie, uma das mais notáveis obras de Jean-Auguste Dominique Ingres, pintada em 1853. Em 1996, quando trabalhava como babá no Estados Unidos, Alexandra estudou na prestigiada Corcoran School of Art, em Washington D.C. sonhando com uma carreira nas artes. Mas seguiu outro caminho, se graduando em Gestão de Mídias pela escola de Ciência Política de Paris (IEP), sem nunca deixar de produzir suas pinturas e esculturas de cerâmica. Em 2012, mudou-se para o Brasil acompanhando o marido Damien Loras, então cônsul da França em São Paulo. Após o fim do mandato, em 2016, o casal decidiu permanecer no país. Desde então, Alexandra ministra palestras em empresas, escolas, universidades e escreve artigos para jornais e revistas como a “Serafina”, “Cláudia” e “Folha de S. Paulo”.