Rosa Oliveira em duas exposições no Rio

Por Paulo Varella - março 13, 2018
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A artista Rosa Oliveira ganha duas exposições simultâneas nas Galerias da Candido Mendes de Ipanema e do Centro

As Galerias Maria de Lourdes Mendes de Almeida (Centro Cultural Candido Mendes de Ipanema) e Pequena Galeria (Centro Cultural Candido Mendes do Centro) abrem as exposições “Casa de Pássaro” (15/03, quinta-feira, às 19h) e “Retorno ao jardim negro” (19/03, segunda-feira, às 19h), respectivamente. Ambas as mostras são individuais e apresentam telas da artista Rosa Oliveira.

Em “Casa de Pássaro”, o público vai poder ver trabalhos recentes e maduros da artista, que fazem parte de séries nas quais Rosa Oliveira vinha trabalhando desde 2013, quando houve uma exposição com o mesmo título, com curadoria de Marcus Lontra, também na Candido Mendes de Ipanema. Entretanto, para esta mostra, obras inéditas no Rio de Janeiro também serão expostas – cerca de 10 e todas acrílicas sobre tela em médios e grandes formatos. Nelas, a artista, com sua geometria construtiva, trabalha o elemento geométrico quadrado, acrescido do triângulo. Com a união deles, poeticamente são construídas casas atribuídas a pássaros. Uma metáfora para a liberdade. Contraditoriamente, as casas, sem aberturas, impedem os pássaros de nelas entrarem, vivendo livres. Nas palavras da artista: ‘São casas fechadas, casas de liberdade. São casas para que você pouse e voe, não se prenda, não se aproprie, não se limite. A ideia é voar com os pássaros e não depender das casas que possam te proteger tanto que te impeçam de ser mais livres e de viver com mais liberdade, de experimentar o mundo’.

Uma mostra instigante, que apresenta traços marcantes da trajetória de Rosa: a pintura construtivista e abstrata, com a utilização de elementos geométricos.  ‘É uma provocação que faço com a pintura, mostrando que tudo pode ser muito diferente do real’, explicou Rosa em 2017. A paleta de cores em “Casa de Pássaro” tem uma duplicidade: cores claras (brancos, cinzas, pratas e violáceos), em algumas telas, e, em outras, tons mais fortes (acobreados, azuis klein,  violetas escuros e variados verdes jade). A repetição de listras, a variação sutil entre elas e o equilíbrio entre cores e formas criam uma atmosfera harmônica a despeito da precisão da artista. Rosa foi uma colorista de sofisticada variação de tonalidades, tendo, inclusive, inventado cores exclusivas.

‘Rosa Oliveira faz parte de uma forte vertente artística que busca interpretar e compreender o mundo através da síntese e da clareza dos meios técnicos e intelectuais que opera. As suas constantes faixas horizontais, planos de cor, fragmentos da paisagem parecem agora buscar o diálogo com outras formas, com outras geometrias que se comunicam com elementos da realidade cotidiana sem jamais abandonar seus compromissos essenciais com a disciplina e a verdade do mundo’, escreveu Marcus Lontra, em 2013, fazendo referência à “Casa de Pássaro”.

Já a exposição Retorno ao jardim negro, a ser aberta na Pequena Galeria do Centro Cultural Candido Mendes do Centro, é uma revisita à primeira grande mostra individual de Rosa Oliveira, em 1999 (intitulada “Jardim Negro”), na própria Cândido Mendes do Centro. Essa série é composta por 20 telas pintadas exclusivamente em tons de preto e marca o início da carreira da artista com neoconcretismo e formas geométricas. Essa mostra será uma ‘retrospectiva’ da série negra de Rosa e contará não apenas com as telas expostas na mostra original, mas também com outras obras de tonalidade escura, em grandes e pequenos formatos.

Segundo Isabela Bosi, que assina o texto para o folder, ‘Rosa inventa um tempo, não só para deter-se diante dessa escuridão, mas plantar um jardim inteiramente negro, composto por flores escuras, geométricas, de uma beleza calculada. Dedica-se a reinventar a natureza em suas telas, desde a forma até a cor, fazendo do espaço artístico um local de limite entre o belo e o inaceitável.’

As exposições, que acontecem, simultaneamente, nas duas Galerias da Candido Mendes (Ipanema e Centro) são uma homenagem à Rosa Oliveira, que tanto contribuiu e contribui para as artes visuais. Afinal, a arte é eterna. Importante ressaltar que as duas exposições já estavam programadas. Ela mesma estava organizando tudo. Em outubro de 2017, porém, aconteceu a fatalidade que pegou a todos de surpresa. A artista voou. Ganhou a liberdade, tal qual em “Casa de Pássaro”. A família quis manter, pois era uma vontade dela. Tratam-se de duas exposições diferentes, que se complementam, e têm a função também de apresentar um pequeno recorte do início e dos últimos anos da trajetória da artista – que tem mais de 30 anos de carreira.

Mais sobre a artista:

Rosa Oliveira nasceu e viveu no Rio de Janeiro (RJ), até seu recente falecimento, em outubro de 2017. Ao longo de sua obra, desenvolveu uma intensa pesquisa de cores, que resultou em uma paleta própria, com variações cromáticas e discretas que apresentam novas e diferenciadas cores e passagens de tons, aliados ao rigor formal que sua geometria construtiva impõe. Participou de diversas exposições, sendo a última individual na Galeria Matias Brotas de Vitória – ES, em 2017. Recebeu prêmios variados e possui obras em importantes coleções públicas e privadas, como: Candido Mendes – RJ; Galeria Anna Maria Niemeyer – RJ; Galeria Paulo Fernandes – RJ; Prefeitura Municipal de Santo André – SP; SESC – SP; João Sattamini; entre outras.

Serviço:

“Casa de Pássaro”

Abertura: 15 de março de 2018, das 19h às 21h30

Local: Galeria Maria de Lourdes Mendes de Almeida – Centro Cultural Candido Mendes

Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema, Rio de Janeiro, RJ

Visitação: de segunda a sexta, das 14h às 20h, e sábado, das 16h às 20h.

Em cartaz até 14 de abril de 2018

Informações: (21) 2525-1006

“Retorno ao jardim negro”

Abertura: 19 de março de 2018, das 19h às 21h30

Local: Pequena Galeria – Centro Cultural Candido Mendes do Centro)

Rua da Assembleia, 10 – subsolo – Centro – Rio de Janeiro – RJ

Visitação: de segunda a sexta, das 13h às 19h

Em cartaz até 30 de abril de 2018

Informações: (21) 3543-6436

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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