SÃO PAULO DO IMPÉRIO RETRATADA EM LIVRO
(…)Os brônquios da cidade que haviam sido a Rua Direita, São Bento e do Rosário cediam a vez para as linhas férreas. O progresso avança e São Paulo se transforma.
Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS/SP, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, dando sequência aos eventos comemorativos de seu Jubileu de Ouro a ser completado em Junho de 2020, lança o livro São Paulo Cidade Imperial, com autoria de João Rossi e Paulo de Assunção.
A publicação, composta por textos redigidos pelos autores nas suas áreas de expertise, vem acompanhada por cerca de 140 registros fotográficos que cumprirão o papel de testemunhas da história.
Um estudo sobre a formação e a evolução histórica da cidade de São Paulo entre 1822-1889, período que compreende a proclamação da Independência em 1822 até a proclamação da República em 1889 é a fonte embrionária do projeto do qual resultou a publicação.
A meta é identificar as transformações ocorridas na cidade de São Paulo a partir do momento em que esta se torna um burgo estudantil, bem como o impacto que a economia cafeeira traz para a cidade com a presença de imigrantes que alteraram a vida pacata do local desde o início do século XIX. A pesquisa leva em consideração o crescimento da economia cafeeira no vale do Paraíba e no Oeste Paulista que promovera uma “nova” fundação da cidade de São Paulo a partir da chegada da linha férrea.
A cidade de São Paulo é a maior cidade do Brasil e uma das maiores do mundo, marcada por diversidades e antagonismos que envolvem o mundo pós-moderno. Apesar da sua importância no cenário mundial, poucos estudos nos últimos anos têm dedicado atenção à história da cidade de São Paulo.
As transformações ocorridas na cidade relatadas nas pesquisas executadas mostram o momento ‘zero’ dessas mudanças. A chegada da ferrovia provoca enormes transformações locais. A malha ferroviária ligou e modificou o espaço urbano com a construção de palacetes, avenidas e praças, exigindo novas formas de existência compatíveis com o progresso econômico, das quais os imigrantes participaram de forma acentuada na sua construção.
Esses fatos por si induzem a discussões sobre as condições de vida material dos segmentos estudantis, como dos acadêmicos do largo de São Francisco que revigorarão a vida cultural e econômica da cidade, com lojas, fábricas, hotéis, festas, peças teatrais e serenatas. Pode-se afirmar que boa parte dos dados revelados tratam de aspectos pontuais sobre a evolução e o cotidiano da cidade, sem oferecer uma visão adequada do processo evolutivo para compreensão da transformação de uma vila em metrópole.
Essa publicação possibilita um maior conhecimento sobre a vida política, econômica e social da cidade de São Paulo no século XIX, caracterizando a transformação do espaço urbano da cidade.
No início do século XIX, o que preponderava nos sítios mais afastados era o isolamento. De vez em quando passava tropeiro, mascate ou viajante, rompendo com a monotonia do cotidiano dos moradores, perdidos na imensidão de um território, tendo a natureza exuberante por companhia. Nestas ocasiões, a passagem de alguém era um acontecimento ímpar que fazia os moradores da vizinhança se reunirem para conhecer ou saber quem era a pessoa e que novas ela tinha para contar de outras terras. Assim era a cidade imperial de São Paulo.
A situação se transforma e registros concretos exibem o que representavam as estradas de ferro para a Cidade de São Paulo: os brônquios são as duas linhas, a Inglesa, que parte de Santos, e a São Paulo e Rio de Janeiro, que se prende à estrada Pedro II. Por estas vias é que a cidade fazia os movimentos de inspiração e expiração do ar, tão necessário à vida da capital, tendo na Estação da Luz e na Estação do Brás suas referências.