O Ateliê 31 apresenta a exposição coletiva “É pra ontem!”, com abertura no dia 15 de dezembro (sexta-feira), das 16h às 20h, com trabalhos que abordam inquietações por meio de atos estéticos sobre as urgências dos tempos atuais em torno de pautas como meio-ambiente, memórias e tecnologia, e o impacto das pressões, condições e limites das relações cotidianas com o mundo.
Com curadoria de Shannon Botelho, a mostra tem a participação de 10 artistas contemporâneos – brasileiros e estrangeiros -, que estiveram reunidos ao longo do ano de 2023 em torno do curso que investiga desenho, processos e práticas poéticas, conduzido pelo professor e artista visual Valério Ricci Montani, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. São eles: Acácia Almeida, Anne-Marie Maculan, Cy Tello, Gilda Nogueira, Kim Badawi, Mamaditeiu (Cristiana Braga), Marilene Nacarati, Silvana C. Nicolli, Valério Ricci Montani e Zilah Garcia.
“Os artistas, em uma realidade tão complexa, experimentam duplamente esse impasse temporal, pois vivem num mundo acelerado e produzem trabalhos que discutem os limites do tempo presente e todas as suas implicações na vida cotidiana. Discutir temas atuais e as urgências do mundo contemporâneo, é uma das formas mais eficazes de agenciar mudanças positivas através da produção artística”, destaca o curador Shannon Botelho.
Desenhos, pintura, objetos e colagens compõem a totalidade da mostra que ocupa a galeria principal do Ateliê 31, e que tem como discurso conceitual a imagem como forma de elaboração, projeção de memória ou desejo em uma instância da consciência.
“É pra ontem!” evoca a urgência como a palavra de ordem no tempo presente. “Apesar do nome que define a exposição não desejamos que a lógica atual da percepção temporal ganhe vulto entre nós. Ao contrário, o convite que fica estabelecido é que cada visitante possa experimentar e fruir com tranquilidade os instantes de interação com as obras, permitindo que cada uma delas transmita o seu discurso e componha uma narrativa que nos coloque no coração do tempo”, destaca o curador.
Nasceu em Recife – PE, vive e trabalha no Rio de Janeiro – RJ. Iniciou sem contato com a arte através da dança, do canto, quando foi solista de coral, e do teatro.
Em 2022 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage para cursar Desenho, com o professor e artista Valerio Ricci Montani. Na sua prática, busca se aprofundar e refinar suas habilidades artísticas, experimentando técnicas diversas, enriquecendo seu repertório de conhecimento sobre arte, e aguçando com seu olhar sobre a profundidade dos detalhes e da emoção por trás dos desenhos. Na sua obra trabalho, a artista presta uma homenagem à sua avó Maria José, que foi uma mulher de origem humilde, guerreira, trabalhadora, esposa leal, mãe incondicional, que diante de muita luta, trabalho e sofrimento ao longo da vida, criou seus filhos, sobrinhos, netos, filhos adotivos, com amor e dedicação, muitas vezes abrindo mão até de si mesma para se doar ao próximo. Assim, a artista faz uma alusão a música “Maria Maria” de Milton Nascimento, homenageando todas as “Marias” que temos em nossas vidas, que merecem ser lembradas e eternizadas em nossos corações.
Nascida na França, vive no Brasil desde 1971. De 1985 a 2014, foi professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Iniciou-se à fotografia nos anos 80. A partir de 2014, passou a se dedicar quase exclusivamente à fotografia. Estudou no Ateliê da Imagem (2014), no Ateliê Oriente (2016), no Espaço Foto Contemporânea (2018), na Casa Fotografia e Arte Contemporânea (2016-2023). Em 2018 tornou-se aluna do professor Valério Ricci Montani a procura de adquirir o domínio de novas formas de expressão através o desenho. Segue estudando na Escola de Artes Visuais do Parque Laje. Nos trabalhos atuais a artista se alimentou de um conjunto de “memórias” que compõem o seu patrimônio cultural, como um tipo de pot-pourri em que se misturam personagens da mitologia grega ou latina. São figuras míticas que surgem em várias ocasiões quando palavras, ideias ou imagens as levam a estabelecer ligações com esse mundo mitológico. Alimentam essa miscelânea, imagens da natureza: vegetação, plantas, pedras, rochedos, nuvens e rios. Figuram também alguns animais míticos, que povoam o legado helenístico.
Artista contemporânea, ex-designer têxtil, com formação em Artes de Animação 2D e Desenho Gráfico pela Universidade Woodbury, na Califórnia. Aluna da escola de Artes Visuais do Parque Lage, ela representa a terceira geração de mulheres artistas de sua família. Investiga as multi-dimensões da nossa realidade no contraste cultural que marcou suas memórias de infância e moldaram a sua identidade visual. Seu trabalho é uma tentativa de capturar a essência do vazio, do espaço ocupado pelo que não pode ser visto, inspirado por um delírio cultural Americano de decorar suas casas com papel de parede, de encobrir seus defeitos e introduzir o ‘belo’ ao seu meio ambiente. Muito popular nos anos 70 nos EUA, foi essa popularidade que levou o papel de parede a ser considerado o parente pobre das artes decorativas, e o que levou a artista a criar uma nova narrativa para esse meio, baseado em suas memórias de infância e o mundo imaginativo que as figuras no papel de parede a proporcionavam.
Nasceu em Lisboa, Portugal. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduada em Comunicação Social/Publicidade pela PUC – MG, cursou o Programa de Formação em Arte da FAOP-MG (Fundação de Arte de Ouro Preto). Frequenta ateliês de desenho e pintura na EAV Parque Lage – RJ, e outros cursos virtuais, com o Espai – BH e Júlia Panadés. Adepta da experimentação e do entrelaçamento entre arte e vida, estudou oito anos de psicanálise, organizou e atuou em feiras livres. Persegue um modo de vida alternativo, revivendo valores da cultura hippie e cultivando trajetória empírica e não-acadêmica. Participou de exposições coletivas na Galeria Nello Nuno em Ouro Preto, MG e na Fábrica Bhering e na Arena Pavuna – RJ. Também participou de exposições coletivas itinerantes de gravura do Escambo Gráfico por 3 anos consecutivos. Em seu trabalho intitulado “Travessia”, Gilda fala da memória que associa à água: fluida, móvel, distorcida, ilusória, borrada. A narrativa parte da Revolução dos Cravos em Portugal, o evento que trouxe sua família para o Brasil. Sobre uma superfície aquática com as primeiras páginas de jornais portugueses do dia da revolução, a artista espalha seus personagens: infância, família, ancestrais e descendentes, com seus ‘eus’ do passado.
Nasceu em 1980, em Paris. Antropólogo visual americano, de ascendência egípcia e eslovena, que iniciou sua carreira fotografando a situação de famílias refugiadas do Mississippi ao Texas após o Furacão Katrina, em Nova Orleans. Selecionado para publicação pelo Centro de Estudos Documentários da Universidade Duke, o trabalho de Kim aparece na exposição e no livro “25 Under 25: Fotógrafos Americanos Emergentes”. O livro “The Taqwacores” de Badawi, que aborda a história do punk muçulmano americano, foi lançado pela power House Books, em 2009, e inspirou um filme de mesmo nome. Grande parte do trabalho de Kim foca em culturas híbridas, fronteiras difusas e apropriação cruzada como uma tentativa de quebrar estereótipos visuais. Ao cobrir as revoltas árabes a partir de perspectivas únicas no Egito, Kim produziu o primeiro estudo antropológico visual aprofundado dos primeiros assentamentos Chineses no norte da África. Atualmente, seu trabalho o levou a todas as partes da Europa, Oriente Médio, América do Norte e agora está baseado na América do Sul, onde continua a reportar enquanto trabalha em um projeto pessoal focado na fusão da cultura antiga e contemporânea. Seu livro mais recente, “No Honey No Money”, é um livro de arte único que une a arte popular e a narrativa contemporânea, lançado no outono de 2018 pelo Museu Etnográfico de Liubliana, na Eslovênia.
Nasceu em 1958, no Rio de Janeiro. Criança, estudou dança em escolas como Estagium Ballet e American Ballet Theatre, chegando a se apresentar com a Cia. Maurice Bèjart. Em 1983, abriu o antiquário Beaux Arts, onde se especializou em compra, venda e expertise de objetos de arte. Estudou escultura com Ricardo (1998) e a partir da década de 90 inicia sua produção em escultura, utilizando sucatas de ferro e em seguida, começa a usar diversos outros materiais de metal. No início dos anos 2000 estuda desenho, escultura e pintura no Parque Lage, com Maria do Carmo Secco, Iole de Freitas e Chico Cunha, entre outros; mais recentemente realizou curso sobre colagem com Pedro Varella (2022). Suas mais recentes exposições são: Pipa Concept Projetos e Tramas e Tarsila do Amaral (2019/2022); Projeto Mamaditeiu – Chácara Tropical, RJ (2016); 3 Passos Casa de Cultura Laura Alvim, RJ (1999). Além de sua produção autoral, Cristiana realiza atividades ligadas à assistência social, onde produz bolsas e diversas peças com materiais reciclados.
Carioca, vive na cidade do Rio de Janeiro. Tem formação em Arquitetura e Urbanismo, especialização em Análise Ambiental, Computação Gráfica, e, mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais. Integrou o quadro dos arquitetos da Prefeitura do Rio de Janeiro até 2018. Iniciou as práticas do desenho e da fotografia na universidade e na carreira profissional. É aluna da EAV – Parque Lage desde 1997. No campo da arte, usa o desenho e as técnicas fotográficas como meios de expressão. Participou de exposições coletivas e de publicações. Tem como principal interesse a pesquisa de questões entre a sociedade, o meio ambiente e a paisagem. No seu trabalho mais recente “Devolvendo o casaco que peguei de vocês”, a artista desenha um casaco vermelho em “tamanho real”, na busca de identificar, resgatar e dar visibilidade a elementos fundamentais à vida.
Carioca, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ e pós-graduada em Filosofia Contemporânea, pela PUC-Rio. Possui mestrado e doutorado em História Social da Cultura, também pela PUC-Rio. Lecionou na área de Teoria e História das Artes e Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. Aluna da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, tendo passado pelos cursos de Modelo Vivo, Fotografia, Gravura, Pintura e Desenho. Pesquisa os temas da abstração e transparência tanto em seus espectros conceituais como nos representacionais implicados na produção de imagens. Seu trabalho compõe a imagem de dois carros abertos numa estrada, recortada a partir de uma fotografia jornalística referente ao início da Guerra na Faixa de Gaza, com a imagem de um grupo de mulheres numa roda de dança retirada da pintura La joie de vivre (1905) de Matisse. O trabalho visa refletir a pregnância da expressão, “Faixa de Gaza”, que se refere não somente ao combate que se desenrola atualmente na realidade, mas também à metáfora para conflitos aparentemente insolúveis pertencentes aos dramas da humanidade e mesmo de vida (inter)pessoal.
Nasceu na Itália (1976), vive e trabalha no Rio de Janeiro. É artista visual e professor da EAV do Parque Lage e da PUC Rio. Graduado e pós-graduado em Artes Visuais na Accademia di Belle Arti di Frosinone e di Roma, Itália. Foi residente na Résidence Artistique l’Echangeur 22, Avignon (2015), Mongin Artist in Residence Program em Seoul (2011) e na HSF – Harlem Studio Fellowship em Nova York (2009).
Suas obras estão presentes nas coleções Gilberto Chateaubriand, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Collezione Musumeci Greco, Roma; Nomas Foundation, Roma, entre outras.
Nasceu em 1967, em Olímpia – SP. Vive e trabalha em São Paulo. Teve seu primeiro contato com arte a partir dos cinco anos de idade, no ateliê de pintura em porcelana e gesso da sua mãe. Formada em 1989 em Turismo, com especialização em Controle de produção, se dedicou por 28 anos ao mercado têxtil e de moda, se tornando referência em produção de costura no país. Sempre ligada a arte, frequentou cursos, bienais e exposições pelo mundo. Em 2018, aprofundou suas raízes artísticas e italianas ao cursar afresco em Firenze, Itália. Entre 2019 e 2022, explorou a aquarela, adicionando uma nova leveza aos seus trabalhos. Este período foi marcado por cursos com renomados artistas como Avelino, Leandro Nunes e Eudes Correia, além de imersões artísticas na Itália, incluindo uma com Marcos Becarri. Em 2022 abriu seu ateliê dedicando-se exclusivamente à sua pesquisa. Em 2023 cursou “Desenho e Experimentação”, com Valerio Ricci Montani e “Isso é arte”, com Daniela Machado, no Parque Lage – RJ. Em sua pesquisa, Zilah convida o expectador a refletir sobre seu próprio impacto ambiental e a considerar maneiras de transformar tanto o lixo material quanto o psicológico em suas vidas. Seus trabalhos retratam a luta constante contra a ecoansiedade, um fenômeno crescente diante da degradação ambiental e são um chamado à ação, um convite para contemplar, entender e finalmente agir diante dos desafios do Antropoceno.
Inaugurado em abril de 2023, o Ateliê 31 se firmou como um ponto de encontro para a cena artística carioca e potencializador do projeto de revitalização do centro do Rio de Janeiro. Neste período, realizou oito exposições, entre coletivas e individuais, e recebeu quatro residentes, tendo suas pesquisas e trabalhos sob o acompanhamento curatorial de Shannon Botelho, curador e crítico de arte, responsável pela gestão artística do espaço.
Com um total de 220 m² e localizado em um ponto estratégico do centro do Rio de Janeiro – Rua México 31 -, próximo aos principais museus, centros culturais, estações de metrô e teatros da cidade, o Ateliê 31 é um espaço de arte independente e com a proposta de proporcionar aos artistas cinco salas exclusivas de ateliês; uma sala para exposições que abrigará mostras coletivas e individuais; uma sala para residentes nacionais e/ou estrangeiros; áreas comuns para encontros, troca de ideias e criações; ambiente colaborativo para workshops, palestras e outros eventos; e suporte para artistas contemporâneos, através do acompanhamento artístico e de carreira.
Exposição: É pra ontem!
Curadoria: Shannon Botelho
Abertura: 15 de dezembro de 2023, 16h às 20h
Visitação até 30 de janeiro de 2024
Segunda a sexta-feira das 13h às 18h.
Ateliê 31 – Rua México, 31, sala 1003, Cinelândia – Centro. Rio de Janeiro – RJ
Entrada gratuita.
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