A Casagaleria e Oficina de Arte, em São Paulo, apresenta a exposição “Dissociação Coexistente”, de André Miagui, de 16 de agosto a 14 de setembro de 2024, com curadoria de Loly Demercian.
A pesquisa intitulada Luz da Esperança se debruça na observação dos trabalhos e funções que, em sua grande maioria, ainda são destinados à população negra desde a abolição. Segundo Darcy Ribeiro , a população negra após abolição havia uma efetiva condição de inferioridade, produzida pelo tratamento opressivo que o negro suportou por séculos sem nenhuma satisfação compensatórias, a manutenção de critérios racialmente discriminatórias que, obstaculizando sua ascensão à simples condição de gente comum, igual a todos os demais, tornou-se na força de trabalho dos setores modernizados. As taxas de analfabetismo , de criminalidade e de mortalidade dos negros são, por isso, as mais elevadas, refletindo o fracasso da sociedade brasileira em cumprir , na prática, seu ideal professado de uma democracia racial que interage o negro na condição de cidadão indiferenciado dos demais. Florestan Fernandes assinala que “enquanto não alcançarmos esse objetivo , não teremos uma democracia racial e tampouco uma democracia”.
As imagens de resistência foram coletadas do acervo do Museu Nacional, onde levantamos questões sobre quanto tempo o poder público demora para reintegrar na sociedade um povo que foi escravizado. Essa reintegração muitas vezes se limita ao discurso, pois o arquétipo fashionista adotado pelas empresas para alavancar suas campanhas acabou por transformar os negros em marionetes do merchandising.
A série Luz da Esperança utiliza suas imagens de resistência para abordar o tema decolonial como uma base para desmistificar a colonização da Europa nas Américas e na África. As imagens dos trabalhos desdobram-se em olhares que se conectam a um registro histórico reflexivo. A qualidade de vida sob o regime capitalista está intrinsecamente ligada ao poder de compra, onde a balança econômica favorece a União Europeia, resultado das reservas de lastro (ouro) extraídas das Américas e da África.
Miagui iniciou suas produções em 1999 e elegeu o giz pastel como seu principal material e sua pesquisa e obras famosas da arte clássica europeia. Atualmente debruçado em fazer o público passear pela história da arte e refletir sobre o uso da internet, Miagui toca no ponto da era digital em caráter crítico. Na coleção Zeitgeist tema do filósofo Hegel sobre o “espírito do tempo” a pesquisa se coloca na tentativa de modernizar o passado, apresentando ao público momentos de maestria destes pintores de uma era sem internet. Para deflagrar essa leitura ele coloca nos olhos uma placa de computador, como um lugar no qual o tempo presente se estende às memórias, percepções, ao imaginário, projetando-os em modos de como a história das visualidades sedimenta a cultura da humanidade e ali naquela placa será essa memória universal. Mais intrigante é o trabalho “Nascimento de Adão”: quem está com a placa de computador nos olhos é o homem e não seu criador e também no trabalho que tem várias aves silvestres; os olhos das aves estão abertos e eles acham a placa de computador e a levantam como um troféu. O adorno tanto pode vestir no sentido de proteger um indivíduo, dando-lhe poder e força, quanto o excesso de ornamento pode despir uma personalidade. Fica a questão para se decifrar: espírito do tempo?
Tempo esse que Miagui nos faz pensar na arte, ciências, técnica e tecnologia em todas as épocas da civilização humana , desde a Antiguidade, Idade Média, Renascença até o inicio da modernidade e da era digital, tiveram como base a natureza enciclopédica do conhecimento. Bibliotecas essas imaterializadas hoje nos fluxos digitais de arquivos pessoais e compartilhadas em rede.
Desde 2004 a Casagaleria e oficina de arte, estabeleceu-se como uma alternativa comercial. Dedicada à arte contemporânea, consolidando-se como espaço de exibição e produção de conteúdo, articulando exposições, projetos culturais, workshops. E a cada dois anos, produzimos uma revista digital com textos voltado para pesquisa em arte. Além de um acervo exclusivo, colaboramos e produzimos catalogação do conteúdo da produção artística.
Temos compromisso com artistxs dando oportunidade para realizar seus projetos (incluindo vídeo-arte, arte eletrônica, arte cibernética, arte sonora, documentários, entre outras linguagens) e ajudando nos seus discursos (suas singularidades) com profissionais na área e curadoria.
Exposição “Dissociação Coexistente”, de André Miagui
Abertura: 16 de agosto de 2024
Período: até 14 de setembro de 2024
Horário de funcionamento: de terça a sexta, das 13h às 19h
Aos sábados, das 13h às 17h
Horário de funcionamento da abertura: das 18h às 22h
Local: Casagaleria e Oficina de arte. Rua Fradique Coutinho, 1216, Pinheiros, São Paulo – SP
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