Exposição Ìyàmì apresenta obras que afirmam o poder mítico e ancestral do feminino responsável pela própria energia geradora da vida.
A artista Nadia Taquary dá visibilidade a um repertório de apurados Ìtàns que revelam as divindades como o maior símbolo do poder feminino na cultura Nagô.
Confira a entrevista de Nádia Taquary concedida a Claudius Portugal sobre a mostra.
Qual o significado que você quis dar e o que isto determina na criação destes trabalhos e desta mostra? A grande mãe, o poder feminino, a feiticeira, o orixá?
Escolhi esse título após uma imersão no que é e representam as grandes mães ancestrais, as Ajés Ìyàmìs, e a necessidade de desconstrução de uma história imposta pelo colonialismo e patriarcado que nos impediu de acessar entendimentos que nos potencializasse enquanto poder feminino gerador do que desejar.
Neste trabalho trago o universo ligado às Ajés Ìyàmìs como penas, escamas, simbolizadores da coletividade em um só corpo, como a mulher pássaro e mulher peixe, a vir vermelho sangue, representando o fluxo menstrual, a contínua transformação, a própria vida, e a grande cabaça da existência, origem de onde o mundo e tudo que nele há passam a existir. As pencas são o poder de transmutar uma história cruel e gerar liberdade.
Sua arte vem revelando poéticas afro-brasileiras e discutem religiosidades, investiga os saberes e fazeres das tradições de joalharias crioulas, a história da população negra no país, as lutas raciais contemporâneas, entre outras. O que a levou a ter este tema como definidor desta série?
Elas são força e poder feminino criador. Em meus trabalhos, elas sempre estiveram presentes. Seja quando atualizo o balangadã no ventre, signo de pecúlio, força, resistência e união, até o que mais se verá nesta exposição.
Trabalhar em coletividade pelo bem de todos e para todos. As pencas são o poder de transmutar uma história cruel e gerar liberdade. Isso é sobre a Ajé Ìyàmì. Isso é Ajé Ìyàmì.
Nadia Taquary é baiana, nascida em Salvador. Graduada em Letras pela UCSAL e pós-graduada em Educação, Estética, Semiótica e Cultura pela EBA-UFBA.
Em 2011, realizou sua primeira individual A Bahia Tem…, no Museu Carlos Costa Pinto. Seu trabalho já foi apresentado no MAR (Museu de Arte do Rio, 2014), na SPArte (2016), na Arte Rio (2015), no Museu de Arte da Bahia (2014), na III Bienal da Bahia (2014) e na Galerie Agnès Monplaisir (Paris, 2016). Está na coleção do MAR (Museu de Arte do Rio) e é parte de diversas coleções particulares no Brasil e no exterior.
A Paulo Darzé Galeria tem como foco a arte brasileira contemporânea. Tem um calendário voltado diretamente para mostras de artistas que se sobressaem neste segmento, apresentando exposições inéditas, especialmente criadas para a Galeria, consolidando por meio desta atuação um perfil de centro por excelência do que há de mais atual na arte brasileira.
Exposição Ìyàmi, de Nadia Taquary
Data: aberta à visitação sem agendamento
Horários: de segunda à sexta, de 9h às 19h, e aos sábados de 9h às 13 horas.
Local: Galeria Paulo Darzé
Endereço:Rua Dr. Chrysippo de Aguiar, 8 – Corredor da Vitória. Salvador/Bahia
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