A Galeria Dezoito inaugura, a partir do dia 10 de abril, as mostras individuais “Ao nível do mar” do artista Pedro Afonso Silva e “Destinos distintos” do artista Rodrigo Barrales, em um novo formato onde a galeria estará dividida ao meio.
Do lado direito da galeria, o artista português Pedro Afonso Silva, designer gráfico de formação, que tem como pesquisa artística o sketch e o desenho espontâneo, utiliza-se dessas ferramentas para criar uma série de obras dedicadas ao mar, e as memórias das nossas relações com os objetos que o envolvem.
“Vemos com o que sabemos ou sabemos com aquilo que vemos?” Pedro Afonso Silva.
Parte da discussão, proposta nas obras, vem da nossa compreensão intelectual de que a terra é esférica, batendo de frente com a figura visualmente plana que é o mar, em paralelo com os desenhos bidimensionais, sem volumetria e em cores chapadas, expostos sobre suportes tridimensionais, que perpassam o canvas e o papel em caixas e dobraduras.
Do lado esquerdo da galeria, Rodrigo Barrales, propõe uma reflexão sobre a vida utilizando a linha como ponto focal. Em uma metáfora para o destino que tece a trama entre os seus personagens, o artista representa a linha de muitas formas, desde o traço da caneta à linha de costura, inclusive propondo uma continuidade do traçado discutindo como nosso destino pode ter diferentes caminhos.
“Podemos dizer que a vida corre por um fio, que as tramas de todos os nossos encontros estão cruzadas. Podemos afirmar que ninguém está aqui neste exato momento sem ter um significado, sem ter um porquê.” Rodrigo Barrales.
Barrales nos apresenta silhuetas de personagens com feições simples, e por vezes sem rosto, abertas à interpretação e ao afetivo de cada um. Estas figuras familiares são atemporais e ao mesmo tempo, comuns: mães, irmãos, primos, tias. O artista transforma essas pessoas do nosso cotidiano em elementos amplos, e ao mesmo tempo, tão específicos para cada um, representando a ancestralidade da vida contemporânea.
Apesar de dividirem o espaço da galeria, as mostras são completamente independentes uma da outra. É um formato diferente de exposição em que, ao olhar para os diferentes lados, o espectador pode enxergar diferentes trabalhos e propostas, e quem sabe, encontrar entre elas seu próprio paralelo.
Pedro Afonso Silva, natural do Porto, formou-se em Design de Interiores e Equipamento Geral e posteriormente em Design no IADE, Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação, além de ter realizado diversos cursos e workshops ao longo da sua carreira.
Tendo o sketch e o desenho espontâneo como base de seu trabalho, busca sempre a forma bruta e verdadeira da figura para encontrar a alma do objeto, utilizando como contraponto do desenho gráfico que também aparece bastante em suas obras.
Sua pesquisa atual aborda uma discussão sobre tempo e memória, algo como uma junção de presente, passado e futuro que busca trazer à tona lembranças e objetos, hoje obsoletos, mas que foram de grande importância para nossa existência.
Há também uma importante exploração da materialidade dos suportes, que sempre se mostram distintos, indo de caixas de fósforo a papéis dobrados. As cores utilizadas também remetem a essa nostalgia que questiona o tempo, tornando esses dois aspectos tão relevantes em suas obras quanto o desenho.
Durante seus 21 anos de carreira como artista plástico, Pedro Afonso Silva já participou de mais de vinte exposições individuais, coletivas e salões de arte pelo mundo todo.
Rodrigo Barrales, 1978, natural de São Paulo, abandonou o curso de arquitetura em 1997 para se tornar artista visual autodidata.
Através da influência de seus pais, ele espanhol e engenheiro e ela brasileira e pintora amadora, seus primeiros trabalhos dialogam com os grandes artistas ibéricos, relacionados ao cubismo, surrealismo e tudo que permeia a arte espanhola.
No início dos anos 2.000, inicia um trabalho de pesquisa e faz cursos com Paulo Monteiro e Laura Vinci, que o levam a criar maior intimidade com as artes contemporâneas: o uso das tintas, as possibilidades de suportes e a liberdade de criação que são fatores determinantes para a nova concepção do artista.
Nesta mesma época, Barrales cria círculos de amizades com outros jovens estudantes e cria um grupo de arte, onde desenvolvem debates e obras para exposições em casas vazias pela cidade de São Paulo, além de integrar equipes de restauração em prédios e igrejas históricas, o que o leva a pintar murais e igrejas.
Em 2019 se muda para Granada, Espanha, momento no qual se reconecta com suas origens, que naturalmente refletem em sua nova produção. De volta ao Brasil, inicia duas novas graduações: a de sociologia e a de psicanálise, estudos estes que permitem ao artista uma nova visão de concepção de conceito e de arte, além de imprimir esses temas em suas obras.
A Galeria Dezoito nasceu com propósito de compartilhar arte através de um vívido espaço de convivência, que encanta as pessoas e as levam a fazer parte dessa jornada.
O charmoso espaço em total sintonia com o bairro, fica na Vila Madalena em São Paulo, e suas paredes cinzas e amplas janelas quebram a imagem tradicional do cubo branco da maioria das galerias.
A curadoria com foco em diferentes vertentes de arte provoca no espectador a possibilidade de ter contato com uma visão ampla do meio e revela sentimentos plurais.
Com artistas renomados e em ascensão estimulam no público a ideia de que a arte é uma forma de expressão com troca de experiências.
Mostras individuais “Ao nível do mar” do artista Pedro Afonso Silva e “Destinos distintos” do artista Rodrigo Barrales.
Local: Galeria Dezoito. Rua Simpatia 23, Vila Madalena – São Paulo/SP
Vernissage: 10/04/2024, 19h00 – 22h00
Período: 11/04 a 11/05 de 2024
Visitação: Terça a Sexta | 11h às 20h.
Sábado | 10h às 18h
ENTRADA GRATUITA
APOIO: LILLET
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