Instituto Tomie Ohtake apresenta “Intimidades Radicais” que traz debates teóricos sobre gênero. O atual momento social, político e cultural parece colocar em perspectiva os direitos conquistados e o valor da livre expressão das diferenças. “No Brasil, em que os indicadores de violência e intolerância foram sempre inaceitáveis, os casos de feminicídios e atentados à população LGBTQIA+ têm se multiplicado ainda mais nos últimos anos”, aponta a curadoria brasileira.
Esta é a segunda vez que Instituto Tomie Ohtake e British Council promovem “We Are Here”, programa que reúne série de filmes das coleções de British Council e Lux, com curadoria de Tendai Mutambu, em sintonia com obras de artistas brasileiros, selecionados pelos curadores Paulo Miyada, Priscyla Gomes e Ana Paula Lopes.
Na mostra do Reino Unido é apresentada uma compilação de filmes que se inicia com I hope I’m Loud When I’m Dead, 2018, de Beatrice Gibson. A artista relembra a maternidade e seus relacionamentos com poetas queer – CAConrad e Eileen Myles – como forma de reformular a ganância e a intolerância atuais. Gibson reúne imagens do incêndio na Torre Grenfell no Reino Unido, a migração em massa de refugiados e o derretimento da calota polar com imagens de cuidado e afeto.
O segundo filme, Sharla Shabana Sojourner Selena, 2016, de Rehana Zaman, observa seis narradoras compartilhando experiências pessoais em audições, algumas roteirizadas, outras espontâneas. Elas descrevem cenários onde raça e gênero influenciam os encontros de cada protagonista no seu ambiente de trabalho, em reuniões religiosas ou em suas vidas românticas. O roteiro usa referências de textos psicossociais e filmes experimentais feministas.
O terceiro filme, Casting Through and Scenes from Radcliffe, 2017, de Stephen Sutcliffe , traça paralelos entre o romance Radcliffe, de David Storey, e um desejo não correspondido do diretor britânico de cinema e teatro Lindsay Anderson em relação ao ator Richard Harris. A tensão da obra literária original, pioneira no debate da homofobia antes da contracultura e dos movimentos da década de 1960, é traduzida no movimento circular ininterrupto da câmera e nas elipses da narrativa encenada para o vídeo.
A curadoria brasileira convidou a artista espanhola Sara Ramos, o diretor e roteirista Renan de Cillo e a artista multidisciplinar Ode.
Sara Ramos apresenta Una y Otra vez / Once and Again (2019), um vídeo que emula a boca de cena de um teatro de bonecos ou marionetes; apesar da atmosfera leve associada ao imaginário dessa modalidade cênica, a narrativa sugerida cria fabulações em torno do abuso e da violência doméstica contra a mulher.
Renan de Cillo apresenta o já o premiado filme-ensaio Bicha-Bomba (2019), em que convoca seus expectadores a ponderar sobre o caráter destrutivo e arbitrário da homofobia. O diretor justapõe imagens VHS de sua infância à narração da história do menino Alex, que aos oito anos de idade foi espancado até a morte por seu pai.
A artista Ode de investiga poeticamente a travestilidade e as práticas emancipatórias dos corpos. A artista traz Restituição (2021), realizada em parceria com Vitor Duarte.
Além dos três vídeos apresentados, a curadoria brasileira convidou o Coletivo Assume Vivid Astro Focus (AVAF) para intervir no espaço expositivo, transformando a ambiência da sala expositiva com um conjunto de papéis de parede e intervenções luminosas.
O Instituto Tomie Ohtake, inaugurado em novembro de 2001, destaca-se por ser um dos raros espaços da cidade especialmente projetado, arquitetônica e conceitualmente, para realizar mostras nacionais e internacionais de artes plásticas, arquitetura e design.
Exposição: INTIMIDADES RADICAIS
De 09 de fevereiro a 03 de abril de 2022
Terça a domingo, das 11h às 20 – entrada franca
Local: Instituto Tomie Ohtake. Av. Brigadeiro Faria Lima, 201, Pinheiros, São Paulo
Classificação indicativa: maiores de 18 anos
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