O Bastardo, jovem artista carioca que vem ganhando cada vez mais visibilidade na arte contemporânea brasileira, inaugura no Museu de Arte do Rio (MAR) sua primeira exposição individual: “O Retrato do Brasil é Preto”, com curadoria de Marcelo Campos e Lilia Schwarcz.
Na comemoração de dez anos do Museu, o público vai encontrar uma série de pinturas que se apresentam a partir das experiências do artista. Os retratos realizados com a técnica do grafite e inspirados pelos desenhos de rua possuem destacada assinatura cromática. Em suas telas, personagens negras, célebres ou anônimas são protagonistas no repertório visual. O Bastardo, jovem de 25 anos do subúrbio do Rio, se apresenta com o compromisso de fazer da arte um lugar de representatividade.
A exposição se divide nos núcleos “Pretos de Grife”, “Assinaturas Pretas”, “Narrativas Pretas” e “Sobre os começos”, onde o artista traz trabalhos de seus primeiros momentos de criação. Para a curadoria do MAR, promover a primeira mostra individual institucional de O Bastardo é afirmar que o Museu cumpre a sua vocação de identificar o potencial de novos artistas e de suas trajetórias.
As obras expostas em “O Retrato do Brasil é Preto” apresentam e festejam novos heróis, protagonistas e formas de representação. “Todo retrato é um autorretrato, mas é igualmente uma somatória da comunidade, mostrando como essas são obras, ao mesmo tempo individuais e coletivas”, afirma O Bastardo. O artista faz tanto um mergulho nas suas vivências no Rio de Janeiro quanto na observação de trajetórias vitoriosas de vidas negras que admira.
A entrada para a abertura é gratuita e haverá visita mediada com fala do artista às 11 horas. Ainda no sábado (18) haverá, a partir das 14 horas, “O Sarau do Azevedo”, projeto sociocultural que conecta a nova geração a figuras de destaque no mercado musical com o objetivo de desenvolver a cena da música preta contemporânea em terras cariocas. A edição aberta ao público acontecerá no térreo do Museu de Arte do Rio até as 18 horas.
Natural de Mesquita, periferia do Rio de Janeiro, O Bastardo começou sua carreira no grafitti, ainda aos 15 anos. Aos 18 ganhou uma bolsa para estudar videoarte da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde se aprofundou em outras técnicas de pinturas e linguagens. Em 2021, estudou na École des Beaux Arts, em Paris.
De volta ao Brasil, com muitas portas abertas, tornou-se destaque da nova geração, O Bastardo foi anunciado em fevereiro de 2023 como integrante do quadro de curadores do EAV Parque Lage, ao lado de André Sheik e Adriana Nakamuta.
“Em suas pinturas, as discussões travadas nas obras nos direcionam ao atravessamento entre práticas cotidianas do empoderamento de pessoas negras e gestos usuais de pertencimento a grupos sociais, como a bênção ou a descoloração do cabelo. Lazer e consumo configuram assuntos cada vez mais recorrentes em obras de artistas racializados, já que a história evidenciou os gestos de violência e sobrevivência como modo de inserção e denúncia às atrocidades perpetradas à maioria da população brasileira. O Bastardo faz de seu próprio nome, precedido por artigo definido, um vínculo de subversão de sua própria história, mantendo a palavra classificatória que, nas cenas das artes, passa a redirecionar o assunto e alertar para a prática de exotizar as margens. foi aprovado para estudar na École des Beaux-Arts, em Paris.” Trecho do texto publicado pelo EAV Parque Lage.
Exposição: “O Retrato do Brasil é Preto ” – O Bastardo
Local: MAR, Museu de Arte do Rio. Praça Mauá, 5 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Período: de 18 de março a 28 de maio
Funcionamento do MAR: de quinta-feira a domingo, das 11h às 18h (última entrada às 17h)
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