Crédito: Eduardo Ortega
Leonilson (1957-1993) é um artista tanto central quanto marginal na história da arte brasileira. Central porque é autor de uma obra absolutamente incontornável no final do século 20, reconhecido em muitas exposições, livros e mesmo em tatuagens. Mas ele é também marginal, pois, com uma obra tão singular, não se encaixa facilmente nos movimentos e gerações da história da arte brasileira. Sobretudo, Leonilson é marginal porque, no final dos anos 1980 no Brasil, é um homem gay e, a partir de meados de 1991, vivendo com HIV—ele morre dois anos depois, aos 36 anos, em decorrência da aids.
Trabalhando em desenho, pintura, objeto, bordado, tecido e instalação, Leonilson expressa intensamente suas paixões e emoções em suas obras, cujos temas são o amor, o abandono, a perda, a solidão e a doença. Porém, Leonilson também manifesta seus sentimentos em relação à política, como se vê na obra que empresta seu título à exposição, Agora e as oportunidades, em outros trabalhos da série das minorias e em diversas ilustrações feitas para a coluna de Barbara Gancia, entre 1991 e 1993.
Esta mostra tem como foco o chamado Leonilson tardio, o período maduro do artista em que ele refina sua linguagem e sua poética, usando cada vez menos elementos em suas composições—muitas vezes com traços religiosos—e atingido um ápice verdadeiramente sublime em ‘Instalação sobre duas figuras’ (1993). A despeito do caráter diarístico de sua obra, é importante compreender os trabalhos do artista não a partir de um interesse biográfico—pois ele frequentemente mescla verdade e ficção, biografia e fabulação—, mas, sim, por sua monumental construção poética, representada em imagens, materiais e textos.
A exposição está dividida em cinco salas—cada uma dedicada a um ano da produção de Leonilson entre 1989 e 1993—na galeria do primeiro andar do museu e em uma seção adicional no mezanino do primeiro subsolo, com as ilustrações para a Barbara Gancia. Mais de três décadas após sua morte, o artista continua nos oferecendo novas oportunidades de
leitura, inspiração e significação. A imagem que permanece de Leonilson, por meio de obras, exposições, livros, filmes, teatro e tatuagens, é a de um ressonante anti-herói, múltiplo e contraditório. Há um pouco dele em muitos de nós.
Exposição “Leonilson: agora e as oportunidades”
Período: 23.8 – 17.11.2024
Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, com assistência curatorial de Teo Teotonio
Local: MASP – Museu de arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Av. Paulista, 1578. São Paulo – SP
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