O Museu de Arte do Rio (MAR) apresenta a partir deste sábado, 18/05, Dia Internacional dos Museus, o conjunto de obras criadas pela artista paranaense Lidia Lisbôa. Esculturas e instalações suspensas que, através de tramas e elementos têxteis, apresentam ao público a força da manufatura na arte contemporânea brasileira.
A exposição “Têta”, primeira individual da artista na instituição, apresenta cerca de 30 obras e tem a curadoria de Amanda Bonan, Marcelo Campos, Amanda Rezende, Thayná Trindade e Jean Carlos Azuos. A mostra terá algumas obras inéditas comissionadas pela instituição, e faz parte do “Mulheres no MAR”, programa que visa ampliar a exibição da arte produzida por artistas brasileiras. Essa é a terceira exposição do projeto, que iniciou com a individual “Ònà Irin: Caminho de ferro”, de Nádia Taquary, e recentemente com “Pamuri Pati: Mundo de Transformação”, de Daiara Tukano.
Úteros, tetas, cordões umbilicais e cupinzeiros fazem parte da poética da artista Lidia Lisbôa. Com uma pesquisa que perpassa o território ancestral e o corpo feminino, a artista convida o público a uma imersão em suas obras. “Lidia é uma mulher negra que se aproxima do que, poeticamente, se vinculou ao feminino nas artes, principalmente a questão têxtil e a própria pesquisa sobre a argila. Em tudo é uma obra muito próxima das mãos, do fazer manual, mas com o pensamento contemporâneo ampliado. Ela instala, pendura, espalha no chão, faz em quantidade e acumula. O ateliê de Lidia é constituído de elementos de costura como tecidos e retalhos, botões, filós, todos os elementos que a gente encontraria num ateliê de costura. Mas é importante dizer também, que há neste lugar uma escolha muito assertiva dela nesses materiais, ou seja, ela compra os rolos de tecido, não é somente um material de coleta ou descarte. Isso dá à própria obra da Lidia o elemento da escolha, sobre a qual a noção de uma colcha de retalhos não se enquadraria”, afirma Marcelo Campos, curador-chefe do MAR.
O público que visitar o térreo do Pavilhão de Exposições do MAR irá encontrar obras da série intitulada “Tetas que deram de mamar ao mundo”, cuja produção foi iniciada em 2011. Tratam-se de esculturas têxteis de grandes dimensões que são alçadas ao teto e caem próximas ao chão, numa forma que remete aos seios femininos.
A exposição apresenta ainda seus trabalhos escultóricos, em especial, a série Cupinzeiros. Dos cordões umbilicais de seus irmãos que viu sendo cortados no parto aos cupinzeiros que observava na juventude interiorana, Lisbôa costura e transforma suas memórias em arte.
A artista nasceu em 1970 na cidade de Terra Roxa, no Paraná. Aos 6 anos de idade, iniciou sua imersão no mundo do crochê ao lado de familiares cujos ensinamentos serviram de influência poética no mundo dos tecidos. Após ter se mudado para São Paulo, em 1986, Lidia Lisbôa trabalhou em um ateliê de alta costura e, em 1991, iniciou sua produção artística. Obteve formação de Gravura em Metal pelo Museu Lasar Segall, escultura contemporânea e cerâmica no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) e no Liceu de Artes e Ofícios. Cursou Gravura em metal no Museu Lasar Segall, escultura contemporânea no Museu Brasileiro de Escultura (MuBE), cerâmica no Liceu de Artes e Ofícios e História da Arte no Museu de Arte de São Paulo (MASP). A prática de Lidia Lisbôa se desenvolve em suportes distintos, sobretudo a escultura, o crochê, em performances e em desenhos. Sua pesquisa tem a tessitura de biografias como eixo fundamental, percorrendo os polos do corpo e da memória ao utilizar matérias nas quais se imprime a manufatura produzida pela artista. Resultado de uma prática artística constante que se mistura à vida, na obra de Lisbôa, a costura e a criação de narrativas se colocam como exercício de construção subjetiva e, portanto, de cura e ressignificação. É artista representada pela Galeria Millan e participou de exposições nacionais e internacionais. Recentemente foi uma das artistas que participou da exposição “Atlântico Vermelho”, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça.
O Museu de Arte do Rio (MAR) é um museu da Secretaria Municipal de Cultura do Rio e a sua concepção é fruto de uma parceria entre a Prefeitura e a Fundação Roberto Marinho.
Em janeiro de 2021, o Museu de Arte do Rio passou a ser gerido pela Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) que, em cooperação com a Secretaria Municipal de Cultura, tem apoiado as programações expositivas e educativas do MAR por meio da realização de um conjunto amplo de atividades. A OEI é um organismo internacional de cooperação que tem na cultura, na educação e na ciência os seus mandatos institucionais.
O MAR é mantido com recursos próprios da Prefeitura do Rio, tendo, igualmente, o Instituto Cultural Vale como mantenedor, a Equinor e a Globo como patrocinadores master e o Itaú Unibanco como patrocinador. São os parceiros de mídia do MAR: a Globo e o Canal Curta. A Machado Meyer Advogados e a Wilson Sons também apoiam o MAR.
O MAR conta ainda com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, do Ministério da Cultura e do Governo Federal do Brasil, também via Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Exposição TÊTA – Lidia Lisbôa
Museu de Arte do Rio / MAR: Praça Mauá, 5 – RJ
Abertura: 18 de maio, 11h.
Visitação: de 18 de maio a 8 de setembro
Funcionamento: de terça a domingo, das 11h às 18h (última entrada às 17h)
R$ 20 (inteira); R$ 10 (meia) – às terças-feiras com entrada gratuita
Classificação indicativa livre.
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