Exposições e Eventos

Rosana Paulino inaugura, na Argentina, sua maior individual internacional

Rosana Paulino inaugura, no Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires), “Amefricana” – sua exposição mais completa realizada fora do Brasil, dando início ao calendário de exposições de 2024 do museu. A mostra reúne um conjunto de obras realizadas ao longo de 30 anos, entre 1994 e 2024, sob a perspectiva que o Atlântico inscreve na América afrodescendente.

Em suas instalações, desenhos, gravuras, bordados e esculturas, Paulino aborda a escravidão e a violência da diáspora africana no Brasil como eixo central de sua prática, que além de artística, também é pedagógica e militante. Criadora versátil, ela explora diversas técnicas, com um especial apego à gráfica e ao desenho. Através de materiais específicos (como a sutura, costura e o uso do arquivo, entre outros), ela atravessa criticamente a história do Brasil, problematizando a construção étnica da nação.

As intervenções poéticas de Paulino reinscrevem os arquivos da diáspora africana na América do Sul. Ela o faz através do diálogo constante entre arquivos pessoais, arquivos históricos, questionamentos às matrizes da ciência ocidental (seus sistemas de classificação, hipóteses, formas de ordenar o mundo) e também através de uma abordagem dos afetos e circunstâncias da mulher negra na sociedade brasileira e latino-americana.

Rosana Paulino, Amefricana, MALBA, 2024, photo by Alejandro Guyot

A exposição propõe um percurso para abordar esses conceitos a partir de uma poética complexa e profundamente afetiva. Inclui cinco grandes instalações, juntamente com desenhos, gravuras e um vídeo. Organiza-se em quatro grandes núcleos (“Memórias atlânticas”, “As estruturas coloniais da ciência”, “As narrativas da arte brasileira” e “Tecidos da subjetividade”) que não são zonas separadas, mas eixos de sentido que atravessam quase todas as obras de Paulino.

Rosana Paulino, Amefricana, MALBA, 2024, photo by Alejandro Guyot

O título “Amefricana” deriva do conceito de “amefricanidade”, cunhado pela filósofa, ativista negra, feminista e socióloga brasileira Lélia Gonzalez (1935-1994). “Amefricanas” são as identidades individuais, estruturadas na vivência coletiva, daqueles que compartilham laços culturais contrários ao domínio colonial. O termo recolhe particularidades da figura da mulher negra e destaca sua participação ativa na história, ao contrário de outras narrativas racistas e sexistas que diminuem ou suprimem sua importância.

Sobre Rosana Paulino

São Paulo, Brasil, 1967.

É doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo – Eca/USP, especialista em Gravura pelo London Print Studio na Inglaterra e licenciada em Gravura pela Eca/USP. Foi bolsista da Fundação Ford de 2006 a 2008 e da Capes de 2008 a 2011. Em 2014, obteve uma residência no Centro Bellagio da Fundação Rockefeller, Itália, e em 2017 ganhou os prêmios Bravo e ABCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte) na categoria de Arte Contemporânea.

Rosana Paulino

Sua obra foi exposta em importantes museus como o MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo; UNM – University of New Mexico Art Museum, Novo México, Estados Unidos e Museu Afro-Brasil – São Paulo, e na 59ª Bienal de Arte de Veneza. Entre suas exposições individuais destacam-se “O tempo das coisas”, na Mendes Wood DM, Bruxelas (2022); “A costura da memória”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2018); “Atlântico Vermelho”, no Padrão dos Descobrimentos, Lisboa (2017); e “Mulheres negras” no Espace Culturel Fort Griffon, Besançon, França (2014).

Rosana Paulino é representada pela Galeria Mendes Wood DM

Leia também: Rosana Paulino: biografia e trajetória

Catálogo

Por ocasião da exposição, o Malba publicará um catálogo com reproduções das obras expostas, além de um corpo de textos que contribuem e ampliam a recepção do trabalho da artista. O livro inclui ensaios ilustrados de cada um dos curadores e uma conversa entre ambos e Paulino, além de uma contribuição especialmente encomendada a Kanitra Fletcher, curadora de arte afro-americana e afro-diaspórica na National Gallery of Art em Washington. O volume é completado com a republicação de um texto da já falecida Lélia Gonzalez, pensadora brasileira autora do conceito de amefricanidade, e um glossário fundamental sobre este conceito elaborado pelo curador Weslei Chagas, especializado em arte e pensamento negro.

Serviço

Rosana Paulino | Amefricana
Data: 22/03 a 10/06/2024
Local: Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires)
Endereço: Av. Figueroa Alcorta 3415. C1425CLA Buenos Aires, Argentina

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