Nesta semana os colecionadores, curadores, galeristas e artistas se voltam para Londres em torno de uma das maiores feiras de arte contemporânea da atualidade. Desde 2003 a feira faz milhões circularem reunindo importantes nomes da arte contemporânea. Com uma programação paralela intensa e exposições abrindo por todos os lados da cidade, entusiastas chegam a visitar mais de dez, quinze espaços de arte em um único dia e encerram suas noites em festas exclusivas, como a de Rosza Farkas, diretora de uma das mais descoladas “new galleries” da capital Inglesa, Arcadia Missa – a galeria mostrou na feira um vídeo pela aclamada artista Hannah Black que foi direto para a coleção da famosa Tate Modern.
Com mais de 160 galerias participantes, expondo mais de 1000 nomes da arte contemporânea a feira continua chamando bastante atenção e este ano esta sendo comentado como um dos mais interessantes dos últimos anos. Vamos aos destaques da feira que este ano está em sua 15a edição.
O Brasil, como nos últimos tempos, mostra que a importância de seus artistas não pode ser esquecida pelo mundo da arte. A Galeria Luisa Strina foi premiada como o melhor estande da feira mostrando obras de Alexandre da Cunha, Leionilson, Renata Lucas, Anna Maria Maiolino, Marcius Galan e Fernanda Gomes. Com uma curadoria impecável e uma estética cru o estande chamou atenção pelo diálogo intenso entre as obras e a diversidade das propostas. Outro destaque brasileiro foi o estande da Fortes D’Aiola & Gabriel que expõe um trabalho seminal da pintora Adriana Varejão, autora de uma das pinturas que estão em debate pela exposição Queermuseu.
A japonesa Taro Nasu chamou atenção pela participação de Ryan Gander com sua instalação “I’m never coming back to Osaka again, 2017”, um pequeno buraco na parede da galeria cheio de notas de Yen que se mexem como se estivessem sendo comidas por ratos. Outra grande presença sul-asiática é de KWAK Duck-Jun pela Galeria Hyundai de Seul, Coréia do Sul. Seu trabalho preciso e sensível chama atenção de todos os olhares da feira ao por na balança o peso da pedra. Numa tentativa de sustentar uma pedra e medir seu peso real utilizando-se de três balanças industriais.
Na programação de projetos experimentais da feira a performance de “THE SPIT!” de Carlos Motta, John Arthur Peetz e Carlos Maria Romero quebra a atmosfera agradável da feira. Os artistas convidaram performers e artistas cis e trans da comunidade londrina para reinterpretar manifestos queer tanto históricos como escritos pelo coletivo em resposta a realidade contemporânea. A sensação é curiosa e, as vezes, um tanto circense, remetendo aos antigos grupos de teatro mambembe de um passado não tão distante. Os manifestos, de linguagem explícita e claramente direcionada ao publico alvo da feira (a elite branca e rica do primeiro mundo) pede para que as minorias não sejam esquecidas, jogadas no lixo. O que numa exposição de arte pareceria conteúdo sensível, no contexto da feira ganha dimensão política maior por oferecer o embate físico mais intenso. O performer negro, gay, com sombra rosa ao redor se seus olhos grita e canta por reconhecimento ao mirar o burguês andando com sua jaqueta edição limitada ou bolsa Luis Vuitton by Jeff Koons.
A mostra ganha maior dimensão política na seção especial SEX WORK curadoria de Alison Gingeras expõe artistas mulheres cujo trabalho utiliza de conteúdo sexual explícito para endereçar o empoderamento feminino, destaque para o estande da galeria vienense Richard Saltoun que mostra trabalhos de Renate Bertlmann.
*Bonus* Veja um trecho da performance de SPIT!
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