Categories: ExposiçõesFeiras

O que aconteceu na Frieze 2017 que você precisa saber.

Ryan Gander, I’m never coming back to Osaka again, 2017

Nesta semana os colecionadores, curadores, galeristas e artistas se voltam para Londres em torno de uma das maiores feiras de arte contemporânea da atualidade. Desde 2003 a feira faz milhões circularem reunindo importantes nomes da arte contemporânea. Com uma programação paralela intensa e exposições abrindo por todos os lados da cidade, entusiastas chegam a visitar mais de dez, quinze espaços de arte em um único dia e encerram suas noites em festas exclusivas, como a de Rosza Farkas, diretora de uma das mais descoladas “new galleries” da capital Inglesa, Arcadia Missa – a galeria mostrou na feira um vídeo pela aclamada artista Hannah Black que foi direto para a coleção da famosa Tate Modern.

Com mais de 160 galerias participantes, expondo mais de 1000 nomes da arte contemporânea a feira continua chamando bastante atenção e este ano esta sendo comentado como um dos mais interessantes dos últimos anos. Vamos aos destaques da feira que este ano está em sua 15a edição.Vista do estande da Galeria Luisa Strina

O Brasil, como nos últimos tempos, mostra que a importância de seus artistas não pode ser esquecida pelo mundo da arte. A Galeria Luisa Strina foi premiada como o melhor estande da feira mostrando obras de Alexandre da Cunha, Leionilson, Renata Lucas, Anna Maria Maiolino, Marcius Galan e Fernanda Gomes. Com uma curadoria impecável e uma estética cru o estande chamou atenção pelo diálogo intenso entre as obras e a diversidade das propostas. Outro destaque brasileiro foi o estande da Fortes D’Aiola & Gabriel que expõe um trabalho seminal da pintora Adriana Varejão, autora de uma das pinturas que estão em debate pela exposição Queermuseu.Adriana Varejão, Testeminha Ocular X, Y e Z, 1997, óleo sobre tela, porcelana, fotografia, prata, vídeo e metal

A japonesa Taro Nasu chamou atenção pela participação de Ryan Gander com sua instalação “I’m never coming back to Osaka again, 2017”, um pequeno buraco na parede da galeria cheio de notas de Yen que se mexem como se estivessem sendo comidas por ratos. Outra grande presença sul-asiática é de KWAK Duck-Jun pela Galeria Hyundai de Seul, Coréia do Sul. Seu trabalho preciso e sensível chama atenção de todos os olhares da feira ao por na balança o peso da pedra. Numa tentativa de sustentar uma pedra e medir seu peso real utilizando-se de três balanças industriais.KWAK Duck-Jun, Três balanças e uma pedra, 2015

Na programação de projetos experimentais da feira a performance de “THE SPIT!” de Carlos Motta, John Arthur Peetz e Carlos Maria Romero quebra a atmosfera agradável da feira. Os artistas convidaram performers e artistas cis e trans da comunidade londrina para reinterpretar manifestos queer tanto históricos como escritos pelo coletivo em resposta a realidade contemporânea. A sensação é curiosa e, as vezes, um tanto circense, remetendo aos antigos grupos de teatro mambembe de um passado não tão distante. Os manifestos, de linguagem explícita e claramente direcionada ao publico alvo da feira (a elite branca e rica do primeiro mundo) pede para que as minorias não sejam esquecidas, jogadas no lixo. O que numa exposição de arte pareceria conteúdo sensível, no contexto da feira ganha dimensão política maior por oferecer o embate físico mais intenso. O performer negro, gay, com sombra rosa ao redor se seus olhos grita e canta por reconhecimento ao mirar o burguês andando com sua jaqueta edição limitada ou bolsa Luis Vuitton by Jeff Koons.“THE SPIT!” de Carlos Motta, John Arthur Peetz e Carlos Maria Romero

A mostra ganha maior dimensão política na seção especial SEX WORK curadoria de Alison Gingeras expõe artistas mulheres cujo trabalho utiliza de conteúdo sexual explícito para endereçar o empoderamento feminino, destaque para o estande da galeria vienense Richard Saltoun que mostra trabalhos de Renate Bertlmann.Renate Bertlmann, SEX WORK Section, Frieze 2017

*Bonus* Veja um trecho da performance de SPIT!

https://youtu.be/HJ5MJD_OtUQ

Não foi possível salvar sua inscrição. Por favor, tente novamente.
Sua inscrição foi bem sucedida.
Marcel Darienzo

Marcel Darienzo é paulista e trabalha nas artes visuais, performance, teatro e dança. Atualmente mora em Londres, Reino Unido, onde é candidato a Mestre pela Goldsmiths, University of London

Recent Posts

‘Poéticas do Silêncio’, exposição de Marlene Chade na Galeria Sergio Caribé – SP

Marlene Chade inaugura a exposição 'Poéticas do Silêncio' no dia 16 de dezembro, às 19h,…

2 dias ago

Pantone anuncia a Cor do Ano de 2026 e divide opiniões

Pantone anuncia sua Cor do Ano de 2026 e, como acontece a cada ciclo, movimenta…

3 dias ago

Paço Imperial inaugura a exposição “Gilberto Salvador – Geometria Visceral” e traz obras táteis

Gilberto Salvador ganha destaque no Paço Imperial, que inaugura na próxima terça-feira, 9 de dezembro…

3 dias ago

Manto da Apresentação, de Bispo do Rosário, recebe restauro e participa de exposições pela Europa

Bispo do Rosário tem sua obra mais emblemática, o “Manto da Apresentação”, iniciando os primeiros…

3 dias ago

Dalton Paula, único artista brasileiro na Power 100 da ArtReview, sobe para a 68ª posição na lista de 2025

Dalton Paula solidifica sua posição como uma das figuras mais influentes da arte contemporânea global…

3 dias ago

Exposição “Demonstra: pela poética def” no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo

Centro Cultural Fiesp recebe a exposição “Demonstra: pela poética def”, que reúne obras de Lua…

3 dias ago