As obras de arte são rapidamente notadas pelos visitantes da Chapel School. Não há um espaço do colégio em que elas não apareçam. Grandes, pequenas, nos estilos e técnicas mais variados; na recepção, nas salas de aula, nas bibliotecas, nos laboratórios, na administração.
Os longos corredores, em especial, se tornam improváveis galerias, em que fica claro que o ambiente do colégio respira ares muito particulares, e onde os mais próximos do tema podem reconhecer assinaturas de alta relevância no meio artístico brasileiro.
Esta é apenas a face mais visível de uma longa história de envolvimento com as artes, resultante do perfil humanista da Chapel.
É devido a essa enorme valorização da arte e tentativa de aproximação da mesma no cotidiano dos estudantes que o Arteref preparou uma matéria sobre o Chapel Art Show. Apoiamos profundamente a iniciativa da escola.
O evento teve início em 1967, com a iniciativa de um grupo de mães voluntárias para realizar uma mostra de arte visando arrecadar recursos para a biblioteca do colégio. Nascia o Chapel Art Show, que caminha para a sua edição 47.
Com o tempo, o evento adquiriu importância no cenário cultural da cidade de São Paulo. Enquanto a primeira edição teve a participação de apenas dezesseis pintores, em edições recentes os artistas passaram de uma centena, com a apresentação de mais de 1.000 obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, instalações e grafites, e a circulação de cerca de 2.000 pessoas ao longo da semana em que o evento se realiza.
Além da comunidade do colégio e da presença dos artistas, são convidados colecionadores e profissionais com atuação expressiva no mercado de arte, e é realizada ampla cobertura pela imprensa.
A importância do Chapel Art Show já era exaltada no início dos anos 1980, como atesta matéria publicada na extinta revista Visão no dia 13 de abril de 1981:
“Pode-se dizer, sem receio de exagerar: a XIV Exposição de Arte Contemporânea Chapel Art Show é a maior mostra não oficial de artistas brasileiros feita de uma só vez, num só local. Afinal, reúne nomes como os de Bruno Giorgi, Calabrone, Madeleine Colaço, Norberto Nicola, Mabe, Cláudio Tozzi, Cândido Portinari, Wesley Duke Lee, Anita Malfatti, Rebolo, entre outros.”
Em 1972, quando a comissão organizadora pediu a Helenos que produzisse um pôster e a capa do programa do evento, iniciou-se a tradição de homenagear um artista a cada edição.
Em 1988, a organização do evento registrou o papel da homenagem: “Ele [o homenageado] representa a dedicação de todos os artistas participantes. Como não é possível homenagear todos individualmente – como é nosso desejo — escolhemos cada ano um artista que, prestigiando nossos artistas, também nos prestigie. Ele é, por assim dizer, o nosso ‘procurador’ junto a cada um de vocês para apresentar o nosso obrigado pela sua participação, pela sua cooperação.”
Desde então, nomes consagrados da arte brasileira foram celebrados e sua presença nas edições dos eventos, bem como a de outros artistas convidados, fortaleceu o caráter educativo do evento.
A cada edição do Chapel Art Show, o compromisso de estimular o conhecimento dos alunos e a educação para as artes visuais se reflete em uma ampla programação.
Visitas guiadas, encontros com o artista homenageado e outros expositores, oficinas de arte e workshops são oferecidos aos alunos e à comunidade do colégio. Nesses encontros, os artistas falam de seu percurso, do processo criativo, de conceitos e referências e da história das obras expostas. São vivências que aproximam o fazer artístico do plano real.
Um ponto alto dessa interação é a visita de artistas às salas de aula para conversar e produzir com os alunos. Entre muitos outros, Jardineiro André Feliciano, Rubens Matuck, Apolo Torres, Katia Canton e os homenageados Wesley Duke Lee, Florian Raiss, Luiz Paulo Baravelli, Antônio Henrique Amaral, Cláudio Tozzi e Nelson Leirner são nomes que já participaram dessas atividades.
Em sintonia com a visão integrada da Chapel sobre o ensino, as atividades extrapolam a educação artística e são propostas por professores de outras disciplinas, abrangendo temas diversos, de acordo com os conteúdos acadêmicos desenvolvidos em sala.
O viés político da série das Bananas, de Antônio Henrique Amaral, homenageado de 2011, foi discutido nas aulas de Estudos Sociais do High School. O artista contou sobre sua crítica ao governo militar brasileiro aos alunos, que vinham justamente estudando o período da ditadura.
Especialmente para dois deles, que trabalhavam o tema em seu extended essay de IB, foi uma incrível oportunidade de entrevistar o artista e contar com um relato direto de experiências do período.
No Art Show de 2014, a arte concreta da homenageada Judith Lauand serviu de base para os alunos trabalharem poesia concreta nas aulas de português.
Aos alunos do kindergarten são reservadas atividades lúdicas, jogos e também produções artísticas na semana do Chapel Art Show. Nas visitas à exposição, eles são instigados a descobrirem formas e cores que já integram seu repertório.
Na edição de 2015, foi produzida uma cartilha de apreciação e interação com o evento para os alunos do ECEC e do Elementary, apresentando artistas e obras por meio de jogos e atividades.
No fim de semana, as ações educativas estendem-se ainda a outros visitantes, integrando as famílias dos alunos. São workshops e ateliês de artes para pais e filhos em que chegam a participar mais de cem pessoas.
Há também, à noite, coquetéis com a participação dos artistas em palestras, além de visitas guiadas em inglês e português. A programação inclui ainda palestras com profissionais da área sobre história da arte, colecionismo, arte contemporânea, entre outros temas que proporcionam conhecimento e reflexão sobre o universo das artes visuais.
O Chapel Art Show é organizado por pais voluntários e seu lucro é todo destinado para as obras assistenciais mantidas pelos padres da Congregação Oblatos de Maria Imaculada, rendendo frutos a inúmeros projetos sociais.
Ao longo dos anos, além de comercializarem suas obras a preços acessíveis, estimulados por este retorno social, diversos artistas participantes e entusiastas da mostra doaram suas obras para o acervo do colégio e a fruição cotidiana de estudantes e da comunidade escolar.
O primeiro registro de doação de uma obra para a Chapel foi de Dario Mecatti, em 1972. Hoje, todas as obras estão organizadas dentro dos mais modernos critérios de catalogação de coleções, com forte suporte tecnológico e certificação de acordo com padrões museológicos.
Fazem parte de um amplo projeto que inclui exposição permanente ao longo de todo o ano, em todos os espaços, corredores e salas de aula do colégio, e do programa educativo com o objetivo principal de estreitar o contato dos estudantes com a arte.
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