Nesta matéria falaremos não somente sobre a nova realidade das galerias, mas de todo o sistema de arte, pois, pelo que tudo indica, as feiras e exposições lotadas vão ficar para a história e todos vão precisar discutir novas ações para atraírem clientes.
Assim como os museus, as galerias estão se voltando para exposições digitais para atrair clientes. Representantes de várias galerias de Nova York disseram que começaram a criar salas de exibição online e estão sendo mais transparentes quanto aos preços para aumentar as vendas.
Uma das galerias, a Gagosian, disse que começou a destacar um artista por semana – focando naqueles que tiveram suas exposições canceladas – e listou uma obra de arte com o preço por 48 horas.
“Para quem não está familiarizado com o funcionamento do mercado de arte, esta é literalmente a maneira mais contra-intuitiva de fazer negócios”, disse o diretor da galeria Sam Orlofsky.
Para a maioria das galerias, mesmo isso pode não ser suficiente para salvar seus negócios. Griff Williams, proprietário da Galeria 16 em San Francisco, disse que mesmo o empréstimo do governo para pequenas empresas pode ajudar a pagar seus cinco empregados até junho, nada mais.
“Estamos no mercado há 26 anos e isso pode muito bem ser o fim. Somente aqueles com vastos recursos financeiros poderão resistir nos próximos meses”.
Até grandes feiras de arte como a Art Basel estão oferecendo salas de exibição online pela primeira vez. A versão da feira em Hong Kong também foi cancelada, frustrando os planos de mais de 230 revendedores de arte de movimentar cerca de US $ 270 milhões no mercado.
O New York Times informou que, embora a maioria dos compradores de arte ainda prefira ver as obras pessoalmente antes de gastar milhares – ou até milhões – de dólares, alguns ficaram mais confortáveis fazendo compras online de galerias e artistas com os quais estão familiarizados.
“A plataforma online é algo que consideramos uma parte importante do que fazemos”, disse o negociante de arte David Zwirner.
“De uma maneira engraçada, o mundo da arte está atrasado para a festa, se você pensar em outras experiências de varejo.”
David Zwirner
É possível que ainda outras grandes feiras de arte sejam canceladas nos próximos meses, já que especialistas em saúde alertam que medidas de distanciamento social precisam continuar por um bom período.
Nesta onde de readaptação, as grandes galerias estão investindo pesadamente em inbound marketing, que em poucas palavras, é o marketing de conteúdo.
David Zwirner contratou o seu filho (Lucas Zwirner) para trabalhar em um novo papel, em conjunto com Fan Zhong (ex-diretor digital da W Magazine) e a diretora de vendas on-line da galeria, Elena Soboleva. A Galeria procurará criar o que ele chamou de“uma voz unificada da marca” para todos os produtos online, que vão de exposições, programação, catálogos, livros e salas de visualização virtuais.
“Temos essa incrível plataforma online que é mais que apenas uma plataforma de vendas, é um espaço de exibição”, disse Zwirner.
“É um espaço onde podemos organizar programas, destacar artistas e contar histórias. Nesse sentido, também é uma revista online. “
“É preciso ter uma visão mais ampla de todas as diferentes plataformas disponíveis”, disse Zwirner.
“Estamos analisando os diferentes mecanismos de publicação existentes no mundo e tentando criar uma estratégia e uma visão geral para todos eles”.
Zhong terá a tarefa de supervisionar a estratégia digital da galeria, particularmente sobre como fazer a transição de uma estrutura tradicional de uma galeria física para o ambiente digital.
“Há uma necessidade real de garantir que também estamos prestando atenção aos artistas, representando os artistas, contando suas histórias de maneira eficaz”, disse ele.
O mecanismo mais óbvio para levar essas informações às pessoas é, obviamente, o online. A grande questão é: como fazer isso e manter o rigor da galeria e sua dedicação centrada no artista?
Recentemente, as principais galerias do mundo foram agressivas ao expandir suas operações, adicionando locais físicos, lançando livros e revistas periódicas, e até iniciando institutos de pesquisa, deixando para trás as noções tradicionais do papel de uma galeria comercial.
Com foco no digital, Zwirner disse que a galeria também procurará fornecer aos artistas as ferramentas digitais para ajudar a promover mais experimentação em suas práticas artísticas, além de apenas um mecanismo de entrega para o que já existe.
“Eu vejo isso como uma expansão natural de como as galerias promovem os artistas que eles representam e como eles enfatizam toda a cultura que está sendo feita dentro e fora das galerias por esses artistas”, disse Zwirner.
“É fácil pensar que uma galeria é apenas um local de vendas, mas, é claro, é muito mais do que isso. Sempre foi.
Em abril, o Comitê Profissional de Galerias de Arte, a principal associação de negociantes de arte da França, divulgou os resultados de uma pesquisa de quase 300 galerias-membro sobre o impacto do coronavírus em seus negócios, e os resultados foram chocantes.
O consenso era de que um terço das galerias comerciais no país provavelmente fechará até o final do ano
Não são apenas as galerias que estão sentindo o impacto das várias proibições em grandes reuniões e negócios não essenciais. Sem galerias e feiras, os artistas têm capacidade restrita de vender suas obras de arte. Sem museus em operação, toda uma série de profissionais de arte, educadores e outros trabalhadores podam não ter emprego ou seguro de saúde.
“Para prosperar online, precisamos perder nosso papel principal: nosso conhecimento de uma obra de arte; nossa capacidade de transformar um objeto em uma história”, afirmou Georges-Philippe Vallois. “Se a solução for ficar online, precisamos ficar atentos ao fato de que isso é totalmente contrário ao que é nosso negócio”.
Os galeristas também expressaram preocupação de que, embora a fotografia e algumas formas de pintura possam ser exibidas realisticamente on-line, mídias como a escultura podem sofrer.
Os colecionadores agora têm uma responsabilidade e não sei se eles percebem isso”.
“Se você gosta de arte em geral e é rico o suficiente para apoiar, é o momento para isto. Amanhã, se tiverem somente grandes galerias abertas, haverá um grande buraco no mundo da arte e verá menos novos artistas interessantes.”
Até hoje, os sites das galerias de arte funcionaram como portfólios. Eles sempre tiveram a função de mostrar para o universo da arte que a galeria existia. Pouco se produziu de conteúdo para atrair alguem.
O grande erro de todos que se propõem a criar um site é pensar que o fato dele se encontrar ativo, milhares de novas pessoas vão encontrar. Nunca isto esteve tão longe da verdade.
Ter um site nunca foi garantia de visibilidade.
Em uma busca rápida pelas maiores galerias de arte brasileiras vemos que elas não possuem um público superior a 40 visitantes por dia (galerias menores não chegam a 10 pessoas/dia). Isto para qualquer negócio online é pouco, muito pouco.
Galerias como a David Zwirner, que possuem um departamento de editorial estão conseguindo chegar à casa dos 1.500 visitantes/dia* a custo de muita produção de conteúdo e diferentes formas de ativar potenciais clientes.
*fonte: ubersuggest
O novo galerista precisará se desligar do tradicional para abraçar o trabalho árduo de construção, estudo e divulgação da sua marca e de seus artistas.
O processo de crescimento online depende de foco e consistência nas ações de construção de marca e conteúdo. Caso você tenha uma galeria e precise de suporte para construir a sua marca online, me procure no paulo@arteref.com.br. Terei o maior prazer em ajudar neste processo.
Fontes:
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