Crédito: SP-Arte
A SP-Arte realizou sua 21ª edição entre os dias 2 e 6 de abril de 2025, reunindo no Pavilhão da Bienal cerca de 200 expositores, incluindo galerias de arte nacionais e internacionais, estúdios de design, editoras, instituições culturais e espaços independentes. Com grande sucesso de público e resultados que superaram as expectativas de muitos participantes, a feira reafirma sua posição como o principal evento de abertura do calendário do mercado de arte no país e a maior feira de arte e design do Hemisfério Sul.
A SP-Arte já tem data marcada para a edição de 2026: 8 a 12 de abril. Mais cedo, ainda neste ano, acontece a quarta edição do Rotas, de 27 a 31 de agosto, na Arca, Vila Leopoldina, em São Paulo. A partir de agora, Rotas Brasileiras assume o nome de Rotas, incorporando o sentimento já presente na feira de integrar narrativas diversificadas, não apenas brasileiras, mas que mantêm diálogos com temas e pesquisas relevantes com a produção nacional. A feira conta com projetos curados especialmente para a ocasião.
A SP-Arte reuniu colecionadores, curadores, artistas, designers, arquitetos e público interessado em arte e design de forma geral, reafirmando sua relevância e reputação no cenário mundial. Entre os aspectos positivos destacados pelos próprios expositores estão o alto nível dos trabalhos apresentados no evento e o perfil qualificado de compradores, muitos deles jovens bem-informados e interessados em consumir arte e design.
Em estreita colaboração com a ABACT e o Latitude, programa de imersão e divulgação da arte brasileira, nomes como Jorge Rivas (St. Louis Art Museum), Christian Ramirez (Phoenix Art Museum) e José Roca (Hirshhorn Museum) transitaram pela feira com o objetivo de fortalecer laços institucionais e posicionar a arte brasileira no radar internacional. O programa VIP da SP-Arte trouxe um número de convidados internacionais expressivo, retomando o patamar pré-pandemia, de 2019. A feira recebeu mais de 80 colecionadores, curadores, advisors, patronos e dirigentes de museus dos Estados Unidos, Austrália, Europa e Japão.
Também estiveram presentes, por exemplo, o colecionador David Teplitzky, cujo acervo tem obras de nomes como Keith Haring, Robert Mapplethorpe, Basquiat e Warhol. Desde que visitou a SP-Arte e o Rotas pela primeira vez em 2024, segue engajado na produção artística contemporânea brasileira, tendo comissionado trabalhos de diversos artistas locais, entre os quais quatro obras de grandes dimensões de Flora Rebollo, representada pela galeria Sardenberg.
Já a advisor norte-americana Victoria Burns viajou acompanhada dos colecionadores Vicki e Seth Kogan. Em Los Angeles, a coleção do casal tem viés voltado para artistas sub-representados e emergentes, especialmente mulheres e artistas negros.
O colecionador e galerista alemão Alfred Kornfeld também foi presença confirmada. Além da galeria que leva seu sobrenome em Berlim, Kornfeld mantém um programa de residência para artistas internacionais na capital. Artistas estrangeiros são o foco de sua coleção.
Ryan Inouye é curador associado da Carnegie Internacional, exposição de arte internacional administrada por jovens da América do Norte. No sábado de feira, Inouye participou de uma conversa com Raphael Fonseca no Palco SP-Arte sobre bienais de arte.
Verdadeiras raridades de artistas como Di Cavalcanti (Galatea), Tarsila do Amaral (Paulo Kuczynski) e Mira Schendel (MaPa), além de nomes pioneiros como Cildo Meireles (Luisa Strina), Pierre-Auguste Renoir (Almeida & Dale) e Sonia Gomes (Mendes Wood DM) integraram a feira. Destaque para a presença de nomes internacionais como o colombiano Iván Argote (Vermelho) e o espanhol Jaume Plensa (Leme).
Jovens artistas também tiveram palco na feira, como Gê Viana (Lima), Renata Haar (Yehudi Hollander-Pappi), Davi de Jesus do Nascimento (Mitre), Allan Gandhi (Sardenberg), Caio Pacela (Janaina Torres) e Mayara Ferrão (Verve), vencedora do prêmio de artista revelação da Sauer.
Destaque também para a agenda ampliada de conversas com a criação do Palco SP-Arte, no terceiro andar. Além dos bate-papos com artistas consagrados na Arena Iguatemi, o novo espaço sediou uma programação inédita de debates sobre mercado e colecionismo com convidados nacionais e internacionais proporcionando conexões e trocas entre os presentes.
O sucesso comercial da feira foi constatado por diversos galeristas. A Gomide&Co vendeu todas as cerâmicas de Julia Isidrez, artista que esteve presente na última Bienal de Veneza e que, na feira, foram exibidas em diálogo com esculturas pré-colombianas. A galeria também confirmou a venda de um prato cerâmico de Francisco Brennand e uma pintura concreta de Alfredo Volpi.
Com resultados expressivos, a galeria Paulo Darzé vendeu quatro obras de Amadeo Luciano Lorenzato — as maiores por R$450 mil e as menores por R$300 mil —, além de seis pinturas de Aurelino dos Santos. A série de esculturas de Mirela Cabral teve todas as peças vendidas.
Com um espaço que simulou um apartamento, a Galatea estabeleceu uma conexão entre arte e arquitetura, refletindo sobre como a experiência estética se manifesta no ambiente doméstico. Com vendas acima de R$12 milhões — e mais R$8 milhões em obras reservadas —, a galeria comemora uma edição especialmente bem-sucedida. Entre os destaques estão três obras de Allan Weber, quatro de Rubem Valentim, cinco de Mucki Botkay e sete de Dani Cavalieri, além de aquisições individuais de obras de Grauben do Monte Lima, José Adário dos Santos e Georgete Melhem. Entre as obras vendidas, destaque para a venda de um grande mural de Emiliano Di Cavalcanti, exibido pela primeira vez ao público.
Com uma apresentação marcante na feira, a Fortes D’Aloia & Gabriel exibiu obras de 35 artistas, mesclando nomes contemporâneos em ascensão com figuras consagradas do mercado secundário. Entre as obras vendidas, estão trabalhos de Ernesto Neto, Dança Nós, 2024; de Sarah Morris, Jardim Botânico, 2014; de Antonio Tarsis, Escudo de Xangô, 2025; e de Márcia Falcão, Passinho ancestral, 2025, e outros.
A Simões de Assis teve bons resultados, com todas as obras de Zéh Palito apresentadas vendidas. O artista, que recentemente lançou um livro em parceria com a Act. Arte, conta com uma lista de espera com mais de 100 colecionadores interessados. Duas obras de Willys de Castro foram adquiridas por coleções brasileiras. As pinturas de Thalita Hamaoui também chamaram atenção, com aquisições por colecionadores do Brasil e da Europa.
Entre os expositores fora do eixo Rio x São Paulo, a Marco Zero, de Recife, constatou uma edição aquecida. Para Marco Antônio Lima, da galeria maranhense Lima, a feira foi muito boa do ponto de vista institucional.
Entre os galeristas internacionais, a Zielinsky comemorou avanços institucionais, incluindo a incorporação de uma obra de Vera Chaves Barcellos ao acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (MACBA).
Já a galeria Baró apresentou uma curadoria de nomes nacionais e internacionais. Entre os artistas, estavam Ayako Rokkaku, Citra Sasmita, Joana Vasconcelos, AVAF, Tiago Tebet, Lourival Cuquinha, Luis Salazar e Néstor García. A artista Ayako Rokkaku atraiu o público com uma performance ao vivo nos primeiros dias de feira e teve três obras vendidas. Joana Vasconcelos conquistou os colecionadores com várias vendas significativas, e, a partir de agora, a obra Waltercio Caldas consertor de computador integra o acervo do Museu de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
O setor, que cresce a cada ano, teve cinco dias pulsantes, com 81 expositores — sendo 16 estreantes— e dividindo-se entre moderno e contemporâneo, móveis raros e coleções inéditas. Além disso, contou com a exposição “Inteligência material”, organizada por Livia Debbane e Camilo Oliveira. A mostra enfatizou a relação entre designer e matéria-prima, destacando criações de jovens designers brasileiros e latino-americanos.
Outro destaque do setor foram os prêmios Arauco SP-Arte de Inovação e Sustentabilidade, dado ao Assimply Studio, e Prêmio Artefacto SP-Arte Melhor Design, oferecido a Erik Bonissato, diretor criativo e fundador da Bonni Design.
As comemorações de bons resultados se estendem ao setor Design. Na Teo a curadoria de Francesco Perrotta-Bosch apresentou a exposição Scapinelli e seus elementos delgados, dedicada ao designer ítalo-brasileiro Giuseppe Scapinelli. Entre os destaques, a galeria registrou a venda de uma estante aberta por US$ 38 mil, um conjunto de penteadeira por US$ 40 mil, além de uma mesa de jantar triangular.
Com curadoria de Ana Scheuer e Neto Tavares, o Designers Group, estreante na feira, propôs uma exposição de diálogos entre linguagens, materiais e poéticas contemporâneas, e apresentou obras de Bettina Heuer, Clemilson Saints, Eduardo Montani, Felipe Rezende, Gustavo Dias, Luisa Attab, Maximiliano Crovato, Rodrigo Zampol e Simone Coste. A obra da série Ragisména, de Rodrigo Zampol, foi vendida durante a feira.
Em relação às vendas, a Artemobilia celebrou a venda de um par de poltronas Pilão, de Zanine Caldas, um dos grandes nomes do design brasileiro. Já o Ateliê Nicole & Luiza Toldi reportou a venda de várias peças da coleção PULSO — um trabalho composto por esculturas feitas a partir de fragmentos de coleções anteriores.
Seguindo sua tradição de incentivo à cultura, o Iguatemi São Paulo doou duas obras para a Pinacoteca no primeiro dia de evento. Foram elas: a pintura Natureza Morta, da série Axs Nossxs Filhxs, de Lia D Castro, e a escultura Sem Título, da série instantâneos (Batata ti), de Cristina Salgado. Além do Iguatemi, colecionadores como o casal Rose e Alfredo Setubal doaram diversas obras para museus paulistanos.
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