A família de Gilberto Chateaubriand, um dos maiores colecionadores do país, converteu uma fazenda no interior de São Paulo em um museu dedicado à arte brasileira.
Através da entrada da antiga tulha de grãos, adentramos uma passagem para a história da arte nacional.
O ambiente rústico, outrora utilizado como depósito na fazenda em Porto Ferreira, agora contrasta com relevos, texturas e cores presentes nas obras de renomados artistas como Portinari, Di Cavalcanti, Pancetti, Glauco e Djanira. Essas preciosidades artísticas fazem parte da coleção privada de Gilberto Chateaubriand, filho de Assis Chateaubriand e pai de Carlos Alberto, que decidiu compartilhar essa valiosa herança cultural através da criação do Instituto Gilberto Chateaubriand.
Na primeira exposição das obras que eram mantidas na residência do colecionador, os visitantes têm acesso a 165 peças históricas, tais como: “O Cavalo”, de Portinari; “O Acordeom”, de Djanira; “A Crucifixão” de Vicente do Rego Monteiro, datado de 1922.
Com apenas 11 anos, o bisneto de Gilberto relata que esse quadro foi tema de um trabalho escolar seu, e muitos duvidaram que ele realmente conhecia a obra.
“Quando perguntaram se alguém sabia algo sobre Vicente do Rego Monteiro, eu disse que sabia. (A professora) ficou um pouco surpresa, porque não esperava que eu tivesse conhecimento, achou legal”, conta Vicente Gouvêa Chateaubriand, bisneto de Chateaubriand.
A escolha da fazenda no interior de São Paulo proporciona aos brasileiros o contato com obras históricas até então inacessíveis ao público, como as esculturas que estão ao redor da casa onde Gilberto Chateaubriand viveu a maior parte de sua vida. Somente ao redor da piscina, há mais de dez esculturas de artistas reconhecidos mundialmente, incluindo uma que faz parte da série chamada “Cubo Vazado”, de Franz Weissmann.
As visitas ao museu são gratuitas e devem ser agendadas através da página do Instituto Cultural Gilberto Chateaubriand na internet.
A família Chateaubriand afirma que este é apenas o primeiro passo de um longo caminho para que todos os brasileiros possam conhecer de perto a riqueza da arte nacional.
“É uma missão que estamos cumprindo, um sonho. Tenho absoluta certeza de que, se ele estivesse aqui, também estaria extremamente feliz com isso”, afirma Carlos Gouvêa Chateaubriand.
O Museu fica na cidade de Porto Ferreira e para visita-lo, você precisa agendar um horário pelo email: contato@icgc.com.br
Colecionar e apresentar a arte de nosso tempo requer uma certa dose de coragem. O melhor da arte moderna e contemporânea faz uma ruptura fundamental de algo que pensávamos que sabíamos, e nos obriga a ver o mundo com outros olhos. Um entendimento completo do que um artista alcançou pode iludir nossa compreensão durante décadas, até mesmo séculos. Esse é o objetivo do Instituto CGC, em uma espécie de espaço indeterminado, tentando dar sentido ao trabalho no presente, enquanto simultaneamente imagina que uso ele poderá ter na história futura. É precisamente esta vontade de oscilar entre o presente e o futuro, sempre olhando para a frente, que fará do ICGC uma instituição tão dinâmica, inspiradora e necessária ao longo de sua história. Em uma cidade e região completamente fora do cenário cultural nacional, cuja importância deriva, como sempre, de sua fome de saber e propensão para abraçar a mudança e refazer-se uma e outra vez, o ICGC se propõe entusiasticamente a assumir o papel de catalisador cultural, continuamente à procura de novas maneiras de desafiar os nossos visitantes e a nós mesmos a imaginar diferentes formas de ver, de pensar e de ordenar o mundo. As vezes podemos alcançar este objetivo através da simples apresentação de obras de arte revolucionárias tão atuais e originais que são de tirar o fôlego; em outro momento podemos revisitar a obra de um mestre moderno e assim liberar um potencial radical não investigado antes. Mas, sempre, o fundamental será um projeto educativo de excelência e essa é uma de nossas principais missões.
Nós inventaremos novos programas educacionais e exploraremos novas tecnologias afim de promover formas alternativas de compreensão e interação com a arte, realizando pesquisas que se estendam as fronteiras do nosso campo e estimulem novas propostas e avanços para o instituto. Por fim, no entanto, todas as atividades são dirigidas para um objetivo principal: colocar o visitante cara-a-cara com uma obra de arte única, de maneira a tornar muito mais rico o encontro.
Fruto da obra inacreditável de Gilberto Chateaubriand, que com seu olhar e inquietação, construiu uma coleção que retrata a história da arte brasileira por décadas, movimentos e artistas de 1915 até hoje. Gilberto fez disso sua missão, se tornando um operário da Coleção.
A criação do Instituto, na fazenda, com grande foco nas escolas e habitantes da região, apresentando a arte e sua história era um sonho nosso de muitos anos. Temos, eu, Sylvia, Flávia e Bruno, minha mulher e filhos, junto com os companheiros de diretoria e sócios fundadores, a consciência da responsabilidade de levar a tradição de renovação e de excelência do Instituto para aqueles que virão. É para mim um privilégio, poder contar com a colaboração dos membros de nosso quadro que também tomaram para si está responsabilidade e trazem sua inteligência e criatividade para o crescimento da instituição. Cada um deles contribuindo de alguma forma, para tornar nosso projeto possível e sou profundamente grato por sua dedicação.
A Coleção Gilberto Chateaubriand teve seu início em 1953, quando Gilberto adquiriu de José Pancetti, a obra Paisagem de Itapoã.
Várias pessoas foram de grande importância ao longo dessa caminhada, seus grandes amigos Carlos Scliar, Aloysio de Paula e Jean Boghici. E também Roberto Pontual e Reynaldo Roels Jr…
Desde 1993, grande parte da Coleção, hoje 6.4 mil, das 8.3 mil obras que a compõe, se encontram em regime de comodato, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Ao longo dos anos, a Coleção, além de ter sido exposta em importantes museus ao redor do mundo, emprestamos mais de 3 mil obras para instituições no Brasil e no exterior. texto
Ao longo dos anos, a Coleção, além de ter sido exposta em importantes museus ao redor do mundo, emprestamos mais de 3 mil obras para instituições no Brasil e no exterior. (texto extraído do site)
Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand
Instituto Cultural Gilberto Chateaubriand
Presidente
A importância notória e a abrangência panorâmica da Coleção Gilberto Chateaubriand podem sugerir ao público em geral que ela foi concebida e formada a partir da permanente orientação de especialistas. No entanto, posso testemunhar que as virtudes e acertos deste acervo são devidos, inversamente, à paixão do colecionador pelas obras que adquire e pelos contatos com seus autores, os artistas que integram sua coleção.
Com isso, quero dizer que este precioso acervo, com sua maior parte, 6.400 obras, atualmente sob a guarda do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, é fruto não de critérios terceirizados, mas da prazerosa sensação de incompletude que parece mover muitos daqueles que se destacam no mundo do colecionismo. Prática oposta a dos que delegam permanentemente, a quem quer que seja, a responsabilidade pelo perfil de sua coleção.
Formada a partir de 1953, a coleção expandiu-se movida por sentimentos e não por cálculos mercantis. Nesse longo período, tornou-se um dos maiores acervos privados de arte moderna e contemporânea do país e alvo do afeto de todos
Aqueles que, como Gilberto, encontraram na arte uma fonte de prazer e reflexão.
As aquisições foram feitas essencialmente pela aposta em novos talentos (risco que lhe permitiu colecionar obras representativas do conjunto da trajetória de alguns dos mais relevantes artistas brasileiros), e na espera, às vezes de anos, pela oportunidade de adquirir obras há muito cobiçadas. Tanto num caso quanto noutro, Gilberto colecionava (entre artistas de todas as Gerações, nascidos em todas as regiões brasileiras) amigos que o respeitavam e admiravam pelo inestimável serviço que seu prazer pessoal generoso de colecionador prestou à cultura brasileira.
A oportunidade de mostrar uma parte das mais de 8.000 obras de sua coleção nas mais importantes cidades do Brasil e do exterior, é motivo de orgulho para mim, para o MAM-RJ e agora para o Instituto Cultural Gilberto Chateaubriand. Fazê-la circular por todo o pais é talvez a melhor maneira de transmitir ao público brasileiro o afeto por nossa cultura e seus emblemas.
Todo colecionista sabe, bem no íntimo de si mesmo, que coleciona para os outros: não conheço coleção digna de nome que não seja objeto do interesse social, que não seja desejada pelas coletividades, que não seja desejada por seu efêmero possuidor como futuro bem comum, que será tanto mais dele quanto mais o for de todos.
Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand
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