Biblioteca Mário de Andrade. Foto: prefeitura de São Paulo
O roubo na Biblioteca Mário de Andrade trouxe à tona a vulnerabilidade de instituições que abrigam acervos de grande relevância histórica e artística. Na manhã de 7 de dezembro de 2025, a instituição — uma das mais importantes bibliotecas públicas do Brasil — teve 13 gravuras subtraídas. O episódio ocorreu enquanto a exposição “Do Livro ao Museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade” estava aberta ao público. A ação, registrada pelas câmeras de segurança, envolveu o roubo de obras de dois nomes fundamentais da arte moderna: Henri Matisse e Candido Portinari.
As gravuras integravam um conjunto exposto em parceria com o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e pertenciam a séries emblemáticas da produção de cada artista.
Henri Matisse (1869–1954) é um dos pilares da arte moderna, conhecido pela cor marcante, pela síntese gráfica e pela inovação no uso da forma. Seus trabalhos do período tardio marcam um momento de liberdade gestual e experimentação, especialmente nas composições desenvolvidas a partir de recortes e processos gráficos. Criada em 1947, a série Jazz representa um dos ápices dessa fase madura: um conjunto de pranchas que combina narrativa visual, ritmo e presença cromática intensa, transformando temas circenses e cotidianos em composições marcantes.
Entre as obras levadas da Biblioteca Mário de Andrade, estão oito gravuras pertencentes justamente a essa série. Os títulos subtraídos, conforme reportagens recentes, incluem: “O Palhaço”, “O Circo”, “Senhor Leal”, “O Pesadelo do Elefante Branco”, “Os Codomas”, “A Nadadora no Aquário”, “O Engolidor de Espadas” e “O Cowboy”. Essas gravuras faziam parte das 20 da série Jazz que integravam a exposição. Trata-se de um conjunto raro, valorizado internacionalmente e considerado uma das produções gráficas mais importantes da fase madura de Matisse.
Candido Portinari (1903–1962) é um dos maiores nomes da arte brasileira e figura essencial do modernismo no país. Sua obra abrange desde murais monumentais até ilustrações literárias, sempre marcada pelo olhar atento às realidades sociais e às tradições nacionais. Nas décadas de 1940 e 1950, Portinari produziu séries gráficas de caráter mais íntimo, muitas delas criadas para edições especiais de clássicos da literatura brasileira, revelando a versatilidade de seu traço e sua sensibilidade narrativa.
As cinco gravuras subtraídas pertenciam à série Menino de Engenho, da edição de 1959 do livro homônimo de José Lins do Rego, lançada pela Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil. Essas gravuras faziam parte da mostra realizada pelo MAM junto à Biblioteca. Até o momento, não houve divulgação da lista completa de quais gravuras de Portinari foram levadas.
O roubo na Biblioteca Mário de Andrade reacende discussões sobre segurança em instituições culturais, sobretudo aquelas que expõem obras de grande valor artístico e histórico. Embora o prédio conte com monitoramento e seguro para as peças, o episódio demonstra que medidas adicionais podem ser necessárias para proteger acervos raros e exposições temporárias.
Em um país cuja memória cultural depende fortemente de bibliotecas, museus e arquivos públicos, o caso evidencia a urgência de investimentos contínuos em infraestrutura, tecnologias de vigilância e protocolos especializados. A recuperação das obras e o fortalecimento das políticas de preservação tornam-se, portanto, prioridades para evitar que perdas semelhantes comprometam o patrimônio artístico nacional e internacional.
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