O Musée de la Romanité foi aberto ao público dia 2 de junho de 2018, em Nîmes, na França, projetado pela arquiteta e urbanista brasileira Elizabeth de Portzamparc, vencedora em 2012 do concurso internacional promovido pela Prefeitura da cidade.
Com área de 9.100 m², o Museu abriga raras coleções arqueológicas, que até então estavam guardadas em diferentes reservas técnicas da cidade. Agora, o público pode apreciar esses tesouros que cobrem um arco de 25 séculos, em três grandes períodos: gaulês (pré-romano), romano e medieval.
Elizabeth de Portzamparc, que reside na França desde 1969, desenvolveu também a museografia, que permite uma fascinante viagem pelo tempo a partir de aproximadamente cinco mil peças, distribuídas em um percurso cronológico e temático que abrange desde o século 7 a.C até a Idade Média, e o legado romano no século 19.
As coleções ricas e variadas compreendem mil inscrições latinas, 200 fragmentos arquitetônicos, 65 mosaicos, 300 elementos esculpidos (baixos-relevos e esculturas tridimensionais), 800 objetos em vidro, 450 lanternas a óleo, 389 objetos manufaturados (em osso e marfim), centenas de cerâmicas, objetos em bronze, 12.500 moedas antigas e medievais, e 15 painéis de pinturas murais romanas restauradas.
Uma série de suportes de reconstituição digital acompanha os visitantes ao longo do percurso, ajudando-os a imaginar o aspecto original dos edifícios antigos e a vida cotidiana dos habitantes.
Caixas brancas luminosas, chamadas “caixas do saber”, abrem às três seções cronológicas do percurso. Esse método criado por Elizabeth serve de introdução às diferentes sequências: mapas, linhas do tempo e telas apresentam e contextualizam o período apresentado.
Diversos dispositivos multimídias estão distribuídos ao longo do percurso: visitas virtuais, animações gráficas (desenhos animados e motion design) e mapas permitem uma melhor compreensão do contexto das coleções. Os dispositivos de realidade aumentada, os panorâmicos interativos a 180° ou ainda a parede interativa de imagens são feitos para projetar os visitantes no passado e fazê-los descobrir a vida dos homens da Antiguidade, a evolução de suas habilidades e as obras-primas que eles produziram.
Além de todas essas características, crianças e adultos se maravilham com a casa gaulesa, pré-romana, construída em pedra e madeira. Distribuídos no chão, estão peças e utensílios verdadeiros, que remontam a séculos a.C.
A arquitetura interior e elementos da mobília também têm a assinatura de Elizabeth de Portzamparc, resultando em um projeto de grande coerência.
Em Nîmes estão famosas construções romanas, do período de Augusto, no século 1 de nossa era. O “Musée de la Romanité” está construído no centro histórico da cidade, em frente às Arenas romanas, um pequeno Coliseu, onde são realizadas touradas nos dias de hoje.
Para criar um diálogo com esta forte presença romana, Elizabeth de Portzamparc projetou para o Museu belas fachadas, compostas por uma estrutura de aproximadamente 7 mil lâminas de vidro serigrafadas, que cobrem uma superfície de 2.500 m², e são capazes de refletir o entorno, criando um diálogo com a cidade ao refletir as cores, a luz e a vida ao redor.
Por conta de seus ângulos, inclinações e relevos dão ideia de movimento de acordo com a variação da luz ao longo do dia e das estações do ano. As fachadas conjugam a transparência moderna e a tradição de uma arte romana de grande importância: o mosaico, evocando, graciosamente, esses elementos fundamentais das coleções do Museu.
O terraço não estava previsto no programa do concurso, mas foi criado por Portzamparc como ponto culminante do percurso ascendente do museu. Ele finaliza a visita proporcionando um mirante sobre a cidade de Nîmes e seus mais de 20 séculos de história, com as Arenas em primeiro plano e ao longe a torre Magna, que data da fundação da cidade.
No terraço, com colunas e um caminho sinuoso por entre o jardim, está também uma sutil homenagem da arquiteta as suas raízes brasileiras, e à obra de Oscar Niemeyer (1907-2012).
O “Musée de la Romanité” traz características que são marcantes na trajetória de Elizabeth de Portzamparc, presente em outros projetos como o GED – Grand Equipment Documentaire (Grande Biblioteca) do Campus Condorcet, em Aubervilliers, e a estação de Le Bourget, na Grande Paris.
Suas construções são abertas para a cidade e para seus habitantes, um espaço público acessível a todos e um ponto de encontro. Os locais são pensados como espaços “vitais” dos quais o público se apropria com facilidade: uma arquitetura concebida como suporte para a animação local e qualidade de vida para aqueles que a frequentam.
Uma rua pública atravessa o Museu e conecta a praça frontal com uma interna, elevada, onde estão vestígios da muralha romana, dentre outros descobertos durante as escavações. Assim, Elizabeth de Portzamparc, criou um jardim arqueológico, pensado como um “museu vegetal”.
Todos os traços da história foram preservados e restaurados, e são acessíveis gratuitamente a todos os visitantes e transeuntes. Esse espaço vegetal público de 3.500 m² foi projetado pelo arquiteto paisagista Régis Guignard, e se estrutura em três camadas de vegetação que correspondem aos mesmos três grandes períodos da museografia – gaulês, romano e medieval –, enriquecendo o conteúdo científico e trazendo uma grande coerência e harmonia.
Para cada nível, árvores, arbustos e plantas vivazes foram escolhidos em função da sua época de introdução, de acordo com as trocas, as influências e ocupações.
Lançado em junho de 2011, o júri do concurso aprovou três dossiês entre as 103 candidaturas recebidas, antes de declarar vencedor, um ano depois, o projeto da agência 2Portzamparc, desenhado por Elizabeth de Portzamparc foi aprovado.
“Analisei profundamente as Arenas e me questionei sobre a própria noção de edifício contemporâneo e sobre como glorificar os 21 séculos de história da arquitetura que separam esses dois prédios. Uma arquitetura leve, possibilitada pela tecnologia atual, pareceu-me algo evidente, bem como o fato de expressar as diferenças entre essas duas arquiteturas, por meio de um diálogo baseado em sua sinergia: de um lado um volume circular, rodeado pelos arcos verticais romanos de pedra e bem ancorado ao solo, do outro um grande volume quadrado, em levitação e recoberto de uma toga de vidro plissada”, explica.
O Museu tem ainda uma livraria, um auditório, um café e o restaurante La table du 2, com sua vista magnífica para as Arenas, com cardápio assinado pelo Chef Franck Putelat, duas estrelas no guia Michelin por seu restaurante Le Parc, em Carcassonne.
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