Provavelmente você já ouviu falar na febre do NFT e sobre Beeple, o artista que ficou famoso por vender um arquivo digital por 69 milhões de dólares numa das maiores casas de leilão do mundo.
Abaixo, vamos explorar tudo sobre esse assunto: quem é Beeple, o que é NFT, como funciona, o que podemos esperar da “CryptoArt”, e muito mais.
No dia 1 de maio de 2007, Mike Winkelmann, também conhecido como o artista digital Beeple, postou uma nova obra de arte online.
Ele fez a mesma coisa no dia seguinte, e no outro, e nos próximos durante 13 anos e meio. Agora, todas essas obras foram reunidas em EVERYDAYS: THE FIRST 5000 DAYS, algo único na história da arte digital.
Essa colagem foi vendida na Christie’s (maior casa de leilão do mundo) por incríveis 69 milhões de dólares.
Beeple notou cada vez mais em conversas online sobre uma tecnologia chamada “tokens não fungíveis”, ou NFTs.
Fungível é tudo aquilo que você pode substituir por uma mesma unidade deste ativo. Por exemplo, uma nota de R$ 10, independentemente do ano em que foi lançada, vale R$ 10 e você consegue trocar uma nota por outra.
Segundo Bernardo Quintão, diplomata do Mercado Bitcoin, quando falamos de não fungível, estamos falando do oposto ao exemplo que demos sobre a nota de R$ 10. “É um ativo que é único, em tese não divisível”.
Não é possível substituir o quadro original da Mona Lisa por uma réplica.
A grande maioria dos NFTs são emitidos na rede Ethereum, que é um blockchain onde você pode emitir tokens.
Resumidamente, blockchain é um banco de dados descentralizado que permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de informação. São pedaços de código gerados online que carregam informações conectadas – como blocos de dados que formam uma corrente.
Quando você emite um token não fungível, está criando um token único e, então, pode conectar nesse próprio token algo que queira manter único e exclusivo.
Pode ser uma obra de arte, um vídeo, um jogo, e até o registro de alguma coisa do mundo real, como por exemplo, uma garrafa de vinho rara. Tudo isso ficaria registrado no blockchain.
Dessa forma, os NFTs funcionam como um certificado de propriedade (inviolável) para um arquivo digital.
As obras foram compiladas sem uma ordem cronológica.
O zoom em trabalhos individuais revela imagens abstratas, fantásticas, e absurdas ao lado de eventos políticos atuais.
Créditos: beeple-crap.com
“A obsessão e medo da sociedade diante da tecnologia, o desejo e o ressentimento pela riqueza, e a recente turbulência política da América aparecem com frequência ao longo da obra”, relata uma resenha feita pela Christie’s.
As diferenças entre as primeiras imagens e as mais atuais revelam a enorme evolução de Beeple como artista.
No início do projeto, todos os desenhos eram básicos. Quando Beeple começou a trabalhar em 3D, no entanto, eles assumiram uma nova forma, com maior qualidade gráfica.
Créditos: beeple-crap.com
.Ela se tornou a terceira obra de arte mais cara de um artista vivo a ser vendida em um leilão. Apenas uma escultura de Jeff Koons e uma pintura de David Hockney estão na frente.
A diferença, porém, é que essas duas obras foram vendidas por colecionadores, o que significa que Hockney e Koons não ganharam um centavo.
Everydays, em contrapartida, foi consignada pelo próprio Beeple, o que significa que ele receberá os 60 milhões de dólares (9 milhões vão para a Christie’s).
Alguns motivos que podemos listar:
1) Beeple conseguiu uma boa quantidade de fãs ao longo de sua carreira. Cerca de 2 milhões de pessoas já acompanham seu trabalho.
2) O universo das criptomoedas e NFT’s teve um enorme crescimento de 2020 para 2021. Muitos acreditam que essa será a forma como arte digital será adquirida e negociada daqui para frente.
3) A Christie’s é uma instituição de muita relevância ligada ao mundo das artes. A casa de leilões de 255 anos vendeu algumas das pinturas mais famosas da história. A partir do momento que ela passa a comercializar um NFT e aceitar uma criptomoeda na transação, a divulgação e as proporções tomadas pela notícia aumentam muito.
4) Obras de arte com valores exorbitantes já não são uma novidade. Boa parte dessa realidade se dá porque os colecionadores usam os trabalhos como forma de especulação; eles compram acreditando que poderão revender muito mais caro no futuro. O caso Beeple não é diferente.
De acordo com o próprio comprador da obra, Vignesh Sundaresan (conhecido por MetaKovan):
“Este NFT é uma peça significativa da história da arte. Às vezes, essas coisas levam algum tempo para que todos reconheçam e percebam. Eu estou bem com isso. Tive a oportunidade de fazer parte dessa mudança muito importante na forma como a arte foi percebida por séculos”.
Em sua entrevista com a CNBC, ele disse que não se arrepende de ter pagado 69 milhões de dólares por um arquivo JPEG.
Você pode entender melhor desse assunto nessa matéria: Por que obras de arte são tão caras?
É importante lembrar: esse NFT não garante os direitos de licenciamento da obra.
Você pode ir no Google, digitar “Everydays: The first 5000 days” e baixar a foto gratuitamente.
Inclusive, pode mandá-la para um laboratório especializado em impressões fine art e transformar a colagem do Beeple num quadro.
Você pode estar se perguntando: “Então por que pagar 69 milhões em um arquivo digital?”
O NFT representa apenas o certificado de posse da obra original.
Assim como muitos outros itens colecionáveis, a sensação de exclusividade é um fator extremamente importante.
A compra desse NFT serviu como um “divisor” na história da arte. Ser um dos protagonistas desse evento garante muito status.
Isso somado a um contexto de: mercados extremamente inflacionados, onde virou “normal” pagar milhões por algo e ascensão meteórica das criptomoedas, conseguimos entender (um pouco melhor) a venda de um NFT por essa quantia exorbitante.
De acordo com Beeple, a arte NFT está “absolutamente” numa bolha.
O artista traça um paralelo com o início das empresas de tecnologia no começo dos anos 2000.
“Houve uma bolha. E a bolha estourou. Mas isso não acabou com a Internet”.
Ele disse que o mercado de Cripto Arte será tão competitivo e difícil de ganhar a vida quanto o mundo da arte tradicional.
“Não será fácil para os artistas digitais. Nada mudou em termos de … algumas coisas terão valor e um monte de coisas não terão valor. Só porque algo é um NFT isso não significa que ele ganha valor.”
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Excelente matéria, como sempre Arteref com conteúdos atualizados e o grande Paulo Varella com dicas e orientações valiosíssimas.
Eu acreditei na CryptoArt os NFTs e criei duas galerias na plataforma OpenSea, vejam se o que acham, lá estão parte dos meus trabalhos que são atualizados semanalmente.