Cildo Meireles é reconhecido como um dos artistas mais originais e influentes do Brasil contemporâneo. Sua abordagem única à arte conceitual permeada por questões políticas e filosóficas o destaca como uma das figuras mais marcantes na produção artística brasileira das últimas décadas.
Nascido no Rio de Janeiro em 1948, Cildo Meireles emergiu como uma figura central na cena artística contemporânea brasileira e internacional. Sua jornada artística começou com estudos sob a orientação do artista peruano Félix Barrenechea em Brasília, em 1963. Ao longo dos anos 1970, Meireles viveu em Nova Iorque, imerso na efervescência cultural da época.
A trajetória de Meireles é marcada por uma profunda imersão na interseção entre arte e política. Durante o período da ditadura militar no Brasil, suas obras serviram como veículos de resistência e crítica social.
Ao longo de sua carreira, Meireles continuou a desafiar as convenções artísticas e a explorar novos territórios de expressão. Sua obra abrange esculturas, instalações, pinturas e intervenções urbanas, sempre buscando estimular uma reflexão crítica sobre a sociedade e o mundo ao nosso redor.
Reconhecido internacionalmente, Meireles teve exposições em importantes instituições ao redor do mundo, incluindo uma retrospectiva no museu Tate Modern, em Londres, em 2008. Sua contribuição para a arte contemporânea vai além das fronteiras do Brasil, inspirando artistas e espectadores em todo o mundo.
Cildo Meireles defende que a arte deve sair dos espaços institucionais e se misturar com a vida cotidiana. Suas obras desafiam os espectadores a repensarem a funcionalidade e os valores dos objetos, oferecendo novas perspectivas sobre a realidade.
O trabalho de Meireles frequentemente se apropria de objetos do cotidiano para criar situações que questionam nossa relação com o mundo ao nosso redor. Ele acredita que a arte deve ser um antídoto para a anestesia que separa o sujeito da experiência da vida. Do minúsculo ao vasto, o artista explora, como descreve, o “físico, geométrico, psicológico, topográfico e antropológico”.
“Inserções em Circuitos Ideológicos” (1970)
Nesta série, Meireles imprimiu frases subversivas em cédulas de dinheiro e garrafas de Coca-Cola, inserindo esses objetos em espaços cotidianos durante a ditadura militar no Brasil.
A Instalação “Babel” (2001)
Uma das instalações mais famosas de Meireles explora a diversidade cultural e as barreiras de comunicação através de uma torre de rádios sintonizados em diferentes estações.
“Desvio para o Vermelho”
É uma de suas obras mais complexas e ambiciosas. Concebida em 1967, montada em diversas versões desde 1984 e em exposição permanente no Inhotim desde 2006. É composta por três ambientes interligados. No primeiro, Impregnação, deparamo-nos com uma vasta colecção monocromática de móveis, objectos e obras de arte em diferentes tons, reunidos “de forma plausível e ainda assim improvável” por alguma idiossincrasia doméstica. Nos ambientes seguintes, Entorno e Desvio, temos o que o artista chama de explicações anedóticas do mesmo fenômeno da primeira sala, onde a cor satura o material, para se tornar material. A obra está aberta a uma gama de simbolismos e metáforas, desde a violência do sangue até conotações ideológicas, mas o que interessa ao artista é oferecer ao espectador uma sequência de impactos sensoriais e psicológicos: uma série de falsos pressupostos lógicos que sempre nos levam de volta para o mesmo ponto de partida.
Cildo Meireles é representado pela Galeria Luisa Strina desde 1981.
Sua obra foi exposta no mundo todo, incluindo as 37ª, 50ª, 51ª e 53ª Bienais de Veneza, Itália; as 16ª, 20ª, 24ª e 29ª Bienais de São Paulo; as 6ª e 8ª Bienais de Istambul, Turquia; o Festival Internacional de Arte de Lofoten, Noruega; as 11ª e 14ª Bienais de Lyon, França; e as Documenta 9 e 11, Kassel, Alemanha. Em 2023, Meireles foi contemplado com o Prêmio Roswitha Haftmann, o mais conceituado da Europa, sendo o primeiro latino-americano a recebê-lo em 22 anos. Dentre os demais prêmios nacionais e internacionais com os quais foi contemplado ao longo de sua carreira, estão: Prêmio Faz Diferença, O Globo (2019); Prêmio ABCA (2015); Velázquez Prize for Visual Arts, Madrid, Espanha (2008); Prêmio APCA (2007); Honorary Doctorate of Fine Arts, San Francisco, EUA (2005); Officier de L’Ordre des Arts et des Lettres, Paris, França (2005); entre outros.
Realizou exposições individuais em importantes instituições, dentre as quais destacam-se: Cildo Meireles, Museo de Arte Miguel Urrutia, Banco de la República, Bogotá, Colômbia (2020); Entrevendo, SESC Pompéia, São Paulo (2019); Cildo Meireles: Instalações, Hangar Bicocca, Milão, Itália (2014); Cildo Meireles, Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Espanha (2013) e Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, Portugal (2013-2014); Ocupação Cildo Meireles, 10ª Edição do Projeto Ocupação, Itaú Cultural, São Paulo (2011); Cildo Meireles, MACBA, Barcelona, Espanha, e Museu Universitario de Arte Contemporâneo – MUAC, Cidade do México, México (2009); Cildo Meireles, Tate Modern, Londres, Reino Unido (2008); Babel, Pinacoteca de São Paulo (2006); Occasion, Portikus im Leinwandhaus, Frankfurt, Alemanha (2004); Cildo Meireles, Musée d’Art Moderne et Contemporain de Strasbourg, Estrasburgo, França (2003); Cildo Meireles – retrospectiva, MAM-SP (2000) e MAM Rio (1999); Cildo Meireles – retrospective, New Museum, Nova York, EUA (1999); entre outras.
Entre suas coletivas mais recentes, estão: Chosen Memories: Contemporary Latin American Art from the Patricia Phelps de Cisneros Gift and Beyond, MoMA, Nova York, EUA (2023); Utopias e distopias, MAM-Bahia, Salvador (2022); The Source, Fondation Carmignac, Hyères, França (2019); Conjuro de ríos, Museo de Arte de la Universidad Nacional de Colombia, Bogotá, Colômbia (2018); Avenida Paulista, MASP, São Paulo (2017); Em Polvorosa, MAM-Rio, Rio de Janeiro (2016); Nous l’avons tant aimée, la revolución, Musée d’Art Contemporain de Marseille, França (2015); artevida – A citywide contemporary art exhibition, Casa França-Brasil, Rio de Janeiro (2014); entre outras.
Dentre as coleções públicas que possuem seu trabalho estão: Museum of Modern Art – MoMA, Nova York, EUA; Tate, Londres, Reino Unido; Stedelijk Museum voor Actuele Kunst, Gent, Bélgica; Instituto Inhotim, Brumadinho, MG; MAC – Niterói; 21st Century Museum of Contemporary Art, Kanazawa, Japão; Fundação Serralves, Porto, Portugal; MACBA, Barcelona, Espanha; Centre Georges Pompidou, Paris, França; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Espanha; Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, Portugal; Museum für Moderne Kunst, Frankfurt, Alemanha; Los Angeles County Museum of Art – LACMA, EUA; Art Institute of Chicago, Chicago, EUA; New Museum, Nova York, EUA; MASP, São Paulo; MAM-SP, São Paulo; MAM-Rio, Rio de Janeiro; Pinacoteca de São Paulo.
Cildo Meireles continua a ser uma figura central no cenário artístico contemporâneo internacional. Sua obra multifacetada desafia convenções e estimula reflexões sobre questões sociais, políticas e culturais. Seu legado perdura através de suas instalações imersivas, esculturas e pinturas, que continuam a inspirar artistas e espectadores em todo o mundo.
Leia também: 10 artistas brasileiros mais influentes da atualidade
As férias estão chegando, e São Paulo está cheia de opções culturais imperdíveis! Com uma…
Fizemos um guia prático com dicas para te ajudar a ganhar dinheiro sendo artista. Hoje,…
Da segunda metade do século XVIII ao início do século XIX ocorreram inúmeras discussões no…
A Capela Sistina iniciada no século XV, deve seu nome ao Papa Sixto IV della…
Muitos séculos e fases caracterizaram o período de produção da arte grega. Embora se sobreponham,…
O termo “arte ultracontemporânea” foi adotado pela plataforma Artnet para designar trabalhos feitos por artistas…