Karin Lambrecht nasceu em 1957, em Porto Alegre, Brasil. Atualmente ela vive e trabalha em Broadstairs, Reino Unido.
Toda a produção de Karin Lambrecht em pintura, desenho, gravura e escultura demonstra uma multifacetada preocupação com as relações entre arte e vida, compreendida em sentido abrangente: trata-se de vida natural, vida cultural e vida interior.
Para o pesquisador Miguel Chaia, os processos técnico e intelectual de Lambrecht se inter-relacionam e se mantêm evidentes nas obras para criar uma “visualidade espalhada na superfície e direcionada para a exterioridade”.
Seu trabalho é ação que funde corpo e pensamento, vida e finitude.
No início da carreira, Lambrecht repensou a tela e a forma de pintar – elimina então o chassi, costura tecidos, usa retalhos chamuscados.
A abstração gestual, característica da Geração 80, que integrou, é mote central; suas obras habitam um espaço entre pintura e escultura, dialogam com a arte povera e com Joseph Beuys, são políticas, mas também materiais.
Os volumes pesam como corpos, as delimitações ou negações do espaço dialogam com a escala que seus trabalhos assumem.
A partir da década de 1990, a artista inclui materiais orgânicos em suas telas, como terra e sangue, o que determinou, em alguma medida, o repertório cromático que aparece então. .
Além do sangue animal, são elementos recorrentes em seu trabalho as formas cruciformes e as referências ao corpo, índices de diferentes níveis de identificação do espectador com a obra.
Veja o trailer do documentário feito sobre Karin
No início de sua trajetória artística, Karin Lambrecht realiza trabalhos constituídos principalmente por resíduos industriais, em que revela o diálogo com a arte povera e com o expressionismo.
Em meados da década de 1980, produz obras compostas por imensos planos recortados e suspensos.
A artista reorganiza o chassi em arranjos mais espontâneos, como nota o historiador da arte Agnaldo Farias, e aproxima, assim, suas obras a certas construções toscas, como estandartes e barracas.
As pinturas são feitas sobre tecidos queimados e rasgados. Em outros trabalhos, passa a agregar materiais inusitados, como sucata, fragmentos de chapas de metal ou ripas de madeira.
Sua obra mantém afinidade, pelo uso de materiais industriais, com os trabalhos de Robert Rauschenberg (1925-2008) e, principalmente, de Joseph Beuys (1921-1986).
A artista, que trabalha predominante com tons de azul, passa a explorar os vermelhos, ocres e amarelos, por meio de pigmentos naturais, que variam desde finas camadas de terra, ao carvão ou ao sangue de animais abatidos.
Por vezes, expõe as obras à ação da natureza, como o sol, vento ou chuva, que as modifica e faz com que elementos novos, como folhas de árvores, fragmentos de cascas ou pegadas de animais, sejam agregados à elas.
Para a crítica de arte Ligia Canongia, a idéia do sacrifício, da transitoriedade da vida e da religião está presente na obra de Lambrecht por meio dos materiais com que são compostas as peças, pelo recorrente uso de sinais, como o da cruz, e de palavras que aludem à fragmentação e dissecação dos corpos.
Fonte:
KARIN Lambrecht. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8515/karin-lambrecht>. Acesso em: 19 de Nov. 2018. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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