O estoicismo foi uma das quatro principais escolas de filosofia da Atenas antiga, ao lado da Academia de Platão, do Liceu de Aristóteles e do Jardim de Epicuro, onde floresceu por 250 anos. Ele se mostrou especialmente popular entre os romanos, atraindo admiradores tão diversos quanto o estadista Sêneca, o ex-escravo Epicteto e o imperador Marco Aurélio.
Embora a filosofia do estoicismo como um todo seja complexa, abrangendo tudo, desde metafísica, astronomia e gramática, os trabalhos dos três grandes estóicos romanos se concentram em conselhos e orientações práticas para aqueles que tentam alcançar o bem-estar ou a felicidade.
Embora não haja nada de errado com essas coisas e elas tenham valor e possam fazer parte de uma boa vida, muitas vezes a busca dessas coisas realmente danifica a única coisa que pode nos trazer felicidade: um excelente estado mental racional.
Mude os julgamentos e você muda as emoções. Apesar da imagem popular, o estóico não reprime ou nega suas emoções; em vez disso, ele simplesmente não as possui em primeiro lugar. Isso não é tão frio quanto pode parecer à primeira vista: devemos superar emoções negativas prejudiciais que são baseadas em julgamentos equivocados, ao mesmo tempo em que adotamos emoções positivas corretas, substituindo a raiva pela alegria.
Não há nada a ganhar com a tentativa de resistir a esses processos maiores, exceto raiva, frustração e decepção. Embora existam muitas coisas no mundo que podemos mudar, há muitas outras que não podemos e precisamos entender isso e aceitá-las.
“A maioria das pessoas não entende o que é ser estoico. Eles pensam que um estoico quer ser robusto, sem emoções positivas ou negativas, se livrar do apego (pelo mundo). Na minha definição um sábio estoico é alguém que transforma medo em prudência, dor em transformação, erros em iniciação e desejo de empreender. Alguém que queria o lado bom sem o lado ruim ” – Nassim Nicholas Taleb
A filosofia antiga e o trabalho criativo de um artista raramente são considerados análogos. Talvez devessem, eu explico o porquê.
Trabalho criativo de qualquer tipo – um livro, um roteiro, uma pintura, um álbum, um negócio – realmente se resume a ter algo a dizer e uma maneira de dizer para que as pessoas escutem.
Qualquer pessoa que faça qualquer tipo de trabalho criativo está tentando causar impacto e sobreviver.
Trata-se de criar algo novo e esperar que as pessoas gostem, para que você possa continuar fazendo isso. O processo pode ser solitário, intimidador e cheio de dúvidas. O estoicismo é uma ferramenta pronta para ajudar.
A filosofia estoica é um conjunto de regras simples e imensamente prático para obter melhores resultados com menos esforço.
“Acima de tudo, preste atenção nisso – para que você nunca fique tão ligado aos seus antigos conhecidos e amigos, de forma a ser puxado para o nível deles. Caso contrário, você será arruinado. … Você deve optar entre ser amado por esses amigos e permanecer a mesma pessoa, ou se tornar uma melhor, em detrimento deles… se você tentar os dois, não fará progresso nem manterá o que já teve.” – Epicteto, Discursos.
“Com pessoas boas, você aprenderá o bem, mas se você se misturar com o mal, destruirá a alma que tinha.” – Musonius Rufus, Palestras.
James Altucher aconselha jovens escritores e empreendedores a encontrar sua “cena” – um grupo de colegas que os incentivem a melhorar. Seu pai pode ter lhe avisado quando você foi pego passando tempo com más companhias: “Lembre-se, você se torna igual aos seus amigos”.
Uma frase que o filósofo Johann Wolfgang von Goethe capta melhor:
“Diga-me com quem você anda e eu lhe direi quem você é”.
Caso esses exemplos não forem suficientes, aqui está uma citação do poeta e artista Austin Kleon:
“Se você olhar de perto a história, muitas que consideramos gênios solitários faziam parte de um grupo de pessoas que o estavam apoiando, olhando o trabalho umas das outra, copiando uma das outra, pegando ideias e contribuindo.”
Considere conscientemente quem você permite em sua vida – não como um elitista esnobe, mas como alguém que está tentando cultivar a melhor vida possível.
Pergunte a si mesmo sobre as pessoas que você conhece e passa o tempo: elas estão me deixando melhor? Eles me incentivam a avançar e me impulsionam ou me arrastam para o nível deles?
Agora, com isso em mente, faça a pergunta mais importante: devo passar mais ou menos tempo com essas pessoas? Lembre-se de uma das regras para viver do autor Nassim Taleb:
“Evite perdedores. Se você ouvir alguém usar as palavras “impossível”, “nunca”, “difícil” com muita frequência, tire-a da sua rede social.”
É importante nos levantarmos todas as manhãs com o pensamento de que temos um trabalho a fazer. Não apenas temos um chamado a que nós nos dedicamos, mas temos a causa maior sobre a qual os estóicos falam: o bem maior.
Não podemos servir a nós mesmos, a outras pessoas ou ao mundo, a menos que nos levantemos e trabalhemos – quanto mais cedo melhor. Então vamos lá. Entre no chuveiro, tome seu café e vá em frente.
“Que todos os seus esforços sejam direcionados para alguma coisa, mantenha isso em vista. Não é uma atividade que perturba as pessoas, mas falsas concepções de coisas que as enlouquecem. ” – Seneca, (livro: Sobre a tranquilidade da alma)
A Lei 29 do livro: 48 Leis do Poder é: Planeje todo o caminho até o fim.
“Ao planejar até o fim, você não ficará sobrecarregado pelas circunstâncias e saberá quando parar. Gentilmente guie a fortuna e ajude a determinar o futuro pensando muito à frente. ” – Robert Greene
O segundo hábito em Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes é: comece com um fim em mente.
Ter um objetivo em mente não é garantia de que você o alcançará – nenhum estóico fingiria o contrário – mas não ter um objetivo em mente é uma garantia que você não terá. Para os estóicos, oiêsis (falsas concepções) são responsáveis não apenas por distúrbios na alma, mas também por vidas e operações caóticas e disfuncionais.
Quando seus esforços não são direcionados a uma causa ou um propósito, como você saberá o que fazer dia após dia? Como você saberá o que dizer não e o que dizer sim? Como você saberá quando já teve o suficiente, quando alcançou sua meta, quando saiu da pista, se nunca definiu o que são essas coisas?
A resposta é que você não pode. Você precisa saber por que faz o que faz – o que valoriza e o que é importante para você. Ou você estará se comparando infinitamente com outras pessoas, o que não só será uma grande distração, mas também o deixará infeliz.
“Acima de tudo, é necessário que uma pessoa tenha uma verdadeira auto-estimativa, pois geralmente pensamos que podemos fazer mais do que realmente podemos”. – Seneca. (livro: Sobre a tranquilidade da alma)
A maioria das pessoas resiste à ideia de uma verdadeira auto-estimativa, provavelmente porque teme que isso signifique rebaixar algumas de suas crenças sobre quem eles são e do que são capazes.
No que diz respeito à máxima de Goethe, é uma grande falha “se ver como mais do que você é”. Como você pode realmente ser considerado autoconsciente se se recusa a considerar suas fraquezas?
Não tema a auto-avaliação, porque você está preocupado com a possibilidade de admitir algumas coisas sobre si mesmo.
A segunda metade da máxima de Goethe também é importante. Ele afirma que:
É igualmente prejudicial “se valorizar menos do que seu verdadeiro valor”.
Não é igualmente comum nos surpreendermos com capacidade de lidar com um cenário temido? A maneira como somos, depois de um tempo, capazes de deixar de lado a tristeza por um membro da família e cuidar dos outros – embora sempre pensássemos que estaríamos destruídos se algo acontecesse aos nossos pais ou irmãos. A maneira como podemos superar uma situação estressante ou em uma oportunidade de mudança de vida.
Subestimarmos nossas capacidades, é tão perigoso quanto a superestimarmos. Cultive a capacidade de julgar a si mesmo com precisão e honestidade. Olhe para dentro para discernir do que você é capaz e o que será necessário para desbloquear esse potencial.
“Todo hábito e capacidade são confirmados e crescem em suas ações correspondentes, andar andando e correr correndo… portanto, se você quiser fazer algo, crie um hábito, se você não quiser, não o crie. O mesmo princípio está em ação em nosso estado de espírito. Quando você fica com raiva, não apenas experimenta esse mal, mas também reforça um mau hábito, acrescentando combustível ao fogo. ” – Epíteto, Discursos, 2.18.1-5
Um velho Cherokee contou ao neto sobre uma batalha que se passa dentro das pessoas.
Ele disse: “Meu filho, a batalha é entre dois “lobos” dentro de todos nós.
Um é o mal. É raiva, inveja, ciúme, tristeza, ganância, arrogância, autopiedade, culpa, ressentimento, inferioridade, mentira, falso orgulho, superioridade e ego.
O outro é bom. É alegria, paz, amor, serenidade, humildade, bondade, empatia, generosidade, verdade e compaixão. “
O neto pensou por um minuto e depois perguntou ao avô: “Qual lobo vence?”
O velho Cherokee simplesmente respondeu: “Aquele que você alimenta”.
“Somos o que fazemos repetidamente”, disse Aristóteles, “portanto, a excelência não é um ato, mas um hábito.”
Os estoicos acrescentam que somos um produto de nossos pensamentos:
“Como são os seus pensamentos habituais, também será o caráter da sua mente” – afirmou Marco Aurélio.
Pense em suas atividades da semana passada, bem como no que você planejou hoje e na semana seguinte. A pessoa que você gostaria de ser ou a pessoa que você se vê – quão perto suas ações realmente correspondem a ela? Que fogo você está alimentando? Qual pessoa você está se tornando?
“Mostre-me alguém doente e feliz, em perigo e feliz, morrendo e feliz, exilado e feliz, desonrado e feliz. Mostre-me! Por Deus, o quanto eu gostaria de ver um estoico. Mas como você não pode me mostrar alguém tão perfeito, pelo menos me mostre alguém ativamente trabalhando em direção a esta formação … Mostre-me!” – Epicteto, Discursos, 2.19.24-25a, 28
Em vez de ver a filosofia como um fim ao qual se aspira, veja-a como algo que se aplica. Não ocasionalmente, mas ao longo de uma vida – fazendo progressos incrementais ao longo do caminho. Execução sustentada, não epifanias sem forma.
Epicteto adorava sacudir seus alunos de sua satisfação presunçosa com seu próprio progresso. Ele queria lembrá-los – e agora você – do trabalho constante e do treinamento sério necessário todos os dias, se quisermos nos aproximar dessa forma perfeita.
É importante lembrarmos em nossa própria jornada para o auto-aperfeiçoamento: nunca se chega. O sábio – o estoico perfeito que se comporta perfeitamente em todas as situações – é um ideal, não um fim.
“Eu estava naufragado antes mesmo de embarcar … a jornada me mostrou isso: quanto do que temos é desnecessário e com que facilidade podemos decidir nos livrar dessas coisas sempre que necessário, sem sofrer a perda.” – Seneca, Cartas Morais, 87,1
“Quem se irrita com as condições do destino não é qualificado na arte da vida; quem aguenta com nobreza e faz uso sábio dos resultados é um homem que merece ser considerado bom.” – Epíteto, Discursos
Os criativos sabem que estão sempre procurando inspiração e fontes para seu trabalho. Robert Greene diz que “tudo é material” – tudo de ruim que acontece, tudo frustrante, atrasado ou decepcionante – tudo isso pode ser combustível para o trabalho.
Pode ensinar-lhe algo que o ajuda a melhorar, se tornar uma história que você transmite a um amigo. Tudo o que acontece conosco na vida pode ser usado em nosso trabalho.
Jerry Seinfeld: “Estou sempre trabalhando em alguma material. A cada segundo da minha existência, estou pensando: “O que posso fazer com isso?”
Zenão, amplamente considerado o fundador da escola de estoicismo, era comerciante antes de ser filósofo. Em uma viagem entre a Fenícia e Peiraeus, seu navio afundou junto com sua carga.
Logo depois, Zenão acabou em Atenas e, enquanto visitava uma livraria, foi apresentado à filosofia de Sócrates e, mais tarde, um filósofo ateniense chamado Crates.
Essas influências mudaram drasticamente o curso de sua vida, levando-o a desenvolver o pensamento e os princípios que agora conhecemos como estoicismo.
De acordo com o antigo biógrafo Diogenes Laertius, Zenão brincou:
“Com o resultado de um naufrágio, estou em uma boa jornada” ou, de acordo com outro relato, ele disse, “você fez bem, destino, me levando assim à filosofia.”
Os estoicos não estavam sendo hipotéticos quando diziam que deveríamos agir de forma reversa, e que mesmo os eventos mais infelizes podem ter desdobramentos positivos. Toda a filosofia é baseada nessa ideia!
“E se alguém me desprezar? Deixe-os fazerem disso. Mas cuidarei para que eu não seja encontrado fazendo ou dizendo algo desprezível. E se alguém me odeia? Deixe-os fazerem disso. Mas cuidarei para que eu seja gentil e bem-humorado com todos, e esteja preparado para mostrar até para quem odiava onde eles erraram. Não de uma maneira crítica, ou para mostrar minha paciência, mas de forma genuína e útil. ” – Marco Aurélio, Meditações, 11.13
“Se você quer melhorar, fique contente em ser considerado tolo e estúpido.” – Epicteto, Discursos
Quando alguém tem uma opinião forte sobre algo, geralmente ela se refere mais sobre ele do que qualquer outra pessoa. Isso é especialmente verdade quando se trata de ressentimento e ódio por outras pessoas. A triste ironia é que os preconceitos muitas vezes abriguem atrações secretas para aqueles que eles tanto odeiam publicamente.
Por essa razão, o estoico faz duas coisas ao encontrar o ódio ou a má opinião nos outros. Eles perguntam: essa opinião está dentro do meu controle? Se houver uma chance de influência ou mudança, eles a aceitam mas, se não houver, eles aceitam essas pessoas como são, e nunca odeiam o “hater”.
Nosso trabalho já é difícil o suficiente. Não temos tempo para pensar no que as outras pessoas estão pensando, mesmo que seja sobre nós. Foi Tim Ferriss, elaborando sobre a citação de Epicteto acima, que disse:
“Para fazer qualquer coisa remotamente interessante, você precisa treinar-se para ser eficaz em lidar com críticas. A responder e até mesmo desfrutar delas… Na verdade, eu aumentaria um ponto na citação e incentivar as pessoas a continuarem sendo consideradas tolas e estúpidas. ”
“Ame a arte humilde que aprendeu e descanse nela. Passe pelo resto de seus dias como alguém que confia de todo o coração todos os bens aos deuses. Não se tornando nem um tirano, nem escravo de qualquer pessoa.” –Marco Aurélio, Meditações, 4,31.
Pare em um clube de comédia em qualquer noite de fim de semana em Nova York ou Los Angeles e é provável que você encontre alguns dos comediantes maiores e mais bem-sucedidos comercialmente do mundo, realizando ofícios para apenas algumas pessoas. Embora eles façam uma fortuna no cinema ou na estrada, lá estão eles, praticando a forma mais básica de sua arte.
Se você perguntar a algum deles: Por que você ainda se apresenta neste lugares? A resposta é geralmente: “Porque sou bom e amo isso, por isso quero melhorar. Prospero ao me conectar com uma audiência.
Não é bom para eles subirem ao palco. É revigorante. Eles não precisam fazer isso. Eles são livres e escolhem isso.
Qualquer que seja a arte que você pratica: você tem certeza de separar um tempo para isso? Você ama o que faz o suficiente para separar este tempo? Você pode confiar que, se você se esforçar, o resto acontecera. Ame o seu ofício, seja um artesão.
“Suportar provações com uma mente calma rouba do infortúnio a sua força e carga.” – Seneca
“Assim como a natureza pega os obstáculos e impedimentos e trabalha ao seu redor, transforma-os em seus propósitos, incorpora-os a si mesma, também um ser racional pode transformar cada contratempo em matéria-prima e usá-lo para atingir seu objetivo.” –Marcus Aurélius
“Se você está sofrendo com alguma coisa externa, não é essa coisa que o incomoda, mas seu próprio julgamento sobre ela. E está ao seu alcance esse julgamento acabar com ela agora.” – Marcus Aurélius
“Pergunte: ‘Por que isso é tão insuportável? Por que não posso suportar isso? Você ficará envergonhado em responder.” – Marcus Aurélius
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