Guernica, a obra–prima do pintor espanhol Pablo Picasso, é considerada uma das mais influentes século XX. Mas qual o seu significado? O que o artista retratou nesse painel?
O painel foi produzido em 1937 e retrata o massacre da cidade de Guernica, realizado pela Alemanha nazista durante a Guerra Civil Espanhola.
O trabalho conta com 349 cm de altura por 776,5 cm de comprimento, pintado à óleo e está exposto no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Madri, Espanha).
A pintura foi encomendada pelo Governo da Segunda República Espanhola para ser exibida no pavilhão espanhol durante a Exposição Internacional de 1937 em Paris.
Imediatamente se tornou um argumento contra a guerra e um símbolo dos movimentos pela paz em todo o mundo.
Picasso fez os primeiros esboços em 1 de maio de 1937 e terminou em 4 de junho. Pouco mais de um mês para criar uma obra-prima.
Guernica tem um caráter político e uma mensagem implícita de resistência contra o autoritarismo e contra a ascensão de governos fascistas na Europa, além de tratar o poder destrutivo de uma guerra.
O artista usa de tons escuros, como preto e branco, além de um toque de bege e azul. O próprio Picasso expressou que queria que a pintura expressasse “escuridão e brutalidade” e a ausência de cor permite que a pintura dê esses atributos essenciais à obra. [1]
Há características notáveis do Cubismo, pelas formas geométricas utilizadas, que somada a tonalidade monocromática, cria-se uma atmosfera que denota os horrores da guerra e suas terríveis consequências.
Podemos notar o desespero pela retratação de gritos de horror. No chão, há corpos humanos feridos. Do lado esquerdo do quadro, uma mulher grita e chora a morte de seu bebê nos braços.
Além de pessoas, podemos ver construções e alguns animais (touro e cavalo), ambos símbolos da cultura espanhola.
Como Picasso declararia mais tarde, “artistas que vivem e trabalham com valores espirituais não podem e não devem permanecer indiferentes a um conflito no qual os valores mais elevados da humanidade e da civilização estão em perigo”. E, claro, antes desse massacre, ele decidiu não ficar à margem e pintar um quadro que expressasse o que sentiu quando a trágica notícia chegou a seus ouvidos, enquanto ele estava morando em Paris.
Depois de concluída, a pintura passou a decorar o pavilhão espanhol durante a Exposição Internacional de 1937 em Paris. Uma ‘vitrine’ perfeita para mostrar ao mundo as atrocidades e dificuldades que as guerras geram.
Localizada no norte da Espanha, a cidade estava em um dia normal naquela segunda-feira, 26 de abril de 1937. Até aquele momento, ela permanecera intocada pela Guerra Civil Espanhola, que havia se iniciado no ano anterior.
No fim da tarde do mesmo dia, começaram os bombardeios aéreos isolados. Por volta das 6h30, veio o ataque principal dos aviões alemães, em ondas sucessivas. Segundo um diário de guerra da época, as bombas provocaram o incêndio na cidade, que demorou diversos dias para ser apagado.
Durante o bombardeio, um mínimo de 31 toneladas de bombas foram lançadas sobre Guernica.
1 – Guernica foi uma pintura encomendada. Após o bombardeio de Guernica, Picasso foi informado do que havia acontecido em seu país de origem. Na época, ele estava trabalhando em um mural para a Exposição de Paris a ser realizada no verão de 1937, encomendado pelo governo republicano espanhol.
2 – O artista não apenas usou a falta de cor para expressar a dureza das consequências do bombardeio, mas também encomendou uma pintura especial com uma quantidade mínima de brilho. O acabamento fosco, além dos tons de cinza, branco e preto azulado, definem um tom franco, mas sem adornos, para a obra de arte.
3 – Duas das imagens de assinatura do artista, o Minotauro e o Arlequim, figura em Guernica. O Minotauro, que simboliza o poder irracional, domina o lado esquerdo da obra. O arlequim, um componente parcialmente oculto um pouco fora do centro à esquerda, chora uma lágrima em forma de diamante. O arlequim simboliza tradicionalmente a dualidade. Na iconografia da arte de Picasso, é um símbolo místico com poder sobre a vida e a morte. Talvez o artista tenha inserido o arlequim para contrabalançar as mortes que retratou no mural.
[1] Dora Maar. Relatório sobre a evolução de Guernica. Oficina de Picasso em Grands Agustins, Paris 1937
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